Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: História da língua
Rodrigo Vasconcelos Advogado Belo Horizonte, Brasil 378

A resposta que D'Silvas Filho deu a uma consulta de 21.12.2007 sobre as variantes úmido e húmido sugere que a variante brasileira (úmido) inovaria relativamente à portuguesa (húmido), embora não escandalizasse (muito), mesmo nos «hábitos europeus» dos portugueses, já que dispensaria um h que não se pronunciava.

É isto verdadeiro apenas em parte, já que, embora o período pseudoetimológico da ortografia nos legasse húmido, era originariamente umidus o étimo latino. Assim, o que era falso cultismo (húmido) se tornou, com o tempo, a forma popular, a qual os formuladores da ortografia oficial brasileira acabariam por preterir em favor do cultismo, este sim, etimologicamente correto, úmido.

Não quero com isto sugerir que o étimo latino correto deva ser o parâmetro por excelência para a definição da aceitabilidade de determinada grafia, até porque, para mim, o parâmetro por excelência é o uso culto efetivo, real, nos nossos dias, pelo que úmido é errado em Portugal, e certo no Brasil, e húmido é errado no Brasil e certo em Portugal.

A minha única intenção foi esclarecer que, diferentemente do que sugeriu D'Silvas Filho, não houve liberalidade brasileira, mas, pelo contrário, rigorismo.

José Saraiva Leão Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 181

Os plurais abdómenes, pólenes, gérmenes vieram-nos do espanhol?

Muito obrigado!

Vasco Trigo Jornalista Lisboa, Portugal 533

Em 2009 este assunto foi aqui tratado e a opinião foi que a expressão «ouvidos de marcador» não fazia sentido. Mas hoje encontrei a referência seguinte, que poderá fazer sentido:

«Não é “ouvidos de mercador” e sim “ouvidos de marcador”. Na origem do provérbio está a marcação de escravos com ferro quente, com o nome do seu dono, para que fossem facilmente identificados. “O marcador” nunca "ouvia" as súplicas e gritos daquelas pessoas» (@vilminha_reis, Twitter, 07/05/2022).

Qual é a vossa opinião?

Obrigado.

André Lopes Padeiro Riachos, Portugal 349

Deparo-me com a antiga expressão «em rama» utilizada no sector de transformação de produtos como «farinhas em rama (moagem de, por exemplo)», «algodão em rama», «açúcar...», entre outros. Significa algo em bruto, não processado, como por exemplo, a primeira farinha extraída logo após a primeira passagem na mó.

Muito comum nas antigas moagens, o termo caiu em desuso nas moagens modernas.

Seja como for, não encontro em lado nenhum uma explicação para a origem linguística da expressão «em rama». Apenas a ligação com a outra expressão, «pela rama», ou seja, superficialmente, mas desconfio que esta é que tenha derivado da outra.

Obrigado pela atenção.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 385

Por que se diz a expressão «boa esperança»? Dessa forma, como «Nossa Senhora da Boa Esperança», «fazenda Boa Esperança», etc.?

O uso do adjetivo se dá por ênfase, já que se espera que toda esperança seja boa, sendo estranho ter-se uma «má esperança»?

Muito obrigado, desde já.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 414

Por que o i e o j possuem pinguinhos?

Muitíssimo obrigado.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 519

Estive lendo estes dois artigos em O Globo e na agência de notícias Alma Preta.

Em ambos, foi levantada a questão de o sentido original de algumas palavras não ser mais respeitado. Daí, a dúvida: devemos levar isso a sério realmente, se a maior parte das palavras troca de sentido com o passar dos tempos?

É porque, em um artigo, dizem que foram deturpados os sentidos originais das palavras aniversário e obra-prima. Já no outro, dizem que foi deturpado o sentido original da palavra índio! Mas não é bem comum que palavras passem por mudanças um tanto quanto radicais e extremas, sejam para o bem, sejam para o mal? Vejam o caso da palavra desaforo, por exemplo, na página Origem da Palavra!

Pois muito bem, que palpites vocês próprios têm disso tudo aí de verdade?

Por favor, muitíssimo obrigado e um grande abraço!

P.S.: por falar em aniversário, percebi que vocês fizeram 25 anos de existência enquanto site. E eu também faço anos no dia 29 de janeiro. Bem legal poder fazer anos! Não é verdade isso?

Joana Branco Professora Lisboa, Portugal 523

Há a possibilidade de, na evolução de totu- para todo, aceitar a dissimilação como hipótese de processo fonológico? Ou apenas a sonorização é válida?

Obrigada.

Hugo Rodrigues Madeira Técnico Portugal 581

Há pouco tempo li alguns excertos do Regulamento para a policia e exploração dos caminhos de ferro... (Lisboa, 1868).

Aqui é utilizada a palavra trem e existe o chefe de trem. Mas no mesmo manual, que estava distribuído a todos os trabalhadores ferroviários, também aparece a palavra comboio, aparentemente com um significado ligeiramente diferente. Portanto houve um período em que se utilizou em Portugal a palavra trem.

Por exemplo, aparecem os dois termos nesta frase:

«Na testa do trem, e a seguir ao tender, irão tantos wagons que não transportem passageiros quantas as locomotivas que rebocarem o comboio […]; as carruagens e wagons que entrarem na composição de um trem de passageiros serão ligados de maneira que as almofadas de choque estejam em contacto.»

Como estudiosos da língua portuguesa saberiam indicar a diferença(s) que neste período era atribuída à definição de trem e comboio em Portugal?

Obrigado.

José de Vasconcelos Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 817

A forma lengalenga provém da forma antiga popular "lenga", que deu língua?

Muito obrigado!