DÚVIDAS

Arava
(um substantivo da obra de Aquilino Ribeiro)
Qual é o significado de “arava”? Aquilino Ribeiro diz-nos «que é uma fruta que anda aos pontapés» e localiza-a no Brasil. Portanto, fáceis de encontrar; e, contudo, ao consultar vários dicionários, são todos omissos. Que tipo de fruta é? Qual o seu nome científico? Os nomes populares? A etimologia? Qual a grafia correcta? Junto envio breve citação em que consta o verbete "arava": «A bruaca era a bolsa de coiro em que no Coxipó tínhamos o nosso tesouro. É onde o sertanejo mete tudo, os haveres, as bananas e até a arava madura, que é uma fruta que anda aos pontapés. Mas bruaca que é dela? O Leôncio procurou-a por toda a parte inutilmente. – Pergunta à Maturina...» Quando os Lobos Uivam, p. 179 Grato pela atenção dispensada.
O verbo experimentar seguido de infinitivo
(«experimentar fazer»)
Qual das seguintes frases está correta segundo o português europeu padrão? «Eu hei-de experimentar a comprar pão daquele.» «Eu hei-de experimentar comprar pão daquele.» Tratar-se-á do mesmo fenómeno que ocorre com a preposição a antes do infinitivo como em: «A continuar este trabalho, vou conseguir ganhar mais.» E já agora qual o nome para estes fenómenos? Trata-se do gerúndio com a mais verbo no infinitivo? Obrigado!
Sobre a concordância do verbo ser com o predicativo do sujeito
Peço que os consultores do Ciberdúvidas voltem a pronunciar-se sobre a concordância do verbo ser com nomes predicativos no plural, apesar de o sujeito ser singular. As respostas já existentes são poucas, e algumas delas geram dúvidas. É importante sublinhar este aspecto porque a concordância com o nome predicativo se afasta da regra geral e, por isso, suscita alguma renitência dos falantes (em rigor, dos escreventes, porque a expressão oral mais facilmente segue as intuições). Além disso, como o inglês e o francês, em estruturas semelhantes, fazem a concordância com o singular do sujeito, agrava-se a tendência para escrever da mesma maneira em português. Nalguns jornais portugueses, chega a acontecer que os autores dos texto utilizem correctamente o verbo no plural, a concordar com o nome predicativo, e os revisores mudem o verbo para o singular. Assim, é preciso sublinhar que as seguintes expressões são gramaticalmente correctas – e intuitivas – e que seriam incorrectas se o verbo surgisse no singular: - O que ela levou foram as romãs. - Se a política se tivesse mantido, esta turma seriam 25 alunos. - Muitas vezes, o problema das crianças são os maus exemplos dos pais. - A chave do Totoloto foram os seguintes números. - Uma vez não são vezes. - Nesse tempo, a população de Portugal eram dois milhões de pessoas. - O direito são as regras que os tribunais aplicam. - O alvo deles somos nós. É certo que, nalguns casos, o verbo ser é usado no singular apesar de o nome predicativo estar no plural, mas não é essa a regra. Obrigado!
A concordância verbal numa frase interrogativa
com inversão do sujeito
Apesar de toda a consulta no Ciberdúvidas de artigos similares, é-me complexo decidir qual a melhor opção. «Que ciência nos ensina os livros?» «Que ciência nos ensinam os livros?» Pensei que a primeira opção será a mais correcta, mas, algumas horas depois de escrever a frase, tive a clara sensação de que estava errada. Compreendo que a solução simples seria optar por «Os livros ensinam-nos que ciência?», mas esta frase claramente não cumpre os objectivos da primeira no contexto em que será usada (primeira frase de uma sinopse). Muito obrigado.
A pronúncia e o uso de vintage
A propósito do lançamento do último disco do grupo musical Ala dos Namorados, intitulado Vintage, tanto os seus participantes, nas entrevistas que concederam, por exemplo à Antena 1, como a própria promoção do CD nesta emissora de rádio, dizem sempre a palavra em inglês: /vinteidje/. Independentemente de duvidar que essa seja mesmo a pronúncia inglesa*, parece-me que, sendo a palavra de facto um anglicismo, ela já entrou, e há muito, na língua portuguesa – e devidamente dicionarizada com o significado genérico de «boa colheita» –, pelo que deve ser pronunciada como tal. Ou seja, /vĩntɐdʒe/. Estou certo? * Em inglês, não será, antes, com acentuação na primeira sílaba?
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