Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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André Zibaia da Conceição Portugal 1K

Deparei-me, na secção Pelourinho, com um comentário, com o título "Coisas do desconhecimento da língua…" que, apesar de ser perfeitamente pertinente e correcto, me causa alguma perplexidade.

Li, às tantas, o seguinte: «E, claro, a falta de rigor, também, na grafia dos nomes espanhóis Rodríguez Zapatero (e não “Rodrigues” Zapatero), José María Aznar (não 'Maria').»

Não posso concordar mais. Muitos jornalistas são, infelizmente, adeptos da técnica «meia bola e força».

Por curiosidade, fui averiguar, no site do jornal El País, a forma como os jornalistas espanhóis escrevem os nomes dos portugueses.

Confesso: fui ao site do El País pelo facto de este ser um jornal de referência em Espanha (ao contrário do que algumas pessoas poderão dizer do nosso Correio da Manhã).

Deparei-me com isto:

"José Socrates", na legenda;

"Anibal Cavaco Silva";

"José Manuel Durao Barroso", num título.

Repare-se: esta pesquisa foi feita em cinco ou dez minutos e só procurei estes nomes.

Ora, se o El País assassina os nomes dos portugueses, por que razão deveremos nós ficar quietos?

Agora num registo mais sério e intelectualmente honesto: é lamentável o que se faz com os nomes das pessoas; eu próprio me queixo disso (o meu nome do meio é reiteradamente objecto de verdadeiras chacinas linguísticas).

Só gostaria de ficar com a sensação (voltando ao registo jocoso) de que o Correio da Manhã escreve mal os nomes das pessoas (espanholas, neste caso) não por falta de rigor mas por verdadeira retaliação!

Enfim...

Muito obrigado pela V. atenção.

Victor Villon Brasil 5K

O estado indiano de Goa, que fora outrora a Índia Portuguesa, formada pelos territórios de Goa, Damão e Diu, possui, até os dias de hoje, uma população lusófona. Quantas pessoas ainda falam o português em Goa? Quantas o possuem como língua materna? Essa população lusófona é descendente de imigrantes portugueses, ou não? Na maioria são cristãos, ou hindus? Há atualmente algum tipo de incentivo para que esses nossos irmãos lingüísticos continuem a falar português? Quais são os principais expoentes da história da literatura goesa?

Desde já, agradeço infinitamente as informações sobre assunto que para mim é tão interessante.

Paulo Manuel Sendim Aires Pereira Brasil 1K

Tenho visto alguns comentários sobre o acordo ortográfico, desclassificando-o por haver dupla grafia em algumas palavras. Com isto querem dizer que não é um acordo, mas um desacordo institucionalizado. Nada mais errado.
É de longa tradição palavras com dupla grafia, pois elas têm de fato também dupla pronúncia, mesmo quando ditas pela mesma pessoa. Eis o exemplo de algumas:

louça — loiça
ouro — oiro
covarde — cobarde
bilingue — bilíngue

 

Qual é a pessoa que não pronunciou ou escreveu estas palavras das duas maneiras?

Acreditem que são muitas as palavras de dupla grafia em Portugal. Claro que os estudiosos do assunto tentam evitar, mas por vezes não é possível: para isso estão razões etimológicas, históricas, de generalidade ou arbitrariedade com que até a mesma pessoa usa na forma falada.

Nada mais natural que mais algumas venham a acontecer ao fazer um acordo ortográfico.

Por outro lado, o lado português mostra bastante ignorância em relação ao que se passa no Brasil.

No Brasil já está em prática o princípio da dupla grafia para algumas palavras previstas no acordo. Agora é só aumentar umas mais. Por exemplo no Brasil são admissíveis as seguintes grafias:

contatar — contactar
seção — secção
etc.

 

Ou seja, eles não vão estranhar por se admitir mais esta, por exemplo: fato — facto.

Desta forma, não pensem os portugueses que para alguns brasileiros não vai ser uma libertação poderem escrever "género" em vez de "gênero", pois é de fato assim que eles pronunciam. Alguma vez um curitibano puro diz "gênero"? E como eles muitos outros...

Este acordo é muito mais maravilhoso do que muita gente pensa!

Os portugueses ainda não descobriram que este acordo ortográfico é também uma reconciliação interna brasileira... Que miopismo, meu Deus!

Paula de Oliveira Cartaxo, Portugal 1K

A propósito de zimbabuense/zimbabuano, dizem-me que há um léxico adoptado pela União Europeia que estabelece a nomenclatura aprovada pela UE sobre nomes de países, nacionalidades, moedas para todas as línguas da UE incluindo Portugal — é possível aceder a este site? Como?

Grata pela ajuda.

C. Doamaral-Gourgel Portugal 2K

Para quem gosta de seguir com atenção toda a movimentação à volta do desporto, nomeadamente do futebol, é arrasador ter de escutar, aqui e ali, verdadeiras pedradas que surgem a cada passo, umas vezes por «excesso de velocidade», outras por, creio, absoluta ignorância. Claro que ninguém sabe tudo. Mas há pormenores tão... dramátricos que me obrigam a reagir.

Por exemplo: ouvir um senhor treinador com um currículo impressionante, com uma facilidade de abordar os mais diversos temas em redor da modalidade, licenciado, campeão no país e no estrangeiro - e que por sinal muito respeito e admiro pelo seu trabalho  - dizer da polivalência de determinado jogador: «Eu fize-o alinhar...». Bolas, ainda se tivesse sido um determinado presidente a deixar cair essa bronca!...

Outra coisa que me arrepia é o uso do termo intempestivo. Será que que é sempre usado com o seu significado real? Não me parece. Mas vou continuar atento, não vá, atempadamente, entrar pelo tempo uma tempestade.

Aurélio Soares Portugal 2K

Sou de Braga e devo dizer que a expressão «Ver Braga por um canudo» deriva da existência de um telescópio no monte do Bom Jesus há dezenas de anos através do qual as pessoas podem ver a cidade à distância. O "slogan" era «Veja Braga por um canudo». Quanto à expressão «És de Braga» dita a alguém que deixa a porta aberta deve-se ao facto de O Arco da Porta Nova, em Braga, nunca ter tido porta desde o momento da sua construção, substituindo uma entrada antiga e com porta, apesar de ser intenção dos seus construtores de lá colocarem porta. Assim, como o país não mais esteve em guerra, nunca houve necessidade de proteger a cidade com portões e a cidade ficou sempre com a porta aberta.

José Azevedo e Menezes Portugal 1K

A propósito da resposta de 16/07/2007, sobre rugby, faço o seguinte comentário:

O disparate de a maioria pronunciar "reiguebi", quando a grafia portuguesa é râguebi, de acordo com o inglês rugby, vem certamente da ignorância da língua inglesa: Como o "a" em inglês se lê muitas vezes "ei" (mas não neste caso), aí está, para armar ao pingarelho, a carneirada "bem falante" e asneirenta põe-se a dizer "reiguebi".

Há outro caso, que vai certamente fazer carreira, pois tem os mesmos sintomas. Trata-se do tackle, palavra inglesa, que aplicada ao futebol quer dizer um tipo de falta e que os nossos comentadores desportivos têm traduzido por carrinho.

Pois bem, um destes comentadores, ex-árbitro, lembrou-se de pronunciar "teicle", quando os ingleses dizem "técle". Apesar de toda a gente hoje falar inglês, não houve ninguém que lhe chamasse a atenção. Já escrevi para essa emissora, sem resultado.

Enfim, mais um disparate que vai pegar...

Raimundo Queiroz Portugal 1K

Relativamente à resposta dada sobre a palavra trivela, penso poder dar um contributo que sem rigor científico é o seguinte:

Lembro-me de, quando era miúdo, ser o termo trivela usado na minha terra, e penso que, pelo menos em todo o Grande Porto, para designar de forma jocosa a fivela do sapato, usado num tipo de calçado mais fino que todos hoje conhecemos, mas que há 30 ou 40 anos atrás era sinal de algum bem-estar e desencadeava nos mais "tesos" ímpetos de inveja. Penso que podemos chamar-lhe uma corruptela da palavra fivela, todavia era utilizada, para gozo com quem a usava, pretendia dar ênfase à vaidade de quem ausava nos sapatos, tipo "fivela catita". Poderia ser usada em expressões como: «Tens uma trivela qu´até cega as vistas!»

Concluindo, essas fivelas normalmente estariam colocadas no sapato sobre o lado de fora do peito do pé, local a que corresponde o ponto de bater a bola com o efeito conhecido por trivela e a que tão bem, mais recentemente, o Quaresma nos tem habituado.

Enganar-me-ei?

António Alves Händel de Oliveira Portugal 1K

Qual é a posição de Timor na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa?

Sérgio Sousa Portugal 1K

O meu comentário vai para o título de primeira página do Destak [jornal português gratuito] de 26 de Julho de 2007, que, mesmo não fazendo minimamente parte da minha selecção de imprensa diária, ainda assim, e dada a profusão de leitores deste tipo de imprensa nos nossos transportes públicos, é inevitável olhar, mesmo se distraidamente, para as chamadas gordas... Ora, e o título dizia assim: «Acusações no Apito Dourado quadriplicam com Morgado.» É que, tratando-se de primeira página, a hipótese de lapso ou equívoco está decididamente afastada, restando somente a ignorância. O verbo escreve-se quadruplicar, correspondendo ao substantivo quádruplo do latim quadruplu.

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