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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Os falantes procuram muitas vezes a palavra que expressa uma determinada ideia. É esse o fundamento de uma das questões colocadas no Consultório que procura a expressão que signifique "a um só tempo". Noutras situações são os sentidos que são sondados, como acontece em «Qual a diferença entre trabalho cooperativo e trabalho colaborativo?» Os usos estão também, agora e sempre, na base de inúmeras dúvidas com que os falantes se deparam na sua experiência de língua: «Diz-se «O tempo é de cerca de 30 minutos» ou «O tempo é cerca de 30 minutos»?», «Cancro de mama ou da mama?», «Posso dizer "nem nenhum"?» e «Quais os modos verbais a usar numa oração subordinada exclamativa introduzida por "Que bom"?». Ainda uma nova nota na resposta relativa ao símbolo do litro (ml ou mL?)

2. Os pais podem assumir um papel fundamental na orientação do estudo dos filhos. Centrando-se na especificidade da disciplina de Português, a professora e formadora Lúcia Vaz Pedro inicia a sua colaboração regular no Ciberdúvidas com um conjunto de conselhos envolvendo diferentes áreas do português. Uma forma de orientar o trabalho dos alunos, disponível na secção Ensino

Cf. Volta ao mundo a bordo da palavra pai

3. A força da narração de histórias é-nos trazida pela professora Sandra Tavares Duarte, que, na sua crónica, nos explica a importância das narrativas na comunicação e, em particular, no mundo dos negócios (na área da publicidade, por exemplo). Uma ferramenta que desperta o lado emocional dos seres humanos e que, por essa mesma razão, é muito eficaz (disponível na rubrica O Nosso Idioma).

4.  Na Montra de Livrosapresenta-se a obra O Piropo Nacional, da Editora Guerra e Paz. Uma obra onde se reúnem piropos de diferentes naturezas e origens: do mais galante ao mais brejeiro. 

5. Registo para algumas curiosidades de âmbito linguístico:

— No mundo, encontramos línguas plenas de vitalidade, faladas por milhões de pessoas. De acordo com o sítio Ethnologue, a língua portuguesa é a sétima língua mais falada do mundo (com cerca de 220 milhões de falantes), numa lista em que o chinês, com os seus dialetos, ocupa o primeiro lugar, seguido do espanhol, do inglês,  do hindi (língua oficial da Índia), do árabe e do bengali (língua oficial do Bangladesh) (mais informações aqui). 

— Noutro plano, muitas línguas vivem uma fase de declínio, estando à beira da extinção. É o caso do ladino, língua também conhecida como judeu-espanhol, que está em risco de desaparecimento, apenas com cerca de 100 mil falantes, muitos dos quais já idosos. Esta era a língua falada no passado pelas comunidades judaicas em Portugal e em Espanha. Segundo a linguista Susanna Zaraysky, «a língua tem duas variantes principais, a Haketia, originária do Norte de África – uma mistura do espanhol do século XV com árabe, hebreu e francês – e os dialetos de judeu-espanhol que se desenvolveram nos Balcãs e na Turquia – uma mistura do espanhol do século XV com influências de turco, grego, hebreu, árabe, francês e línguas eslavas» (notícia desenvolvida aqui);

— No interior da própria língua, assistimos à criação e ao desaparecimento de palavras. Uma nota para a palavra parassuicídio, um termo inusitado que refere atitudes suicidas que não implicam risco de morte ou comportamentos de risco que revelam que o indivíduo não se preocupa com a possibilidade de poder desencadear a sua morte (Dicionário Infopédia em linha). Esta é uma palavra formada pela junção do prefixo para-, que significa «além de»  ao nome suicídio. A junção do prefixo a uma base iniciada por -s- determinou a grafia com dois -ss-, de acordo com a regra já presente no Acordo Ortográfico de 1945

 6Divulgamos aqui os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa. O Língua de Todos* (emitido pela RDP África) contará com José Carlos Adão, adjunto da coordenação do Instituto Camões em Nova Iorque, para falar do projeto-piloto que elevou o português (em novembro de 2018) a uma das dez línguas ensinadas na Escola Internacional das Nações Unidas, um estabelecimento de ensino privado fundado em 1947, em Nova Iorque, onde estuda a generalidade dos filhos dos funcionários da ONU. No Páginas de Português** (na Antena 2), passará uma entrevista com Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto sobre o conhecimento gramatical de futuros docentes: implicações para a formação de professores.

 Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 1 de março, 13h15, com repetição no sábado, dia 2 de março, depois do noticiário das 9h00 + **Páginas de PortuguêsAntena 2, 3 de março, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 8 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. Na noite de 25 de fevereiro teve lugar a sempre muito esperada atribuição dos Óscares no mundo da sétima arte, que cumpriu a sua 91.ª edição. A este propósito, duas notas relacionadas com a língua portuguesa:

— A palavra Óscar, com a sua forma plural Óscares, já entrou há muito no léxico português, como tradução da palavra inglesa oscar/oscars, mas a hesitação no momento de grafar a palavra continua a verificar-se, como se observa em diferentes títulos do Jornal de Notícias: "Passadeira, ensaios, estatuetas... Imagens dos preparativos para os Oscars", "Bradley Cooper e Lady Gaga nomeados para os Oscars" ou "Hollywood prepara-se para os Oscars entre polémicas, canábis e merchandising". Recordemos ainda que a palavra Óscar tem várias palavras derivadas como oscarizar, oscarizado ou oscarizável (como se recordou na Abertura de 24/02/2017);

     (Já em 2000, João Carreira Bom, um dos fundadores do Ciberdúvidas, alertava para a existência do termo óscares, como forma de evitar o angliscimo. Mais recentemente, o professor Carlos Rocha esclarecia outra dúvida recorrente: «Nomeado para 10 óscares». Vide, ainda, a resposta sobre o onomástico Óscar e respetiva origem.) .  

— Os títulos dos filmes oriundos sobretudo de Hollywood continuam a evidenciar um gradual domínio do inglês face às traduções em português, como uma breve incursão por dois dos títulos ao Óscar de melhor filme comprova: Black Panther e Bohemian Rhapsody. Uma opção que tem vindo também a conquistar terreno é a que resulta da combinação do título original em inglês com uma proposta de título em português, como acontece em Green Book – Um Guia Para a Vida ou Blackkklansman: O Infiltrado.

   (Maria Eugénia Alves também já dava conta de alguns destes aspetos no seu apontamento "Hollywood em Lisboa")

2. No Consultório, regressam as questões relacionadas com a correção linguística. A ortoépia (área da gramática que estuda a pronúncia das palavras) continua a ser um assunto que preocupa quem pretende falar em bom português. Desta feita, a dúvida recai sobre a pronúncia correta de gaivotinha. É ainda a correção dos usos que está subjacente à dúvida em «Diz-se 8.ª da geral?» e em «Com que tempos do conjuntivo se usa a conjunção quando?». Ainda uma questão de sintaxe relacionada com a função sintática do constituinte «da juventude» na expressão «momento libertário da juventude». 

 

3. No que se refere às notícias relacionadas com a língua portuguesa, destaque para:

— Os 530 anos da 1.ª edição da obra O Sacramental, considerada a primeira obra impressa em Portugal, no ano de 1488. Embora o seu autor seja um clérigo leonês, de nome Clemente Sánchez de Vercial (c. 1370-1426), terá sido na cidade de Chaves que terá tido lugar a sua primeira impressão. Trata-se de uma obra com muita expansão na Península Ibérica, que aborda assuntos como a alimentação, as relações familiares, o trabalho, entre outros aspetos característicos da sociedade medieval (notícia aqui);

— A comemoração do Dia Internacional da Língua Materna, no dia 21 de fevereiro, uma iniciativa criada pela UNESCO em 1999, que visa proteger todas as línguas faladas no mundo. A propósito deste evento, realçamos a preocupação da UNESCO que alerta para o risco de desaparecimento de quase metade das 7 mil línguas faladas. Noutro plano, assinalamos também a importância da língua portuguesa, atualmente falada por cerca de 250 milhões de pessoas;

— O lançamento da plataforma Corpus de Português Académico, que disponibiliza materiais de investigação relacionados com a comunicação formal em língua portuguesa feita em contexto académico, nas variedades de português língua materna e português língua não materna (disponível em acesso livre aqui). Este projeto foi desenvolvido no âmbito da investigação da linha temática Discurso de Práticas Discursivas Académicas, do CELGA-ILTEC, e visa o mapeamento dos usos disciplinares do português.

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1.  Qual é o nome da capital do Camboja? A cidade é conhecida pela sua denominação internacional, Phnom Penh, embora exista o aportuguesamento Penome Pene, que consta do Vocabulário Toponímico do Vocabulário Ortográfico Comum (Instituto Internacional da Língua Portuguesa). Outra forma também se emprega, Pnom Pene, proposta pelo Código de Redação para o uso do português na União Europeia. E como se chamam os naturais ou os habitantes de Penome Pene? Além disso, continuando na Indochina, como designar quem mora ou nasceu em Hanói, capital do Vietname (Vietnã)? De repente, dá-se um salto até Portugal, onde igualmente surgem dúvidas com os gentílicos de localidades tão discretas como Foz do Arelho e Arelho. O Consultório responde a todas estas questões, que envolvem a toponímia e a formação de gentílicos, mas não fica por aqui e dedica ainda atenção a duas perguntas de sintaxe: diz-se «aborrecia-se por não fazer nada», ou «aborrecia-se de não fazer nada»? O que será mais correto: «analisando-se o documento, verifica-se...», ou «analisando o documento, verifica-se...»? Uma última dúvida: com que sinal de pontuação há de terminar uma frase introduzida pela locução «com que então»?

Na imagem, carta de António Sanches,1641, in Alfredo Pinheiro Marques, A Cartografia Portuguesa do Japão (Séculos XVI-XVII), Lisboa, Fundação Oriente, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Imprensa Nacional-Casa da Moeda,1996, p.223 (foto disponível em Bartolomé Leonardo de Argensola, A conquista das ilhas Molucas, em 22/02/2019). No centro da foto, a representação da Indochina, entre a China, a norte, e o arquipélago indonésio, a sul.

2. Uma referência a um apontamento no sítio do Clube do Jornalistas Futebol, em que o autor, João Alferes Gonçalves, chama a atenção para um recurso espanhol que pode bem ser um modelo de aconselhamento linguístico à atividade mediática. Trata-se do blogue Periodismo Deportivo de Calidad, que dá recomendações sobre aspetos da estilística do espanhol para melhorar a qualidade dos textos relacionados com a atualidade desportiva. Alguns exemplos: a expressão inglesa final four, que, melhor que «final a quatro», se dirá «fase final» ou «semifinal» (para o português, ler o comentário feito na Abertura de 21/01/2019); o cuidado a ter com a propriedade do uso de derechazo (= «direitada»), que, obviamente, não se aplica a quem for canhoto; o vocábulo machada (de macho, o mesmo que macho em português), a evitar, pelas suas conotações machistas, sobretudo quando hoje a modalidade é também praticada por mulheres. Sobre o vocabulário do futebol, leia-se, entre outros textos disponíveis em arquivo, o que já se escreveu no Ciberdúvidas: «Incidências do futebolês»O «dialecto luso» em futebolês; Viva o «futebolês»!; O futebolês entre a Eurocopa e a Copa América; "Internetês" e "futebolês" A origem e o significado do anglicismo derby (dérbi em português)" ; Futebolês... arasador«Amarrar a bola» ("futebolês"); "FUTEBOLÊS";  "O "futebolês, outra vez".

3. Mencionando alguns textos que promovem o conhecimento do português e da sua relação com outras línguas:

– Ainda a propósito do anúncio de um novo livro de Marco Neves, conhecido divulgador de temas linguísticos – falamos de Palavras que o Português Deu ao Mundo – Viagens por Sete Mares e 80 Línguas –, leia-se o texto de pré-publicação que este autor disponibilizou em 21/02/2019, no seu blogue Certas Palavras.

– A crónica que o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi publicou em 19/02/2019, no seu blogue Diário de um Linguista, à volta das quilométricas palavras do alemão, quando confrontadas com as portuguesas.

4. Quanto aos temas principais dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, recordamos que, na presente semana, no Língua de Todos* (emitido pela RDP África) o destaque vai para uma entrevista com Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto, sobre o papel do conhecimento da gramática na formação de professores do 1.º e 2.º ciclos. No Páginas de Português** (na Antena 2), fala José Eduardo Franco, coordenador da obra Os Leitores Perguntam, O Padre António Vieira Responde, para dar a conhecer o essencial do pensamento universalista do «Imperador da Língua Portuguesa».

Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 22 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 23 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00.

** Páginas de PortuguêsAntena 2, 24 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 2 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui. 

5. Um registo final, de pesar, pelo falecimento do historiador goês Teotónio R. de Souza (1947-2019). Residente em Lisboa desde 1995, onde era professor catedrático na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, o Ciberdúvidas teve o privilégio de contar com a sua qualificada colaboração***.

*** Da colaboração de Teotónio R. Sousa (1947-2019) no Ciberdúvidas destacamos estes 16 artigos da sua área de especialização: Acompanhando a lusofonia em GoaNos 200 anos do nascimento do orientalista português Cunha Rivara«O que interessa é a Língua Portuguesa e não a Língua à portuguesa»Gilberto Freyre na Índia e o “luso-tropicalismo transnacional”O caso de GoaOs Descobrimentos e eu ... (8)Os Descobrimentos e eu ... (7)Os Descobrimentos e eu ... (6)Os Descobrimentos e eu ... (5)Os Descobrimentos e eu ... (4)Os Descobrimentos e eu... (3)Os Descobrimentos e eu... (2)Os Descobrimentos e eu… (1)Portugal e Vasco da Gama nas redes dos nautas e cibernautasA literatura indo-portuguesaOs portugueses no folclore goês.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A impropriedade do uso da palavra ditadura na expressão «a ditadura da pobreza», usada no subtítulo de uma notícia da rádio TSF, dá o mote ao apontamento de Ana Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa. Denuncia-se, deste modo, um uso que conduz ao esvaziamento de uma palavra que urge ser preservada para que possamos sempre reconhecer inequivocamente a realidade hedionda que evoca (disponível em O Nosso Idioma).

Na primeira ilustração, pintura de Elza Carvalho (Não ver, não ouvir. 2011

2. Ainda na rubrica O Nosso Idioma, o uso de palavras como engajar ou engajamento é pretexto para uma crónica de Carla Marques, consultora do Ciberdúvidas, num texto onde reflete sobre a falta de afetividade que caracteriza a relação dos falantes com as palavras de sonoridades feias.

3. Na presente atualização do Consultório, encontramos dúvidas que convocam áreas muito diversificadas: a ortoépia (a pronúncia da palavra hemóstase), a lexicografia (licitude do termo monotético), a classe de palavras (restrito é exclusivamente adjetivo?), a sintaxe («Diz-se «faz-me sentido»?», «Quando se usa «por o arco-íris» e «pelo arco-íris»?» e «Como se combina o constituinte «altas horas» com as preposições a ou até?») e o texto (coesão referencial e lexical). 

 4. Os estrangeirismos têm incomodado desde sempre os defensores mais puristas da língua, que procuram soluções para que se fale bom português. Porém, até os escritores mais reputados não conseguiram resistir aos estrangeirismos, como nos conta Carlos Maria Bobone, num texto que faz uma viagem por vários gramáticos, publicações e propostas que, ao longo dos tempos, procuraram corrigir erros e resolver os problemas colocados pelos usos de empréstimos lexicais (artigo transcrito do jornal digital Observador, com a devida vénia).

5. Destaque para duas novidades editoriais na área da linguística: 

Marcos Neves, tradutor e docente universitário, lança no início de março uma nova obra, Palavras que o português deu ao mundo (Edições Guerra e Paz). Uma obra que parte em busca das palavras que a língua portuguesa emprestou ao mundo: da Inglaterra às Maldivas, passando pela Roménia e pelo Japão, entre outros (pré-lançamento disponível no blogue do autor);

— O lançamento, em março, da Nova Gramática do Latim, da autoria de Frederico Lourenço, professor universitário, autor e tradutor da bíblia para português. Uma obra com a chancela da Quetzal que invoca o ensino do latim e o interesse pela língua como motivos para a sua publicação (notícia aqui).

6. Dois apontamentos relacionados com a promoção da língua:

— Uma nota para o início da 20.ª edição do Correntes de Escrita, encontro dedicado à literatura e à escrita que teve início na Póvoa de Varzim e que se prolonga até dia 23 do mesmo mês. Um encontro maior e um marco na defesa da língua portuguesa e da sua literatura que conta com a presença de inúmeros autores. Neste encontro, foi já anunciado que distinguiu, entre doze finalistas, o escritor Luís Quintais, com o livro A noite imóvel(notícia aqui);

— O projeto que envolve os Institutos Camões e Cervantes com o objetivo de mostrar e promover o poder das línguas ibéricas. A propósito desta parceria, Luís Faro Ramos, presidente do Instituto Camões, defendeu que o objetivo é mostrar que “o português e o espanhol que, por si só, já valem muito – o português com mais de 260 milhões de falantes, o espanhol com mais de 300 milhões – se se juntarem e procurarem sinergias valerão ainda mais”. (notícia aqui)

7. Temas  dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, na presente semana:

– No Língua de Todos* (emitido pela RDP África) passará uma entrevista com Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto sobre a formação de professores do 1.º e 2,º ciclos, no domínio do português.

– E no Páginas de Português** (na Antena 2) José Eduardo Franco, coordenador da obra Os Leitores Perguntam, O Padre António Vieira Responde, dá-nos a conhecer o essencial do pensamento universalista do «Imperador da Língua Portuguesa».

Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 22 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 23 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00 + Páginas de PortuguêsAntena 2, 24 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 1 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

8. Renato Borges de Sousa (1935 – 2019) foi um denodado amigo da língua portuguesa, a cuja promoção pelo mundo fora dedicou toda a sua vida. Com profundo pesar, deixamos o registo do seu recente falecimento, em Lisboa, com o essencial do que lhe ficamos gratos para sempre. Com particular realce para as 20 edições da  Expolíngua Portugal  – Salão Português de Línguas e Culturas.

 

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1. Das Américas de língua espanhola chegam frequentemente dúvidas sobre a língua portuguesa. Desta vez, um consulente mexicano pergunta como se diz «um conjunto de três». A resposta faz parte da presente atualização do consultório, onde também se comenta o emprego de artigo definido com os geónimos Taiwan e Formosa. Como se anda em terras do Oriente, não é descabido evocar o grande Camões na análise estilística de uma sequência de versos da sua obra de exaltação imperial: «Ó gente ousada, mais que quantas/ No mundo cometeram grandes cousas» (Os Lusíadas, capítulo V, estrofe 41). A propósito de apuro literário, igualmente se justifica falar da palavra perfecionista e da sua associação com muito e pouco; e, talvez em referência à sedução das palavras, ocorre dizer que ficamos fascinados – «por elas» ou «com elas»? Por último, viaja-se até ao reino da sintaxe: que função terá «do fidalgo» na frase «o rei fez-se acompanhar do fidalgo»?

2. A propósito de Camões, refira-se a polémica que envolve outro poeta português, o profeta do super-Camões, ou seja, Fernando Pessoa. Na sequência da escolha deste autor como patrono de um programa de intercâmbio académico no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), levantaram-se vozes críticas para lembrar os textos em que Pessoa se revela como «um escravocrata racista» (expressão da jornalista Luzia Moniz num artigo publicado no Jornal de Angola, em 10/02/2019). Teresa Rita Lopes, escritora, professora universitária jubilada e uma das maiores especialistas na obra pessoana, refuta energicamente tal acusação num artigo intitulado "Fernando Pessoa desentendido e caluniado. 'Branqueá-lo?' Não! Entendê-lo!", que o jornal Diário de Notícias publicou em 17/02/2019.*

* Ainda sobre esta querela, publicados igualmente no Diário de  Notícias, leiam-se ainda os  textos "Fernando Pessoa. 'É desonesto dizer que ele era racista e esclavagista'", "Racista e esclavagista? Especialistas contestam acusações a Pessoa" , "Depois é o Pessoa que bebe..."  e  Mais uma polémica alimentada pela ignorância

Cf.: Fernando Pessoa: 10 das melhores frases do génio

3. Em Portugal, com a campanha partidária para as eleições europeias em marcha – em 16/02/2018 foram anunciados os candidatos do PS e do BE, além da conferência realizada pelo PSD –, os oradores fazem múltiplas referências a perder e ganhar no dia 26 de maio p. f.  Nota-se que quase todos vão preferindo – para não dizer tropeçando nela – a forma popular "perca", em alternativa à mais formal perda, que é tradicionalmente o nome comum correspondente ao verbo perder. Sobre o uso de "perca", de discutível correção, leiam-se, do arquivo do Ciberdúvidas, os textos  "Ora bogas com a perca", "É uma 'perca' de tempo" e "A etimologia da palavra perda"

4. Registo, ainda, da mudança oficial de nome de um país europeu, situado na península dos Balcãs. Falamos da antiga república jugoslava da Macedónia, que, tendo chegado finalmente a acordo com a Grécia, passou a chamar-se República da Macedónia do Norte. Sobre este caso, leia-se o interessante apontamento que o professor e tradutor Marco Neves escreveu no seu blogue Certas Palavras. Observe-se que os cidadãos deste país continuarão a ser conhecidos como «os Macedónios», cuja língua principal mantém o nome por que sempre foi conhecida em português: macedónio.

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1. A construção dos sentidos das palavras está em constante frenesim. De tal forma que os falantes hesitam: «amargura do café» ou «amargo do café»? E ainda «avião desviado» ou «avião divergido»? A propósito, qual a diferença entre estore e persiana? Também acontece não se saber como verbalizar a realidade: palote ou paloxe são palavras? A passagem das palavras isoladas às suas possibilidades de combinação também gera dúvidas: «nomeado para» ou «nomeado a»? A transferência da modalidade oral para a escrita traz uma indecisão quanto à classificação de uma oração que corresponde ao relato do discurso direto. Por fim, as palavras claro e claramente colocam dificuldades no que respeita à sua integração numa dada subclasse de advérbios. São estas as questões que se encontram na  presente  atualização do Consultório do Ciberdúvidas,.

2. Na rubrica O Nosso Idioma, encontramos a história da evolução de algumas palavras, trazida pelo jornalista Aurélio Moreira, numa crónica que transcrevemos, com a devida vénia, do suplemento P3 do jornal Público. Nela, o cronista conta-nos que atazanar tem origem no verbo atenazarcatrafada é uma corruptela de catrefada. Acrescentamos, porém, que, contrariamente ao que defende o autor, é muito discutível que dezasseisdezassete dezanove resultem da alteração fonética de dezesseisdezessete e dezenove, supostamente mais antigas. 

3. Também Marcos Neves, professor universitário e tradutor português, nos leva numa viagem pela história das palavras coração, amor desejo, numa crónica publicada originalmente no seu blogue Certas Palavras e que transcrevemos na secção O Nosso Idioma. Desde o latim a proveniências mais obscuras que nem sempre é possível deslindar, assim é feita a viagem de muitas palavras que usamos no nosso quotidiano. 

4. A exploração do sentido das palavras e a poesia que daí nasce leva-nos à nova publicação de José Carlos Fonseca, presidente da República de Cabo Verde e poeta. Um livro intitulado A sedutora tinta das minhas noutes, que reúne poemas selecionados pelo também poeta Arménio Vieira, vencedor do Prémio Camões 2009.

5. As palavras que transmitem saber e pensamentos motivam mais um encontro no "Camões dá que falar", que convida António Sampaio da Nóvoa, professor universitário português, para falar sobre os 500 anos da viagem de Magalhães e os 50 anos da ida à Lua. No Auditório Camões, em Lisboa, no dia 18 de fevereiro pelas 18H00.

6. No âmbito dos programas de rádio, recordamos que A Língua de Todos* (emitido pela RDP África) passará uma entrevista com a professora Cristina Vieira da Silva, da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, do Porto, que abordará a questão da formação de professores de português do 1.º e 2.º ciclos do Básico e a necessidade de os dotar de profundos conhecimentos de gramática. Por sua vez, o programa Páginas de Português* (na Antena 2) estará à conversa com Mariana Oliveira Pinto, professora na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, abordando o tema da relação entre a compreensão do funcionamento da língua e o desenvolvimento de competências de escrita.

* A Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 15 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 16 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00 + Páginas de PortuguêsAntena 2, 17 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 22 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

7. Um registo final, de pesar, pelo falecimento do jornalista português José Queirós (1952-2019). Com um largo percurso profissional, foi um dos fundadores do jornal Público e seu primeiro Provedor do Leitor – função exercida com uma especial preocupação para com o mau uso da língua na imprensa.  Recordem-se, a propósito, as crónicas Erros ortográficos, pontapés na gramática, excesso de estrangeirismos...; Os erros de escrita não são inevitáveis; O recurso desnecessário aos estrangeirismos e o tremendismo verbo «arrasar»; e Estrangeirismos, neologismos, tecnicismos e vulgarismos na linguagem do jornal.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. De «ser senhor/senhora do seu nariz» a «meter o nariz em tudo» vai a distância da assertividade à intromissão. Denotando esse elemento essencial de qualquer silhueta, a palavra nariz perfila-se também nas muitas expressões idiomáticas a que dá pitoresco. Em O nosso idioma, a linguista Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, textualizando criativamente os seus usos, faz o inventário de tais expressões.

2.  No consultório, três perguntas centram-se em problemas de sintaxe, sempre muito presentes entre a população escolar, como sejam a identificação de orações que são complementos de nomes, adjetivos e verbos, a análise de frases em que ocorram locuções conjuncionais descontínuas e a descrição de regências verbais. Comenta-se também a pontuação a empregar com um marcador discursivo. E porque na língua se inscreve a história social, sonda-se a origem e a etimologia de um topónimo do norte de Portugal.

3. Que terá que ver o conceito associado ao termo lusofonia com a palavra portugalidade, tão mitificada no Portugal do Estado Novo e das últimas décadas do seu império colonial? Nos dias de hoje, numa perspetiva intercultural, pós-colonial, deseja-se que nada, como se assinala na Montra de Livros, na recensão que José Manuel Matias faz de Da Portugalidade à Lusofonia, de Vítor Sousa, uma obra que lança pistas de reflexão e aponta caminhos para a convivência entre os países em que o português tem estatuto oficial.

4. Entre atividades que levam a aprofundar, promovendo, o conhecimento da língua quer no presente, quer na diversidade do seu património, salientem-se:

– No âmbito da formação ao longo da vida, a sessão que a Universidade Sénior de Almada organizou na suas instalações em 11/02/2019, tendo por convidado o professor universitário e tradutor Marco Neves, que falou do seu mais recente livro, Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português (ver Montra de livros e Notícias).

– Em Espanha, o destaque dado pelo programa Una Casa Portuguesa, do canal Radio 5 da RTVE, ao projeto académico Frontespo, que estuda questões da vida tradicional, etnográfica e linguística da fronteira luso-espanhola – a chamada Raia. Saliente-se que o Casa Portuguesa consiste num breve apontamento sobre a cultura de Portugal, geralmente pondo os ouvintes espanhóis em contacto com muito do que se canta em português.

5. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, refira-se que o A Língua de Todos* (emitido pela RDP África) se centra numa entrevista com a professora Cristina Vieira da Silva, da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, do Porto, sobre a formação de professores de português do 1.º e 2.º ciclos do Básico e a necessidade de os dotar de profundos conhecimentos de gramática. No Páginas de Português* (na Antena 2), propõe-se uma conversa com a professora Mariana Oliveira Pinto da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal sobre a relação entre a compreensão do funcionamento da língua e o desenvolvimento de competências de escrita.

* A Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 15 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 16 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00. Páginas de PortuguêsAntena 2, 17 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 23 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

6. Um registo final para o Dia Mundial da Rádio**, comemorado em 13 de fevereiro, data que foi escolhida porque, em 1946, a Rádio das Nações Unidas (United Nations Radio) emitiu pela primeira vez um programa para um grupo de seis países (mais informação aqui). Sobre este tópico, leiam-se os seguintes artigos e respostas: "A rádio e o rádio", "O português na rádio e na TV", "Falar mal na rádio e na TV", "Radiouvinte", "Pela língua portuguesa, na rádio e na televisão".

**  No Brasil, rádio é um substantivo masculino – tanto no sentido de «aparelho emissor ou receptor de telegrafia e de telefonia sem fios», como «estação radiodifusora que transmite programas de entretenimento, educação e informação pelo sistema de ondas hertzianas» (= emissora, rádio emissora). Etim. red. de radiofonia .

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1. A (desgraçada) atualidade dos assassínios resultantes de violência doméstica trouxe à ribalta a palavra feminicídio (aqui e aqui), que, seis anos depois da nossa última resposta, tem finalmente registo dicionarístico nos dicionários em linha Houaiss e Priberam... averbando uma terrível realidade que, em Portugal, se associa a números monstruosos: nove mulheres mortas desde o início do ano, 503 entre 2004 e final de 2018 (notícias e comentários aquiaquiaqui e aqui, por exemplo).

   O dicionário Priberam prevê ainda a palavra femicídio como variante de feminicídio. Há também quem proponha o termo generocídio (cd. Wikipédia) que, todavia, é considerado mais ambíguo.  

    Ricardo Araújo Pereira, conhecido humorista português, citou o esclarecimento do Ciberdúvidas a propósito da legitimidade da palavra feminicídio, no programa Governo Sombra (de 8/02) em que participa como comentador. Na resposta citada, Carlos Rocha, coordenador executivo do Ciberdúvidas, atestava o processo de formação da palavra, que é similar ao de outros compostos morfológicos (como filicídio ou homicídio). 

2. Na nova atualização do consultório continuam a surgir questões relacionadas com palavras ainda por dicionarizar. É o caso do verbo redenominar. Também nesta linha, uma questão sobre a licitude da expressão «dicotomia de estatutos». Os usos da língua motivam ainda questões relacionadas com as classes de pertença de palavras como a na frase «A minha casa é bonita, mas a tua é mais» e deles em «O livro é deles.». Por fim, uma questão sobre a concordância do verbo ser em «Aprender inglês não são fake news

3. Na atualidade de interesse para a língua, destacamos:

— A divulgação da palavra do ano 2018 em Angola, que este ano é esperança, palavra que dá voz ao sentimento que o povo angolano deposita nas melhorias de condições do país. A palavra selecionada, numa iniciativa da Plural Editores, foi escolhida entre autarquias, câmbio, cidadania, investimento, justiça, melhorar, mudança, repatriamento e resgate   vindo na sequência do que, no âmbito de igual iniciativa,  já fora apurado para Portugal e para Moçambique;

 — A notícia do reforço da coordenação do ensino da língua portuguesa em França e nos Estados Unidos, uma medida importante para a continuação da promoção do ensino da nossa língua no estrangeiro, divulgada pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro

4. Uma nota final para lembrarmos que o serviço prestado pelo Ciberdúvidas a todos quantos, por esse mundo fora, querem saber mais sobre a língua portuguesa – gracioso, de acesso universal e sem fins comerciais, como é próprio de qualquer serviço público – não dispensa a devida atribuição da autoria e da proveniência dos seus conteúdos, sempre que eles sejam compartilhados de qualquer forma. São preceitos éticos e legais* que cumprimos igualmente na transcrição de qualquer texto não original do Ciberdúvidas – sejam eles meras notícias ou a reprodução de artigos alheios de justificada atualidade. Infelizmente, este é um procedimento não acautelado por todos, especialmente por via de alguns sítios eletrónicos e plataformas na Internet. Trata-se, pura e simplesmente, de uma condenável prática do plágio – de que mais recentemente foi vítima a nossa consultora Sandra Duarte Tavares, com material apropriado de um artigo seu publicado  na  edição digital da revista Visão, do dia 27/07/2017, intitulado 10 erros linguísticos que mancham a sua imagem, sem que tenha havido lugar à devida atribuição da autora e da publicação original.

* Todos os conteúdos do Ciberdúvidas estão  licenciados pela Creative Commons – com os direitos e deveres correspondentes de partilha ou publicação em registo impresso ou digital que se encontram aí rigorosamente especificados.

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1. Em referência a tudo o que tem impacto, matraqueia-se cada vez mais o adjetivo impactante, de intenção superlativa, mas com o seu quê de cacofónico. Em O nosso idioma, uma crónica de Carla Marques, linguista e consultora permanente do Ciberdúvidas, dá conta da evolução semântica desta palavra que está na moda para prejuízo dos nossos ouvidos.

Na imagem, ilustração do artigo "Hipótese do grande impacto", na Wikipédia (consulta em 8/02/2019).

2. No Consultório, enquanto se pondera a criação de formas portuguesas para os nomes próprios dos viquingues das sagas escandinavas, remonta-se às origens do nome Gonçalo, por entre as brumas das memórias góticas. Outras questões viram-se para a contemporaneidade da língua e da sua análise: a palavras ambos pode ser um pronome indefinido? Como se usa o verbo configurar numa frase? Que tipo de oração pode constituir uma sequência como «minimamente que seja»? Finalmente, buscando um intemporal refúgio bucólico, depressa o desidealizamos com a expressão «pensar as vacas».

3. Na Montra de Livros, evoca-se a memória do humorista, cartunista e pintor português José Vilhena (1927-2015)* na apresentação de um dos seus livros de maior sucesso, o Dicionário Cómico, que, publicado em 1963, tem nova edição em Portugal.

*Sobre a obra de Vilhena, ler também aqui.

4. Já aqui se falou de viquingues, mas o Pelourinho conta outra saga: a dos erros de vária ordem detetados nas emissões televisivas da RTP, que parece atravessar mais uma fase aguda de disparates linguísticos. É uma constatação do próprio Provedor do Telespetador da televisão pública portuguesa, que no seu último  programa, Voz do Cidadão – emitido no dia 2 de fevereiro de 2019, com a participação da professora Sandra Duarte Tavares –, adiantou três propostas específicas para diminuição  dos «múltiplos e demasiado frequentes» erros no uso do idioma nacional nos diversos canais da RTP

5. O conceito de lusofonia suscita a polémica, mas importa igualmente compreender a sua génese e refletir sobre o que tem sido e pode ser (ou não) o seu alcance prático. Convergindo com as preocupações de História Sociopolítica da Língua Portuguesa (2016), conhecida obra do linguista brasileiro Carlos Alberto Faraco, justifica-se realçar aqui uma outra, da autoria do investigador português Vítor de Sousa, especialista em Teoria da Cultura: trata-se Da "Portugalidade" à Lusofonia, livro publicado em 2017, que constitui a refundição da tese que o autor defendeu em 2015, na Universidade do Minho.

 6.  Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, lembramos, no Língua de Todos, (RDP África**), a conversa com Afonso Miguel, linguista angolano, que defendeu recentemente a tese de doutoramento Integração morfológica e fonológica de empréstimos lexicais bantos no Português Oral de Luanda, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.  No Páginas de Português (Antena 2**), o entrevistado é José Carlos Adão, adjunto da coordenação do Instituto Camões em Nova Iorque, que fala a respeito da introdução do ensino do português na Escola Internacional da ONU, em Nova Iorque.

** Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 8 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 9 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00 + Páginas de PortuguêsAntena 2, 10 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 16 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1.  Aprender português como falante de língua materna envolve uma contínua exploração do sentido das palavras e das possibilidades de combinação de constituintes ou a criação de novos lexemas para designar realidades ainda não nomeadas. São estes mecanismos que levam a questionar o sentido e origem de uma expressão como «mais que as mães», a verificar os limites de combinação de palavras negativas ou a questionar a possibilidade de criação de uma palavra como excitadiço. A aprendizagem formal da língua dá azo também a dúvidas sobre a pertença de uma palavra a uma dada classe ou a hesitações na identificação de funções sintáticas, como os modificadores, ou na classificação de orações subordinadas, como as conformativas. Aprender português é também conhecer as razões de algumas particularidades ortográficas como o uso da maiúscula na abreviatura de litroSão estas as aprendizagens que o consultório disponibiliza na sua nova atualização. 

2. As atualidades relacionadas com a língua situam-se também no âmbito da aprendizagem do português, desta feita enquanto língua estrangeira. Neste domínio, destacamos as seguintes notícias:

— O curso de português em linha, dinamizado pela Faculdade de Letras de Lisboa, o qual se destina sobretudo a alunos da China, Rússia e mundo árabe (com divulgação aqui);

— A criação da aplicação Speak, que tem como objetivo auxiliar migrantes na aprendizagem do português, ajudando a ultrapassar a barreira da língua e a conquistar a integração social (notícia aqui).

  [Pena é que uma plataforma dedicada ao ensino do português tenha designação em língua inglesa. O nome Falar não seria mais adequado aos objetivos visados e uma designação apropriada à língua cuja aprendizagem se quer promover? 

  Ao longo dos tempos, o Ciberdúvidas tem uma série de registos críticos pela opção por expressões inglesas em detrimento das portuguesas (aqui) e dos problemas associados a traduções "apressadas" do inglês (aqui). ]

3.  Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, destacamos no Língua de Todos, emitido na RDP África*, a conversa com Afonso Miguel, linguista angolano, que defendeu recentemente a tese de doutoramento Integração morfológica e fonológica de empréstimos lexicais bantos no Português Oral de Luanda, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.  Por sua vez, no programa Páginas de Português, difundido na Antena 2*, entrevista-se José Carlos Adão, adjunto da coordenação do Instituto Camões em Nova Iorque, sobre o Português começar a ser ensinado na Escola Internacional da ONU, em Nova Iorque, um estabelecimento onde estuda a generalidade dos filhos dos funcionários da ONU.

* Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 8 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 9 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00 + Páginas de PortuguêsAntena 2, 10 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 16 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.