Pergunta:
Foi já colocada uma pergunta, que teve resposta cabal, sobre a regência de advertir (alguém) de ou para alguma coisa.
Todavia, se o verbo for utilizado de forma "impessoal" numa frase do tipo «As conclusões do relatório advertem [que/de que] a natureza está em declínio a nível mundial», qual a regência correta?
Muito obrigado.
Resposta:
O verbo advertir não tem um uso impessoal, na medida em que seleciona sempre sujeito1.
Este verbo pode assumir diversos comportamentos sintáticos:
(i) verbo intransitivo: só seleciona sujeito:
(1) «O João sabe advertir.»
(ii) verbo transitivo direto: seleciona sujeito e complemento direto:
(2) «O João advertiu a Rita.»
(iii) verbo transitivo direto e indireto: seleciona sujeito, complemento direto e complemento oblíquo:
(3) «O João advertiu a Rita da sua decisão.»
Nesta última construção, o complemento oblíquo é realizado por um grupo nominal introduzido pela preposição de («da sua decisão»). Este complemento oblíquo pode, todavia, ser realizado por uma oração subordinada substantiva completiva:
(4) «O João advertiu a Rita (de) que ia sair mais cedo.»
A oração subordinada completiva tem a função de complemento oblíquo, mas a sua introdução por preposição é opcional (como sinalizam os parênteses na frase (4)). Este facto acontece porque, como explica Barbosa, «quando o complemento oblíquo é uma oração finita, a marcação por meio de preposição de não...