Pergunta:
Muitas dúvidas me coloca a palavra “donde”. Usada como sinónimo de “daí”, “do que se conclui”, deve ou não ter vírgula a seguir? E o verbo, como fica?
Podem esclarecer-me através dos exemplos seguintes, por favor?
1. Os fenómenos deterministas ou causais caraterizam-se pelo facto de os efeitos serem consequências de causas, donde, conhecidas as causas, conhecem-se / conhecerem-se também os efeitos.
2. Os fenómenos aleatórios caracterizam-se pela incerteza que envolvem, donde não é / ser possível determinar antecipadamente os resultados das experiências individuais. (Com ou sem vírgula a seguir ao “donde”?)
3. A classificação dos acontecimentos (…) é um tanto subjetiva na medida em que depende da avaliação de cada pessoa, donde esta categorização dos acontecimentos deve / dever ser vista como uma aproximação. (Com ou sem vírgula a seguir ao “donde”?)
4. Temos que 18÷6=3 e 24÷6=4. Donde, os números 3 e 4 são / serem primos entre si. (Com ou sem vírgula a seguir ao “donde”?)
5. Os ângulos A e B não têm apenas um lado em comum, pois o ângulo A está contido no ângulo B, donde não são / serem adjacentes. (Com ou sem vírgula a seguir ao “donde”?)
6. Donde, adicionando as frequências absolutas correspondentes às idades de 13 e 14 anos, tem-se / ter-se: 10 + 5 = 15 alunos.
7. Quando giramos a roleta, o ponteiro pode parar em cada um dos seus números, mas não sabemos antecipadamente qual desses números assinalará. Donde, trata-se/ tratar-se de uma experiência aleatória. (Com ou s...
Resposta:
A forma contraída donde (preposição de e advérbio onde) é usada
(i) sobretudo com valor locativo, como em
(1) «A casa donde veio ficava distante.»
(ii) frequentemente como interrogativo:
(2) «Donde vieste?»
(iii) com um valor equivalente a “daí”:
(3) «Tem tido muitos problemas, donde as reações que se lhe conhecem.»
Note-se, porém, que uma análise às ocorrências desta forma no Corpus do Português de Mark Davies mostra que os usos de donde com um valor equivalente ao referido em (iii) é pouco frequente.
Este último uso gera principalmente orações resultativas (ou consequenciais), nas quais a causa é dada na oração principal e o resultado na oração subordinada.
Este conector pode ligar duas orações (4) ou uma oração a um sintagma nominal (5):
(4) «Ele não falava com ninguém, donde muitos não saberem sequer o seu nome.»
(5) «Ele era muito bem-disposto, donde a sua popularidade.»
No que respeita à pontuação, visto que estamos perante uma situação de orações periféricas, ou seja, que mantêm um grau de integração mais fraca na frase é aconselhado o uso da vírgula em início de oração: «As orações subordinadas periféricas distinguem-se das orações integradas por se destacarem do resto da frase através de uma pausa ou quebra entoacional, assinalada ti...