Pergunta:
A questão que venho aqui colocar é relativamente ao artigo definido. Sempre que desejo referir um livro, fico com dúvidas em relação ao emprego do artigo, se devo usá-lo ou não. Antes de vos escrever, deambulei pelo vosso site à procura de resposta e até acho que a encontrei. Porém, não sabendo se a regra se poderá aplicar à minha incerteza, decido, mesmo assim, colocá-la.
Em 2008 foi questionado o seguinte: «A respeito da capital de Moçambique, diz-se "o Maputo", ou "Maputo", sem artigo?»
Como resposta, a sra. Maria Regina Costa explicou: «Quando se designa o rio, utiliza-se o artigo, pois os nomes dos rios são precedidos de artigo: «o rio Maputo», «o Maputo». Quando se designa a cidade, a regra geral é a da omissão do artigo.»
Pois bem, esta regra aplica-se quando refiro algum livro quando posso usar simplesmente o título como resposta?
Exemplo:
— Ontem acabei de ler um livro.
— Que livro leste?
A resposta deverá ser: «li "A Casa Negra"» ou «li o/a "A Casa Negra Negra"»? Também fico com dúvidas de como utilizar o artigo definido, porque o próprio título já o contém — "A" — e é feminino. Mas, e no caso de o título se encontrar no masculino, «O Homem Que Perseguia o Tempo», eu deveria responder: «ontem li o "O Homem Que Perseguia o Tempo"», ou devo omitir o artigo "O", uma vez que o próprio título já o contém?
Grato pela vossa atenção.
Resposta:
Apenas se usa o artigo que é inerente ao título:
(1) Li A Casa Negra/O Homem Que Perseguia o Tempo.
Quando se pretende usar uma contração (da, no, pela), Celso Cunha e Lindley Cintra observam o seguinte (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, p. 210; mantém-se a ortografia original):
«Quando a preposição antecede o artigo definido que faz parte do título de obras (títulos, revistas, jornais, contos, poemas, etc.) não há uma prática uniforme. Na língua escrita, porém, deve-se neste caso:
a) ou evitar a contracção, pelo modelo:
Camões é o autor de Os Lusíadas.
A notícia saiu em O Globo.
b) ou indicar pelo apóstrofo a supressão da vogal da preposição:
Camões é o autor d´Os Lusíadas.
A notícia saiu n´O Globo.
Tenha-se presente que as grafias "dos Lusíadas" e "no Globo" – talvez as mais frequentes – deturpam o título do poema e do jornal em causa.»