F. V. Peixoto da Fonseca (1922 — 2010) - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
F. V. Peixoto da Fonseca <BR> (1922 — 2010)
F. V. Peixoto da Fonseca (1922 — 2010)
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Fernando Venâncio Peixoto da Fonseca (Lisboa, 1922 - Lisboa, 2010) Dicionarista, foi colaborador da Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e da atualização do Dicionário de Morais, membro do Comité International Permanent des Linguistes e da Secção de História e Estudos Luso-Árabes da Sociedade de Geografia de Lisboa, sócio de Honra da Sociedade da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Filologia. Antigo decano dos professores do Colégio Militar, era licenciado, com tese, em Filologia Românica, distinguido com a Ordre des Palmes Académiques. Autor de várias obras de referência sobre a língua portuguesa, entre as quais O Português entre as Línguas do Mundo, Noções de História da Língua Portuguesa, Glossário etimológico sobre o português arcaico, Cantigas de Escárnio e Maldizer dos Trovadores Galego-Portugueses, O Português Fundamental e O Ensino das Línguas pelos Métodos Audiovisuais e o Problema do Português Fundamental. Outros trabalhos: aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria apenas de fazer um pequeno esclarecimento respeitante à minha questão sobre a capital da Ucrânia, Quieve.

Na resposta dada por F. V. P. da Fonseca, refere-se que a forma ucraniana da sua capital também tem E. No entanto, é apenas a forma russa da cidade que tem E: "Kiev" ou "Kiyev" (Киев). Em ucraniano escreve-se "Kyyv" ou "Kyiv" (Київ). Será então legítima a forma "Quive"? E quanto a "Minsque" para a capital da Bielorrússia, normalmente grafada com a transliteração anglófona Minsk (de Мінск)?

Resposta:

É Quieve a normal e usual, por esta forma russa ser a mais divulgada, através de outras línguas, como o francês (Kiev). Parece-me correcto usar Minsque.

Pergunta:

Será que me podem ajudar? Queria saber o significado de "Eufrosínia". Não surge no dicionário, o contexto é a frase:

«... com excepção disto, que é o sentido obtuso; posso comentar tudo em Eufrosínia, com excepção da qualidade obtusa da sua face..."» (o excerto é de uma obra de Roland Barthes).

Resposta:

Em português existe Eufrosina, do grego Euphros ýne («alegria», «prazer»), pelo latim Euphrŏsýna, uma das três Graças. É também o título de uma comédia de Jorge Ferreira de Vasconcelos, a obra-prima do autor, escrita na sua mocidade provavelmente por volta de 1540.

Pergunta:

Gostaria de saber se a locução «por contraste» no sentido de «por outro lado» é um anglicismo ou se seu uso é admitido na norma culta do português. Se possível, gostaria de saber também se Portugal e Brasil enxergam esta questão de modo diferente.

Obrigado!

Resposta:

Conforme os casos, são legítimas as locuções adverbial de modo «em contraste» e a preposicional «em contraste com».

Pergunta:

Eu gostava de saber como se caracterizam: as línguas naturais (português, inglês, francês, espanhol, etc.) e a aquisição versus aprendizagem de uma língua.

Isto, a propósito do tema da especificidade da comunicação humana.

Obrigada.

Resposta:

Língua natural é a que se desenvolve espontaneamente no interior de uma comunidade, e que se opõe a língua artificial. Denomina-se língua oficial a que é reconhecida estatutariamente por um Estado, na qual são redigidos os textos oficiais por ele emanados. Língua nacional é a que é própria de determinado grupo étnico e cujo uso é legalmente reconhecido pelo Estado a que esse grupo pertence.

As línguas estrangeiras aprendem-se de diversas maneiras, entre outras, por exemplo, pelo método audovisual, que procura imitar os processos utilizados nas línguas naturais, isto é, com muito recurso à própria língua que se vai adquirindo, incluindo gestos, e sem utilizar a língua de quem está a aprender.

Sobre o uso dos termos aquisição e aprendizagem relativamente ao domínio de línguas estrangeiras, ver Os termos aprendizagem e aquisição.

Pergunta:

Gostaria de saber a origem e o significado de uma rua chamada Rua das Andrezas, no Porto.

Resposta:

O termo (que se deve grafar com s), segundo José Pedro Machado, no seu prestimoso Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, é topónimo portuense, alusivo a senhoras do local assim conhecidas, e provém de igual vocábulo espanhol.