Apesar de já ter lido por aqui que há várias exceções às regras de concordância entre sujeito e verbo, gostava de esclarecer se os casos que exponho abaixo – em que o sujeito (que remete para um coletivo) está no singular e o verbo no plural – estão efetivamente errados e se o correto seria o verbo estar no singular (ficou infetado, está em quarentena, está a ser procurado)
«Um total de 35 médicos ficaram infetados com covid-19»
«Um total de 340 pessoas estão em quarentena»
«Um grupo de 30 migrantes estão a ser procurados»
Isto porque, embora não se trate de expressões numéricas, como na frase «Mil euros não será demais?», os sujeitos remetem para a ideia de coletivo. Nestes casos, pode o sujeito estar no singular e o verbo no plural, uma vez que se refere ao número de pessoas?
A minha dúvida aplica-se, sobretudo, ao verbo ser.
Obrigada
«As lições morais que encerram os relatos sobre animais é uma das principais características que distinguem os bestiários dos tratados de história natural anteriores.»
Na frase acima está correta a concordância do verbo ser?
Obrigado.
Gostaria de saber se a palavra babá, quando usada para designar uma pessoa que cuida de crianças, é um substantivo sobrecomum ou um substantivo comum de dois gêneros.
A aplicação prática é a seguinte: um homem cuidador de crianças deve ser chamado de «a babá» ou de «o babá»?
Obrigado.
A frase «eu sou o pão vivo, que desci do céu» [João 6, 51] soa-me sempre mal, mas fico na dúvida se em português é possível fazer esta construção ou se, pelo contrário, seria obrigatório que o verbo da oração relativa ficasse na terceira pessoa, concordando com o antecedente do relativo – «o pão vivo».
Fico com a ideia de que em latim, por exemplo, esta frase não resultaria problemática porque o que declinado indicaria a sua relação com o eu da oração subordinante, equivalendo a «eu, que desci do céu, sou o pão vivo», sendo então esta a única formulação em português que se poderia aceitar como correcta, obrigando a que o relativo esteja mesmo sempre a seguir ao seu antecedente.
É assim?
N. E. (07/04/2020) – Manteve-se a forma correcta, que é da norma anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.
Devemos escrever «ora viva, sejam muito bem-vindos», ou «ora vivam, sejam muito bem-vindos»? E porquê?
Muito obrigado.
Carlos Nougué em sua Suma Gramatical da Língua Portuguesa escreve: “
«"Não trabalhava faz dois anos" nem remotamente nos soa correta. E, no entanto, tão incorreta como "Não trabalhava faz dois anos" é "Não trabalhava há dois anos". Pois bem, use-se o verbo fazer ou o verbo haver, não se infrinja nunca o devido paralelismo ou correspondência verbal, e escreva-se corretamente: "Não trabalha há/faz dois anos" ou "Não trabalhava havia/fazia dois anos".»
Apesar de clara, a explicação não contém tantos exemplos. Fiquei, portanto, com certas dúvidas.
Estariam corretas construções como estas – «Aquelas ideias já foram esquecidas há tempos» e «Estive nos Estados Unidos há dois anos»–, porquanto Nougué prefere, por exemplo, «Decorreram dois anos que se casaram» a «Há/Faz dois anos que se casaram», considerando esta última como figura anômala?
Obrigado.
Uma questão de importância; corrija-me se estiver errado.
«As obras e seu respectivo valor haviam de ser avaliados» (avaliadas as obras, como também o valor; não havendo ambiguidade na sentença)
ou
«As obras e seu respectivo valor haviam de ser avaliadas» (avaliadas só as obras)?
Nesse caso, havendo a possibilidade de se subentender que seriam avaliadas as obras e o valor, haveria então ambiguidade, cabendo ao leitor interpretar o contexto? ) [creio que nessa sentença o termo «avaliadas» só pode se referir a «obras»].
Uma questão de importância do termo a concordar, ou uma restritiva de concordância?
Agradeço logo pela resposta. E parabenizo mais uma vez esse belíssimo trabalho do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
O professor Pasquale Cipro Neto aponta duas possibilidades de concordância com o verbo na segunda pessoa do plural: «Quais de vós podem» e «Quais de vós podeis».
Não acredito na primeira possibilidade; o verbo não ficará, de regra, na segunda pessoa do plural (podeis)?
Frases a ter em conta:
(1) Faltavam alguns dias para a Ana casar.
(2) Só lhe falta ser benzida para que a ponham num altar.
Vi, num trabalho em linha, os constituintes «alguns dias» (frase (1)) e «ser benzida» (frase (2)) classificados como «complemento direto». Não serão antes o «sujeito» do verbo «faltar»?
No mesmo texto, classificava-se como subordinadas adverbiais finais as orações introduzidas por «para», nas frases acima transcritas. Afigura-se-me equívoca esta classificação, porque:
1. as orações iniciadas por «para» não me parecem ser modificadores da oração subordinante;
2. é o verbo «faltar» que rege a preposição «para» (à semelhança de esforçar-se para),.
As orações «para a Ana casar» (frase 1)) e «para que a ponham num altar» (frase 2)) não são antes subordinadas substantivas completivas, com a função de complemento oblíquo?
Parabéns pelo excelente serviço público, que é o vosso trabalho no Ciberdúvidas.
Obrigado. AHV
Queria saber se ao usar o verbo doer, referindo-se às costas, se diz: «Dói-lhe as costas», «Doem-lhe as costas»?
Deve concordar com o sujeito, e costas está no plural, mas na realidade não são duas costas é só uma.
É correcto das duas maneiras?
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