Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Concordância
Marta Duarte Jornalista Faro, Portugal 5K

Apesar de já ter lido por aqui que há várias exceções às regras de concordância entre sujeito e verbo, gostava de esclarecer se os casos que exponho abaixo – em que o sujeito (que remete para um coletivo) está no singular e o verbo no plural – estão efetivamente errados e se o correto seria o verbo estar no singular (ficou infetado, está em quarentena, está a ser procurado)

«Um total de 35 médicos ficaram infetados com covid-19»

«Um total de 340 pessoas estão em quarentena»

«Um grupo de 30 migrantes estão a ser procurados»

Isto porque, embora não se trate de expressões numéricas, como na frase «Mil euros não será demais?», os sujeitos remetem para a ideia de coletivo. Nestes casos, pode o sujeito estar no singular e o verbo no plural, uma vez que se refere ao número de pessoas?

A minha dúvida aplica-se, sobretudo, ao verbo ser.

Obrigada

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 1K

«As lições morais que encerram os relatos sobre animais é uma das principais características que distinguem os bestiários dos tratados de história natural anteriores.»

Na frase acima está correta a concordância do verbo ser?

Obrigado.

Daniel Oitaven Professor universitário e advogado Salvador, Brasil 3K

Gostaria de saber se a palavra babá, quando usada para designar uma pessoa que cuida de crianças, é um substantivo sobrecomum ou um substantivo comum de dois gêneros.

A aplicação prática é a seguinte: um homem cuidador de crianças deve ser chamado de «a babá» ou de «o babá»?

Obrigado.

Carlos Miguel Gonçalves Padre Moscavide, Portugal 1K

A frase «eu sou o pão vivo, que desci do céu» [João 6, 51] soa-me sempre mal, mas fico na dúvida se em português é possível fazer esta construção ou se, pelo contrário, seria obrigatório que o verbo da oração relativa ficasse na terceira pessoa, concordando com o antecedente do relativo – «o pão vivo».

Fico com a ideia de que em latim, por exemplo, esta frase não resultaria problemática porque o que declinado indicaria a sua relação com o eu da oração subordinante, equivalendo a «eu, que desci do céu, sou o pão vivo», sendo então esta a única formulação em português que se poderia aceitar como correcta, obrigando a que o relativo esteja mesmo sempre a seguir ao seu antecedente.

É assim?

 

N. E. (07/04/2020) – Manteve-se a forma correcta, que é da norma anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.

Diogo Morais Barbosa Revisor Lisboa, Portugal 2K

Devemos escrever «ora viva, sejam muito bem-vindos», ou «ora vivam, sejam muito bem-vindos»? E porquê?

Muito obrigado.

Arthur Santos Estudante São Paulo, Brasil 3K

Carlos Nougué em sua Suma Gramatical da Língua Portuguesa escreve: “

«"Não trabalhava faz dois anos" nem remotamente nos soa correta. E, no entanto, tão incorreta como "Não trabalhava faz dois anos" é "Não trabalhava há dois anos". Pois bem, use-se o verbo fazer ou o verbo haver, não se infrinja nunca o devido paralelismo ou correspondência verbal, e escreva-se corretamente: "Não trabalha há/faz dois anos" ou "Não trabalhava havia/fazia dois anos".»

Apesar de clara, a explicação não contém tantos exemplos. Fiquei, portanto, com certas dúvidas.

Estariam corretas construções como estas – «Aquelas ideias já foram esquecidas há tempos» e «Estive nos Estados Unidos há dois anos»–, porquanto Nougué prefere, por exemplo, «Decorreram dois anos que se casaram» a «Há/Faz dois anos que se casaram», considerando esta última como figura anômala?

Obrigado.

Djavan Vieira do Nascimento Estudante Recife, Brasil 1K

Uma questão de importância; corrija-me se estiver errado.

«As obras e seu respectivo valor haviam de ser avaliados» (avaliadas as obras, como também o valor; não havendo ambiguidade na sentença)

ou

«As obras e seu respectivo valor haviam de ser avaliadas» (avaliadas só as obras)?

Nesse caso, havendo a possibilidade de se subentender que seriam avaliadas as obras e o valor, haveria então ambiguidade, cabendo ao leitor interpretar o contexto? ) [creio que nessa sentença o termo «avaliadas» só pode se referir a «obras»].

Uma questão de importância do termo a concordar, ou uma restritiva de concordância?

Agradeço logo pela resposta. E parabenizo mais uma vez esse belíssimo trabalho do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Djavan Vieira do Nascimnto Estudante Recife, Brasil 2K

O professor Pasquale Cipro Neto aponta duas possibilidades de concordância com o verbo na segunda pessoa do plural: «Quais de vós podem» e «Quais de vós podeis».

Não acredito na primeira possibilidade; o verbo não ficará, de regra, na segunda pessoa do plural (podeis)?

A. H. Verissimo Reformado Ponta Delgada, Portugal 1K

Frases a ter em conta:

(1) Faltavam alguns dias para a Ana casar.

(2) Só lhe falta ser benzida para que a ponham num altar.

Vi, num trabalho em linha, os constituintes «alguns dias» (frase (1)) e «ser benzida» (frase (2)) classificados como «complemento direto». Não serão antes o «sujeito» do verbo «faltar»?

No mesmo texto, classificava-se como subordinadas adverbiais finais as orações introduzidas por «para», nas frases acima transcritas. Afigura-se-me equívoca esta classificação, porque:

1. as orações iniciadas por «para» não me parecem ser modificadores da oração subordinante;

2. é o verbo «faltar» que rege a preposição «para» (à semelhança de esforçar-se para),.

As orações «para a Ana casar» (frase 1)) e «para que a ponham num altar» (frase 2)) não são antes subordinadas substantivas completivas, com a função de complemento oblíquo?

Parabéns pelo excelente serviço público, que é o vosso trabalho no Ciberdúvidas.

Obrigado. AHV

Ana Morais Professora de Português Sevilla, Espanha 8K

Queria saber se ao usar o verbo doer, referindo-se às costas, se diz: «Dói-lhe as costas», «Doem-lhe as costas»?

Deve concordar com o sujeito, e costas está no plural, mas na realidade não são duas costas é só uma.

É correcto das duas maneiras?