Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Alexandre Estradas Empregado de balcão Portugal 473

A minha questão diz respeito a esta frase encontrada na página 291, linhas 5 e 6, da tradução portuguesa da obra Dracul, de Dacre Stoker e J.D. Barker, publicada pela TopSeller: «Até há instantes, eu tremia furiosamente, mas conseguira, por fim, acalmar.»

Na frase transcrita, o uso do verbo no pretérito-mais-que-perfeito (conseguira) estará correcto?

Não deveria o verbo tremer ter sido conjugado no pretérito-mais-que-perfeito, e o verbo conseguir no pretérito perfeito, uma vez que aquela ação precede temporalmente esta última?

Obrigado, desde já, pela atenção.

Elisabete Afonso Aluna Porto, Portugal 311

No verso «que não se muda já como soía», do soneto "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" qual é a classe e subclasse da palavra que? É uma conjunção explicativa ou causal? Parece-me explicativa ( não estaremos perante uma relação de coordenação?).

Agradecia que me ajudassem a explicitar esta dúvida.

Gabriel Pedroso Estudante Thornhill, Canadá 469

Estudando a conjugação do verbo prazer [...], deparei-me com certa discordância entre as possíveis formas de conjugá-lo, assim como as de seus derivados: aprazer, comprazer, desaprazer, descomprazer e desprazer.

Se possível, gostaria que me fossem enviadas as conjugações dos mencionados verbos e de que se esclarecesse por que possuem diferentes padrões de flexão, partindo da premissa que todas, acredito, derivam do verbo prazer.

Obrigado.

Rodrigo Vasconcelos Advogado Belo Horizonte, Brasil 400

Posso estar muito enganado, mas me parece correto o exato oposto do que o consultor Carlos Rocha, por cuja clareza didática sempre tive, e tenho, muito apreço, respondeu ao consulente Mario Fraga.

O oposto parece-me correto ao menos quando se fala de cidadãos de determinada nacionalidade que têm ascendência parcialmente estrangeira: quando se diz «os ítalo-brasileiros», alude-se aos brasileiros de ascendência italiana.

Talvez por isso tendo a pensar num encontro franco-italiano como organizado na Itália com colaboração de franceses (ou sobre temas ligados à França). É verdade, porém, que o primeiro termo me parece, em qualquer caso, estar em posição de destaque, realçado em relação ao segundo, mas isto se me afigura naturalmente resultante da sua função de qualificador restritivo do adjetivo italiano: não é um encontro puramente italiano, mas franco-italiano, assim como ítalo-brasileiros se destacam do conjunto dos brasileiros por serem descendentes de italianos, ao passo que os demais brasileiros o serão de outros povos. Enfim, talvez haja alguma lógica diferente subjacente à formação dos adjetivos pátrios compostos quando referidos a ascendências. Não sei dizê-lo.

O que, todavia, diria com toda a certeza é que, ao menos no Brasil, um franco-italiano seria, sempre e exclusivamente, um italiano com antepassados franceses, e um ítalo-francês, um francês com antepassados italianos. Se a mesma lógica se aplica à formação dos adjetivos pátrios compostos quando não aplicados à ascendência de pessoas é que não sei dizer.

Paulo Klush Puim Servidor São Paulo, Brasil 220

Pediria uma orientação quanto ao hífen em três termos da rubrica de música: «forma sonata», «forma rondó» e «forma rondó sonata» (ou "forma-sonata", "forma-rondó" e "forma rondó-sonata"?).

Nos dicionários, encontro sonata e rondó como substantivos, jamais adjetivos. Em dicionário nenhum encontro "rondó-sonata", uma forma musical híbrida conhecida pelos melômanos e musicólogos.

Entretanto, no Houaiss eletrônico (v. 1.0, 2001), no verbete sonata, no comentário acerca da locução «sonata forma», lê-se «forma composicional clássica bitemática […]; forma sonata» (sem hífen). No mesmo dicionário, verbete forma, acepção «25: disposição dos elementos de uma peça musical […] modelo de composição», aparecem como exemplos «forma sonata» e «forma lied» (sem hífen).

No Novo Dicionário Eletrônico Aurélio (v. 5.0. 2004), verbete rondó, a acepção 4 prevê uso no sentido de «forma musical». Assim, rondó em si já significa «forma rondó», porém isso não afasta a prerrogativa de se lhe associar a palavra forma. Afinal, há ambiguidades, basta pensar em um movimento de concerto estruturado em rondó (aqui forma musical, não gênero do repertório).

Sinto-me inclinado a grafar "forma-sonata", "forma-rondó" e "forma rondó-sonata" porque em todos os casos ao menos dois substantivos se juntam para formar um novo significado, independente. Parece-me inafastável a independência visto haver sinfonias e aberturas operísticas feitas em forma-sonata (uma estrutura teórica, um esqueleto de construção). Ao mesmo tempo, há sonatas de todo alheias à forma-sonata. Desse modo, escapa-me o raciocínio a afastar o hífen, a não ser que caiba (ou se deva) considerar o aposto especificativo nesses casos todos, a exemplo de «espécie leão», «raça labrador». Talvez de acordo com tal lógica «forma sonata» apareça no Houaiss (grifando que lá não se encontre como verbete, mas sim em comentários de verbetes). Mesmo nessa hipótese ao menos “forma rondó-sonata” a mim parece necessitar de um hífen.

Peço desculpas pela longa exposição, que procurei reduzir ao máximo. Muito obrigado desde já.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 674

Quanto à questão formulada por Natanael Estêvão, em 4/3/2022, foi dito, ao final da resposta, que «esta construção será preferencial à que se apresenta na pergunta, pois não causa a estranheza da primeira». A par da estranheza, pergunto: seria a construção também agramatical, configurando uma exceção? Creio ser essa a dúvida de Natanael.

A propósito, nos exemplos dados pelo citado consulente, pode-se também lançar mão do recurso de usar a expressão «o fato de»: «apesar de o homem ter morrido...» (apesar do fato de o homem ter morrido); «o maior problema está em isso fugir do nosso controle (o maior problema está no fato de isso fugir do nosso controle). Portanto, pode-se imaginar uma elipse em todos os casos, contornando as contrações.

Obrigado.

Ana Coelho Tradutora Portugal 649

Gostaria de saber qual a vossa opinião relativamente aos adjetivos educativo e educacional.

Trata-se de sinónimos ou refletem realidades diferentes?

Obrigada!

Ricardo Uebel Tradutor Lajeado, Brasil 433

Encontrei o termo subjectification em texto inglês que se baseia em Foucault e noutros textos pela internet relativos a esse autor encontrei "subjetificação", mas na maioria dos textos encontrei "subjetivação".

Afinal qual a diferença entre os termos? Qual deles eu deveria usar se não fora falar diretamente de Foucault?

Paulo de Sousa Tradutor Oeiras, Portugal 354

O termo "bicamarário" existe? Os dicionários parecem não acolher este adjetivo enquanto sinónimo de bicameral/bicamaral designativo de um sistema político em que o poder legislativo está dividido em duas câmaras.

Guilherme Roda de Miranda Escrevente técnico Santos, Brasil 557

Qual(is) a(s) regência(s) do verbo intimar?

É aceita a forma «intimar alguém algo», ou sempre há o objeto indireto quando esse verbo apresenta transitividade?

Vocês podem me informar em quais livros tenho acesso a regências verbais?