Como já anteriormente se esclareceu, a palavra noite vem de nocte, forma do latim vulgar que corresponde ao latim clássico nox, noctis.
Do latim nocte ao português noite, ocorreu a mesma transformaçao que levou de octo a oito, ou seja, deu-se um fenómeno de vocalização no grupo latino -ct- tanto no português como noutras línguas românicas. Paul Teyssier, na sua História da Língua Portuguesa (Lisboa, Sá da Costa Editora, 1982, p. 12), referindo-se ao período galego-português, descreve esta mudança, em contraste com a evolução do espanhol (ou melhor, a sua génese castelhana):
«O grupo -ct- [...] passa a [-yt-]; ex.: nocte > *noyte. A língua portuguesa mantém ainda a pronúncia noite, enquanto o espanhol, continuando a evolução, apresenta hoje a africada [tš], escrita ch: noche. Temos assim:
galego- português castelhano
nocte > *noyte noite noche
lectu > *leyto leito lecho
lacte > *layte leite leche
facto > *fayto feito hecho [...].»