«Sem eira nem beira» – ou, como também se usa em Portugal, «sem eira, nem beira, nem pé (ramo) de figueira» – significa sem modo de vida, na penúria, na miséria, sem recursos, sem amparo. Quer também dizer desorganizadamente, sem método e sem razão [in Dicionário de Expresssões Correntes, de Orlando Neves + Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões + Dicionário Prático da Língua Portuguesa, Expressões Peculiares, de A. Martins Barata]. Reinaldo Pimenta dá a seguinte explicação, no seu livro A Casa da Mãe Joana: «Eira (local de terra batida, lajeado ou cimentado) veio do latim 'area' (daí área). Localizada nas proximidades das casas das aldeias portuguesas, a eira era um lugar ao ar livre em que se estendiam legumes e cereais a fim de serem preparados para o consumo. Era sinal de riqueza, de prosperidade. Quem era pobre não tinha eira, nem um pedacinho dela, nem mesmo sua beira. E assim se fez a rima: miserável é aquele que vive sem eira nem beira.»