DÚVIDAS

«Não percebo nada de informática»

Precisava de ajuda para esclarecer as funções sintáticas presentes na frase "Não percebo nada de informática."

Assim, pedia a vossa colaboração para responder às seguintes questões que surgiram em sala de aula:

1. O constituinte "de informática" é complemento oblíquo e "nada" (assumido como advérbio de quantidade e grau, tal como "muito" e " pouco") é modificador do grupo verbal?

Ou 2. podemos considerar que o complemento direto é a expressão "nada de informática", ainda que não possa ser substituída pelo pronome de complemento direto, (a frase "Não o percebo.", não sendo agramatical, não tem o mesmo significado)?

Parece-me mais ou menos claro que, se omitíssemos um destes constituintes e tivéssemos frases como:

1. "Não percebo nada."

2. "Não percebo de informática."

o constituinte "nada" seria o complemento direto, na frase 1. e "de informática" o complemento oblíquo na frase 2. Ou estarei enganada?

Agradeço, antecipadamente, a vossa colaboração. i

Resposta

No caso em apreço, o constituinte nada tem a função de modificador do verbo e «de informática» de complemento oblíquo.

Nada é usado na frase como um advérbio de quantidade e grau, na medida em que contribui para “medir a quantidade” do evento veiculado pelo verbo perceber, como aconteceria com outros advérbios da mesma natureza:

(1) «Percebo bastante de informática.»

(2) «Percebo pouco de informática.»

(3) «Percebo imenso de informática.»

No caso apresentado, uma vez que se trata de uma frase negativa, existe uma correlação entre não e nada.

Assim, na frase em apreço, o verbo perceber, usado com o sentido de "saber", é transitivo indireto, regendo a preposição de e pedindo complemento oblíquo. Esta função é desempenhada, neste caso, pelo constituinte «de informática».

Disponha sempre!

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa