Tradicionalmente, diz-se que, em português, o acento tónico pode recair nas três últimas sílabas a contar do fim, ou seja, na última (aguda: caFÉ), na penúltima (grave: CAsa) e antepenúltima (MÁquina).
Nos estudos linguísticos, a respeito dos substantivos e adjetivos, considera-se, de uma forma mais simples e tomando em conta a morfologia, que o acento recai geralmente na última palavra do radical (excetuam-se as palavras esdrúxulas), conforme M.ª Helena Mira Mateus explica em A pronúncia do português europeu:
«Existe [nos nomes e adjetivos] [...] uma regularidade de incidência do acento tónico em português que relaciona a sílaba em que ele ocorre com a estrutura morfológica das palavras, e mostra que as palavras agudas e graves se incluem no mesmo grupo, sendo as esdrúxulas as únicas excepções ao lugar da sílaba tónica do português (por causas históricas). Essa regularidade é a da ocorrência do acento tónico na última vogal do radical das palavras da língua portuguesa.»
Assim:
casa: cas + a (o acento incide no radical cas-, consituído por uma única sílaba);
casinha: casinh + a (o acento incide na última sílaba do radical, -si-);
papel: em palavra sem sufixo flexional nem derivacional, o acento incide na última sílaba do radical, neste caso, -pel.
Exceções, por razões históricas (idem):
– esdrúxulas: dúvida, público, lindíssimo;
– palavras graves terminadas em consoante ou ditongo nasal: órfão, açúcar, frágil.
Como se disse, esta regularidade apenas abrange nomes e adjetivos, não se aplicando aos verbos, que têm regras mais complexas.