No caso português, a Revolução liberal de 1820, que institui o regime parlamentar, dá voz a grupos sociais cada vez mais significativos, e que, pelo voto, se fazem representar; quando não, o nascimento de uma Imprensa regular, interventiva, de facção, consciencializa multidões, que, entretanto, estão a beneficiar de um lento, mas gradual, acesso à escolarização. É importante, todavia, a emigração forçada dos principais nomes românticos (Garrett ou Herculano, p. ex., mas também na pintura, etc.), que não só conheceram os movimentos literários europeus, como depararam com instituições e legislação conforme aos novos tempos, que procuraram adaptar, vencidos os miguelistas, após a guerra civil de 1832-1834. A literatura tem, por um lado, uma função pedagógica e civilizadora, buscando o renascimento da nação na matriz originária medieval e, daí, quer a vertente historicista, quer o gosto pelo exótico e distante; mas, numa lógica em que todos tinham direito a ser (e ao ser), à luz de ideais da Revolução Francesa, dará azo a uma infinidade de poetastros e ao convencionalismo, sobretudo na lírica. Recomendo, a fechar, o meu artigo «Ultra-Romantismo» (in Cultura Literária Oitocentista, Porto, Lello Editores, 1999), em que, cuidando do que, para muitos, é o verdadeiro romantismo português, longamente me debruço sobre a questão.