DÚVIDAS

Acerca da litotes
Estou escrevendo um glossário de retórica e poética e admiro particularmente certas figuras, como a litotes, o oximoro, o quiasmo e a antimetábole. Cada página é um verbete exemplificado com a poesia galega, portuguesa ou brasileira. Compreendo a litotes como a sugestão meio eufemística, irônica de uma ideia; ou em dizer pouco para sugerir muito; atenuantemente. Portanto, um conceito um tanto mais elástico, tirado da etimologia da palavra, contrariando a maioria das definições que encontro, costumeiras em enfatizar apenas a negação do oposto. Como um dos exemplos, dentro da minha formulação, escolhi os seguintes versos de Guerra Junqueiro (A Morte de D. João, Introdução): E o povo... o povo é rei! E rei como Jesus, Para beber o fel, para morrer na cruz. Disse-o pouco, mas sugeriu muito o tipo, e de forma irônica, da única "realeza" que cabe ao povo. Se a Sra. Eunice Marta me der o prazer de comentar minha proposição, tomarei por fé seus ensinamentos, ainda que contrários ao que imagino. Agradeço antecipadamente.
Dúvida sobre anacoluto e hipérbato
Gostaria de saber se há anacoluto na frase «As pernas parecia que tinham desaprendido de andar». Para o gramático Domingos Paschoal Cegalla, o anacoluto «é a quebra ou interrupção do fio da frase, ficando termos sintaticamente desligados do resto do período, sem função». Na minha avaliação, não há, na frase apresentada, nenhum termo desligado sintaticamente. Na frase haveria um hipérbato e não propriamente um anacoluto. Muito grato.
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