DÚVIDAS

Orações interrogativas ‘vs.’ orações completivas
A TLEBS não refere as orações interrogativas indirectas, classificando-as apenas como completivas. Porém, se nos orientarmos pelo que aí é dito sobre este tipo de subordinadas, ficamos sem saber como devem ser analisadas frases do tipo das que seguem: 1. Diz-me como te chamas. 2. Ignoro onde ela vive. 3. Perguntei quando regressavas. 4. Não sei que aluno faltou à aula. 5. Não sei quantos alunos faltaram às aulas. De facto, a TLEBS não fala de advérbios interrogativos e parece não fazer referência a determinantes interrogativos. Aliás, a enumeração dos vocábulos que, segundo a TLEBS, podem introduzir subordinadas completivas não inclui nenhum dos que acima utilizamos. Que devemos concluir? Ainda outra dúvida: como devemos dividir e classificar as orações na frase «Não sei (o) que tenho»: a) Subordinante: «Não sei o (=aquilo)»; Subordinada relativa: «que tenho»; ou b) Subordinante: «Não sei»; Subordinada completiva (interrogativa indirecta?): «o que tenho.» Muito obrigada.
As nossas respostas + pedidos, de novo + programas de rádio
1. A aplicação em Portugal da nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS) mantém-se tema freq[ü]ente nas perguntas que nos fazem. Neste âmbito, sugerimos a leitura das respostas Advérbio adjunto ou disjunto?, As orações pequenas na análise sintáctica e Os complementos e os modificadores restritivos do nome. 2. Para os que se interessam mais pelos aspectos histórico-culturais da língua, propomos Nomes de bebidas com café em Portugal e O significado e a origem da expressão «tratos de polé». Sobre o que se pode ou não dizer e escrever (por exemplo, criação de palavras, combinação de formas verbais e pronominais), recomendamos A combinação de pronomes átonos e Pó de talco. E temos ainda o Pelourinho, a explicar que homens-a-dias é melhor do que ”maridos-a-dias”. 3. Já agora, pedimos mais uma vez aos nossos consulentes que não nos enviem perguntas do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa, a decorrer em Portugal, porque não podemos favorecer os concorrentes que nos procuram. Gostaríamos também de fazer mais um pedido: não nos enviem a mesma pergunta dias seguidos, porque não temos meios para evitar uma escusada duplicação de respostas por reencaminhamento para consultores diferentes. 4. Lembramos entretanto que o Ciberdúvidas continua a desenvolver a sua colaboração com a RDP, a rádio pública portuguesa. Além de manter o programa Páginas de Português, emitido todos os sábados às 13h30 (hora portuguesa) pela Antena 2, terá proximamente duas novas rubricas, uma na RDP África e outra, já a partir da próxima segunda-feira, dia 20, na Antena 1, com o título O Jogo da Língua. Esta rubrica, que irá para o ar de segunda a sexta-feira depois das 15 horas, é, como o nome indica, um jogo com perguntas múltiplas sobre dificuldades e curiosidades da Língua Portuguesa, com respostas dos ouvintes e um esclarecimento posterior a cargo da professora universitária Margarita Correia. 5. Ficamos a aguardar mais perguntas. Boa semana.
Advérbio adjunto ou disjunto?
O mesmo advérbio poderá ser adjunto ou disjunto consoante o contexto? Se os advérbios adjuntos são internos ao grupo verbal e os disjuntos são modificadores de frase, no exemplo «E somos poucos, aqui, não mais de cinquenta» (J. R. Miguéis, Gente de Terceira Classe), o advérbio «aqui» parece-me menos ligado ao verbo do que à frase, tanto mais que está entre vírgulas. Assim, seria disjunto. Por outro lado, segundo a TLEBS, os antigos advérbios de lugar (como é o caso) são adjuntos. O advérbio «talvez», no exemplo «Talvez devesse antes dizer de infortúnio» (ibidem), parece-me adjunto, sobretudo porque o modo conjuntivo é solicitado pelo advérbio. Mas, de acordo com a TLEBS, os tradicionais advérbios de dúvida são disjuntos... Gostaria de obter um esclarecimento. Grata pela atenção.
Nova terminologia linguística em Portugal: auxiliares, modais e sintaxe
Gostaria de começar por lhes agradecer a ajuda que me têm dado na resolução das muitas dúvidas que a língua portuguesa levanta. Muito obrigada! Entretanto, aqui lhes coloco mais algumas questões: 1. Não encontrei na nova Terminologia linguística o conceito de conjugação perifrástica. Deve continuar a ser considerado? Será que a análise do aspecto verbal e dos valores modais substitui o estudo da perifrástica? 2. Quando, numa frase, surgem os verbos modais dever e poder, estes devem ser encarados como meros auxiliares ou devemos vê-los como núcleo de um grupo verbal e seleccionando uma oração não finita como complemento directo? Assim, a frase «Devo trabalhar» deve ser analisada como uma frase simples ou complexa? 3. Como analisar sintacticamente frases do tipo «Cansada, ela calou-se»? Muito obrigada.
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