DÚVIDAS

Oração subordinada adjetiva relativa restritiva ou substantiva relativa sem antecedente?
Num manual do 9.º ano de escolaridade, a oração «onde nos vimos pela primeira vez» na frase «Fui jantar com o Pedro ao restaurante onde nos vimos pela primeira vez.» surge classificada como oração substantiva relativa, desempenhando a função sintática de modificador do grupo verbal. Contudo, a oração em análise não é uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva (com função sintática de modificador restritivo do nome)?
«Já que me não querem ouvir os homens»
(Padre António Vieira)
Atendendo às frases: «Já que me não querem ouvir os homens» (P.e António Vieira) e «Já que os homens não o querem ouvir», podemos dizer que o pronome me, tal como o pronome o, desempenham a função de complemento direto? Inicialmente, parecia-me inequívoca esta análise, mas, tendo em conta que é possível a construção «Já me ouviram muitos disparates», ponho duas hipóteses: 1.ª – trata-se de um complemento indireto (me); 2.ª – trata-se de um complemento direto e, no último exemplo, a construção exige e admite o complemento indireto (me – a mim) por conter um complemento direto (muitos disparates). Muito obrigada.
Como assinalar o refrão
Gostaria de saber como devemos assinalar o refrão de uma cantiga de amigo, quando fazemos o seu esquema rimático. Alguns livros indicam que devemos registar a letra R para identificarmos o refrão neste tipo de cantigas (ex: aaR/bbR/aaR/bbR); outros referem que devemos seguir a lógica da elaboração do esquema rimático e, neste sentido, mudamos a letra do alfabeto conforme muda a rima das palavras, embora a rima do refrão deva ser registada com letra maiúscula (ex: abbaCC/deedCC/fggfCC). Qual destas situações é a correta? Obrigada.
«E entrou por um perna de pinto e saiu por uma perna de pato»
Relendo a obra Menino de Engenho, de José Lins do Rego, deparei com a expressão «Entrar por uma perna de pinto e sair por uma perna de pato». Apesar de o contexto ser um guia importante para a compreensão leitora, tenho dificuldade de saber seu sentido idiomático. Poderiam os senhores me dar uma luz? «As suas histórias para mim valiam tudo. Ela também sabia escolher o seu auditório. Não gostava de contar para o primo Silvino, porque ele se punha a tagarelar no meio das narrativas. Eu ficava calado, quieto, diante dela. Para este seu ouvinte a velha Totonha não conhecia cansaço. Repetia, contava mais uma, entrava por uma perna de pinto e saía por uma perna de pato, sempre com aquele seu sorriso de avó de gravura dos livros de história. E as suas lendas eram suas, ninguém sabia contar como ela. Havia uma nota pessoal nas modulações de sua voz e uma expressão de humanidade nos reis e nas rainhas dos seus contos. O seu "Pequeno Polegar" era diferente. A sua avó que engordava os meninos para comer era mais cruel que a das histórias que outros contavam.» («Menino de Engenho», 2016, Capítulo 20, p. 70)
«Faixa de rodagem» vs. «via de trânsito»
Tem-se ouvido e lido com alguma frequência o termo «faixa de rodagem» e «via de rodagem», quando se fazem referências à circulação automóvel numa autoestrada, por exemplo. Na minha perceção linguística, talvez até influenciado pela sonoridade, costumo dizer que «a autoestrada Lisboa-Porto é uma via de acesso, com quatro faixas de rodagem, sendo duas em cada sentido». Logo, uso o termo «faixa de rodagem». Assim, e agradecendo desde já, solicito a vossa ajuda de forma a perceber se se deve dizer «faixa de rodagem» ou «via de rodagem».
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa