DÚVIDAS

A concordância verbal numa frase interrogativa
com inversão do sujeito
Apesar de toda a consulta no Ciberdúvidas de artigos similares, é-me complexo decidir qual a melhor opção. «Que ciência nos ensina os livros?» «Que ciência nos ensinam os livros?» Pensei que a primeira opção será a mais correcta, mas, algumas horas depois de escrever a frase, tive a clara sensação de que estava errada. Compreendo que a solução simples seria optar por «Os livros ensinam-nos que ciência?», mas esta frase claramente não cumpre os objectivos da primeira no contexto em que será usada (primeira frase de uma sinopse). Muito obrigado.
A pronúncia e o uso de vintage
A propósito do lançamento do último disco do grupo musical Ala dos Namorados, intitulado Vintage, tanto os seus participantes, nas entrevistas que concederam, por exemplo à Antena 1, como a própria promoção do CD nesta emissora de rádio, dizem sempre a palavra em inglês: /vinteidje/. Independentemente de duvidar que essa seja mesmo a pronúncia inglesa*, parece-me que, sendo a palavra de facto um anglicismo, ela já entrou, e há muito, na língua portuguesa – e devidamente dicionarizada com o significado genérico de «boa colheita» –, pelo que deve ser pronunciada como tal. Ou seja, /vĩntɐdʒe/. Estou certo? * Em inglês, não será, antes, com acentuação na primeira sílaba?
Os pronomes relativos o que e que em orações relativas apositivas
«Imaginemos, não o diálogo, que esse já aí ficou, mas os homens que o sustentaram, estão ali frente a frente como se se pudessem ver, que neste caso nem é impossível, basta que a memória de cada um deles faça emergir da deslumbrante brancura do mundo a boca que está articulando as palavras,...» José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, pág. 180 Gostaria muito que me dissessem se o que da proposição «que neste caso nem é impossível» no texto de Saramago faz parte da locução o que, e ipso facto, equivale a isto, e essa mesma construção poderia ser vista como relativa apositiva, ou, se se trata de um que causal segundo pensa o gramático brasileiro Napoleão Mendes de Almeida. Agradeço-vos, desde já, não só a minha resposta mas também o vosso trabalho monumental. Muito obrigada!
O feminino de mestre
Ouvindo na rádio uma reação ao falecimento da professora Maria Helena Rocha Pereira – por sinal, um dos seus ex-alunos na Universidade de Coimbra –, estranhei que se lhe tenha referido como «a Mestre». Mestre não faz o feminino mestra? Será que estamos aqui também em presença do mesmo tipo de resistência ao feminino poetisa e juíza, por exemplo? Os meus agradecimentos pelo esclarecimento.
A concordância verbal com expressões partitivas
(«metade de», «um terço de», etc.)
Como devo escrever? «Metade dos inquiridos não concordou com a medida», ou «Metade dos inquiridos não concordaram com a medida»? «Um terço desses peritos não sabe do que fala» ou «Um terço desses peritos não sabem do que falam»? «Uma grande percentagem de portugueses fala inglês», ou «Uma grande percentagem de portugueses falam inglês»? Muito grato.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa