DÚVIDAS

Os valores do gerúndio simples e do gerúndio composto
De uma forma muito resumida, costuma-se dizer que a forma simples do gerúndio indica uma ação em curso e a forma composta, por sua vez, indica uma ação concluída antes da ação expressa na oração principal. No entanto nestas duas frases, as duas formas do gerúndio parecem indicar o mesmo tempo, posterioridade à ação expressa na oração principal: Gerúndio simples: «Lendo o livro, podes sair.» Gerúndio composto: «Tendo lido o livro, podes sair.» Na minha leitura, as duas têm o valor de futuro. Está certa a leitura? É uma particularidade das orações que exprimem a ideia de condição? Poderia dar-me outros exemplos de frases em que as duas formas têm o mesmo valor? Obrigada.
«Sair à rua» e «sair para o cais»
Votos de bom trabalho para toda a equipa do Ciberdúvidas, que tanto nos ajudam! Tenho uma dúvida quanto ao verbo sair. Procurei se o mesmo se rege por alguma preposição, porém, não encontrei. Na frase: «Ao chegar a Campanhã, Carla pegou na maleta e saiu ao exterior /ao cais.» (referindo-se a uma passageira de um comboio). O uso desta contração a+o está correto? Ou deveria ter-se empregado a preposição para? «Ao chegar a Campanhã, Carla pegou na maleta e saiu para o exterior/ para o cais.» Para mim, que não sou portuguesa nativa, muitas normas gramaticais deste tão bonito idioma geram-me imensas dúvidas. Agradeço a vossa resposta.
Construção comparativa: «a mais do que»
Aproveito essa oportunidade para agradecer a toda a equipa do Ciberdúvidas o trabalho que têm desenvolvido incessantemente ao longo dos anos. A plataforma tornou-se um recurso mais que valioso para muitos seguidores da lusofonia e, sobretudo, permitam-me aqui uma nota, um meio de preservação e pesquisa de particularidades que destacam precisamente o português de Portugal, bastante e imerecidamente preterido hoje em dia em materiais didáticos estrangeiros e pela Internet fora. Ao assunto. 1. Apareceu-me uma frase: «[O sobrinho]… respondeu-me com o braço por cima dos meus ombros, cresceu quase meio metro a mais do que eu e tem gosto em sentir que nos protege (...)» (P., 18/08/24, por B.W.). Embora eu tenha visto tal uso diversas vezes em edições precolendas portuguesas (Público, etc.), ouvido estar em plena circulação no português do Brasil e tenha sido o fenómeno registado em: 1. Dicionário Priberam e 2. Infopedia – nos exemplos não verificados pelos editores e na descrição do verbete, sempre me deixa em dúvida a "convivência" das duas expressões, a meu ver, distintas: «qualquer coisa mais (do) que qualquer coisa» e «qualquer coisa a mais». Na maioria esmagadora dos resultados que obtive ao pesquisar, a preposição a surgia na formação «a mais do que qualquer coisa», enquanto a regência verbal («... corresponde a mais do que metade...») ou nominal («referência/algo referente a mais do que...»), e não como parte da locução comparativa única. Ou, se ocorria «a mais», era seguida de um ponto final: «tantas vezes a mais»; «uns anos a mais»; «ficou com moedas a mais», etc. O mesmo acontecia a «a menos». Se bem que isto não pareça apresentar uma agramaticalidade, se tanto, será que se precisa de a em «a mais do que» do exemplo exposto? Em tese, podia (ou devia?) ser algo como: «...cresceu mais alto (do) que eu, ficou com meio metro a mais [ponto final]»? Haverá cambiantes de acepção ou estilo tanto no contexto do português de Portugal como no âmbito brasileiro?  Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa