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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Nas Controvérsias, discute-se um  tema que é praticamente o mesmo de há duas décadas: assim como havia interrogações sobre o começo do presente século e milénio – foi em 2000 ou 2001? –, também agora se levanta a questão de saber se o ano de 2020 marca ou não o princípio de uma nova década. O consultor D'Silvas Filho dá o seu parecer.

2. Como se usa o verbo constar? Por exemplo, estará correta a frase «no que consta o relatório, os resultados foram positivos»? A resposta faz parte da atualização do Consultório, onde se abordam ainda outros tópicos: um nome no plural modificado pela associação de adjetivos no singular («nos domingos anterior e posterior ao Natal»); a contagem de sílabas de um dissílabo que ocorre num poema (caso do possessivo sua); a polissemia de uma palavra (o adjetivo casual); e a boa formação de um nome (o regionalismo prateleiro).

3. «Ensinar é sempre um último sopro, aquele que faz valer a pena continuar a ser professor, apesar de tantas adversidades» – declara a professora Lúcia Vaz Pedro sobre o que move os professores na sua ação pedagógica apesar das dificuldades, em artigo que assinala, em Portugal, o regresso à escola após as férias do Natal e que foi publicado no jornal Público, em 6 de janeiro de 2020.

4. A Galiza continua a ser tema de atualidade, porque, finalmente, parece haver vontade política para concretizar a sua aproximação aos países de língua portuguesa. Nas Diversidades, transcreve-se com a devida vénia a crónica que o professor universitário e tradutor português Marco Neves dedicou* à notícia segundo a qual a emissão de canais de rádio e televisão portugueses na  Galiza faz parte do acordo de governação em Espanha entre o PSOE e o Bloco Nacionalista Galego. Trata-se de uma reclamação antiga do parlamento galego, que em 2014 aprovou a Lei Paz-Andrade, com a qual se visa incentivar na Galiza o ensino do português e o contacto com as culturas veiculadas nesta língua.

* Texto intitulado "Porque querem os galegos ver televisão portugues?", publicado na plataforma noticiosa Sapo 24 e no blogue do autor, Certas Palavras, com a data de 5/01/20020.

5. Entre as notícias que têm marcado a atualidade da língua portuguesa, merecem registo:

– Ainda envolvendo a Galiza, mas no contexto de debate político nas cortes espanholas, em Madrid, o uso do agradecimento obrigado  entre o deputado do Bloco Nacionalista Galego e o recém-eleito presidente do governo de Espanha, Pedro Sánchez, gerou polémica, porque, mesmo em galego, a fórmula mais corrente é gracias ou grazas (numa ortografia reintegracionista, à portuguesa, graças). Na Galiza, muitos dizem que obrigado só se emprega em português, mas há setores que consideram que a expressão também tem cabimento em galego. É o que se defende em "Agradecermos con 'obrigada' é correcto", um artigo publicado no jornal Nós, uma nova publicação diária em língua galega lançada em 02/01/2020.

– Decorre o Seminário anual do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua nos dias 8 e 9 de janeiro de 2020, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Este encontro conta com a participação de várias figuras da vida política e institucional portuguesa que discutirão aspetos da promoção internacional da língua. Sobre este acontecimento, leia-se o artigo que o presidente do Camões, Luís Faro Ramos, publicou em 07/01/2020 no jornal Diário de Notícias.

6. Nos programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa,  têm realce os seguintes temas:

– No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, dia 10 de janeiro, pelas 13h20*, entrevista-se a jornalista Paula Torres de Carvalho, que partilha com o jornalista José Mário Costa a autoria de Manual de Comunicação, um guia orientador da linguagem utilizada nas várias plataformas  Comité Olímpico de Portugal (mais informação nas Notícias).

* Hora oficial de Portugal continental,  ficando  programa Língua de Todos,disponível posteriormente aqui.

– No programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 12 de janeiro, pelas 12h30**, convida-se a linguista Sónia Valente Rodrigues,  professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), para falar de Joaquim Fonseca, falecido em 20 de agosto de 2019, investigador e docente na área da linguística do texto também na FLUP, que foi precursor em Portugal de diversos domínios, nomeadamente os que ligam os estudos didáticos aos estudos linguísticos e literários.

** Hora oficial de Portugal continental,  ficando o programa Páginas de Português  disponível posteriormente aqui.

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1. A entrada neste novo ano leva-nos a desejar a todos os nossos consulentes um excelente 2020, com felicidade, sucesso e bom português.Cada começo de ano é motivo para elaborar projetos a concretizar no decurso dos seus 365 dias. Ora, este ano temos mais um dia para realizar todos os nossos objetivos porque 2020 é um ano bissexto, o que significa que tem 366 dias. Esta situação tem lugar de quatro em quatro anos, de modo a manter o calendário anual ajustado ao movimento de translação da Terra, que, na realidade, tem a duração de  365 dias, 5 horas e 48 minutos. Logo, a cada quatro anos, introduz-se mais um dia no calendário para fazer o acerto (cf. aqui). Popularmente, julga-se que o termo bissexto, usado para designar este ano, está relacionado com os dois 6 de 366 (ou seja, bissexto significaria "dois 6"), mas a palavra tem a sua origem no termo latino bisextus, palavra complexa formada por "bi-" ("duas vezes") e "sextus", em referência ao sexto dia antes das calendas de Março, de acordo com o calendário romano – ou seja, os romanos, de quatro em quatro anos, repetiam este dia sexto, o que atualmente corresponderia a colocar um dia extra entre 24 e 25 de fevereiro (cf. resposta «Ano bissexto»). O início do ano implica também o recomeço da contagem do tempo, feita em horas, dias, semanas e meses. O primeiro intervalo de tempo é um mês de 31 dias que recebe o nome de janeiro, termo herdado do latim e que está relacionado com o deus Jano, o deus da mudança, que tem como característica marcante o facto de ter duas faces, uma que olha para trás, para o passado, e outra para a frente, para o futuro (a propósito, recordamos o artigo da professora Maria Regina Rocha sobre o calendário e os nomes dos meses). 

2. Também motivado pela entrada do novo ano, o tradutor e professor universitário Marco Neves pega exatamente na palavra ano para convidar os seus leitores a uma viagem pelas formas de dizer e escrever a palavra em algumas línguas latinas, de Portugal à Transnístria (vídeo disponível no seu blogue Certas Palavras). 

3. Com o início do novo ano, o Ciberdúvidas regressa às atualizações regulares do Consultório, tratando as mais diversificadas questões: da norma às evolução linguística, passando pela ortografia, sintaxe, semântica, pragmática, entre outros domínios específicos da língua portuguesa. Com base numa primeira questão, verificamos que o contacto entre línguas leva a que, por vezes, ocorram empréstimos de palavras e até decalque de expressões. Será este o caso de «ficar a dever uma», expressão pouco normativa em português que terá sido decalcada do inglês. Também pouco aceitável do  ponto de vista formal, no âmbito do português europeu, será o verbo vidrar com o significado de «ficar encantado». É também no âmbito da norma que se enquadra a questão dos tempos e modos verbais a utilizar numa ata, embora se venha a verificar que algumas opções são condicionadas pelas intenções dos falantes. Ainda uma resposta sobre as possibilidades sintáticas do verbo indemnizar e sobre as razões da grafia distinta no português europeu e no português do Brasil. Por fim, a questão do aportuguesamento do nome latino Ammaia, designação dada a uma antiga cidade da Lusitânia romana, localizada em Portugal, em São Salvador de Aramenha (concelho de Marvão, Portalegre). 

4. Saudade é a palavra que caracteriza por excelência a língua portuguesa. O mito da impossibilidade de tradução desta palavra cresceu e transformou-a numa realidade opaca e carregada de sentimentos que, aparentemente, só quem é falante de língua portuguesa estará habilitado a experimentar. Retomando a simbologia da palavra e a problemática da sua origem, a revista National Geographic apresenta um apontamento que destaca a importância que a saudade foi conquistando. A este texto associamos outro do escritor português Onésimo Teotónio de Almeida (datado de 2016), que reflete sobre a essência da supostamente intraduzível palavra. A palavra saudade tem também uma história associada à entrada em vigor em Portugal da norma  ortográfica de 1945. Vigorando até então a reforma de 1911, a palavra grafava-se com um trema (saüdade) e a mudança não deixou indiferentes os falantes que tinham sido alfabetizados nessa norma.  Definia a Base XXVII da norma ortográfica de 45: «O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo». E, ontem como hoje, sempre que há mudanças na língua, as reações não faltam. Uma delas está bem ilustrada pelo poema satírico de autoria do poeta e escritor português João Silva Tavares (1893-1964), que, de forma bem humorada, defendeu que a supressão do trema constituía afinal um problema a menos numa realidade tão complexa como é a da saudade

No português do Brasil, o trema caiu com a entrada em vigor no país do Acordo Ortográfico de 1990, conforme o estipulado na sua  Base XIV.

5. A Galiza vai poder ter acesso aos canais de rádio e televisão portugueses, fruto do acordo entre o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e o BNG (Bloco Nacionalista Galego), através do qual se facilitará a investidura de Pedro Sánchez com o voto de Néstor Rego, deputado nacionalista galego (notícia aqui). Este acordo serve os interesses da Galiza, que pretende promover a língua galega através de  inúmeras estratégias, entre as quais a aproximação ao português, língua com a qual partilha as suas raízes. 

6. Durante o período de interrupção das atividades do Consultório, o Ciberdúvidas manteve a divulgação de textos relacionados com a língua portuguesa, que aqui recordamos num breve apanhado: a nossa colaboradora permanente Carla Marques, olhando alguns usos recorrentes na comunicação social, alertou para os casos de utilização excessiva e, por vezes, violenta do verbo arrastar; numa perspetiva mais histórica, destacámos a crónica do historiador e político Rui Tavares sobre o livro Assim Nasceu uma Língua, do linguista Fernando Venâncio, centrando-se no tema da origem problemática e longínqua da língua portuguesa; ainda numa perspetiva histórica, divulgámos um apontamento do tradutor Vítor Lindegaard que trata as origens das palavras charro, insumo sótão; em torno das palavras relacionadas com a época natalícia, um texto do poeta e cronista Pedro Mexia explora o período e o significado do Advento; por fim, um texto do professor Santana Castilho, que reflete sobre a situação do ensino do português no estrangeiro. 

7. palavra do ano 2019 é violência doméstica. Esta iniciativa da Porto Editora, que divulgou hoje (6 de janeiro) a palavra eleita,  destaca a riqueza e a diversidade lexical da língua portuguesa e tem permitido sublinhar assuntos centrais a que a população e a comunicação social atribuem maior importância ao longo do ano. Num ano marcado pelas notícias relacionadas com este flagelo, a escolha de violência doméstica como palavra do ano é também mais uma forma de consciencializar para a importância de prevenir e impedir a existência de quaisquer tipos de maus-tratos em ambiente familiar. «A escolha é justificada pela Porto Editora “em consequência dos inúmeros casos que foram sendo conhecidos ao longo do ano e que, infelizmente, resultaram em vítimas mortais — de acordo com notícias recentes, foram 35 mulheres, homens e crianças assassinadas em Portugal no contexto de violência doméstica só no ano passado”», afirma-se na notícia do jornal Público

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1. Natal: época de reflexão e de união, época de partilha e de proximidade. A vivência deste período convida à comunicação entre os Homens, que procuram, por atitudes ou palavras, expressar os votos que a data estimula. Proliferam as mensagens que lembram e fazem lembrar, que distribuem esperança e força para recomeçar. Dada a importância que estas palavras podem ter para quem as envia ou para quem as recebe, é fundamental que os erros não venham manchar as boas intenções (ainda que se trate de uma mensagem estereotipada). Por esta razão, Carla Marques, colaboradora permanente do Ciberdúvidas, num pequeno apontamento, passa em revista algumas mensagens menos corretas que por aí circulam, passando de mão em mão, e explica a natureza dos erros. Para que as festividades possam também ser o espaço de uma língua estimada e cuidada. 

Quem também não é indiferente à ligação entre a língua e Natal é o tradutor e professor universitário Marco Neves, que tem publicado diversas crónicas relacionadas com o tema, das quais recordamos aqui «Doze deliciosas palavras deste Natal» e «Que língua fala o Pai Natal? E o Menino Jesus?». E, para além destas, alguns textos alusivos ao Natal e suas tradições: «Els caganers: a mais estranha tradição de Natal na Catalunha» e «Natal, sexo e escadas rolantes». Ver, ainda, Como São as Tradições de Natal Nestes Países?

O Ciberdúvidas faz coincidir a sua interrupção com a pausa escolar do 1.º período em Portugal, ficando fechado o consultório linguístico. Não obstante, continuaremos a assinalar nos Destaques notícias relevantes da atualidade, ficando disponível o acesso ao vasto arquivo do Ciberdúvidas (ver aqui). A partir de 6 de janeiro de 2020, regressaremos com as atualizações regulares. Para qualquer outro assunto os contactos estão descritos aqui.

 Primeira imagem: iluminação da cidade do Porto: segunda imagem: iluminação da cidade de Viseu.   

2. Três países de língua portuguesa, Brasil Cabo Verde e Portugal, foram presenteados durante a semana de 11 de dezembro com o anúncio de que a UNESCO reconheceu a três das suas tradições como Património Imaterial da Humanidade:  o Bumba meu boi, festa tradicional do estado do Maranhão; a morna, género musical cabo-verdiano, considerado a «música rainha» do país e que teve como maior expoente a cantora Cesária Évora, que a projetou a nível mundial; e os caretos de Podence. Caretos são figuras tradicionais da aldeia de Podence (do concelho de Macedo de Cavaleiros, situado na região nordeste de Portugal), que representam figuras diabólicas, vestidas de colchas vermelhas decoradas com lã colorida, máscaras vermelhas e chocalhos à cintura. Na época das festividades do final do inverno e da celebração do Carnaval, os caretos apanham as raparigas para as poder "chocalhar" (notícias aqui aqui e aqui).

No plano linguístico, esta última tradição levanta o problema de como pronunciar corretamente o topónimo Podence. Como explica Carlos Rocha, coordenador executivo do Ciberdúvidas, não há razão histórica para se pronunciar "Pòdence", com vogal aberta (o que poderá, eventualmente, acontecer pela sugestão de "Esposende" - que se diz "Espòsende", com "o" átono mas aberto). Na verdade, os próprios naturais da aldeia, dizem "pudence", como seria de esperar em posição átona. Há topónimos que têm vogal abertas em posição átonas por razões históricas: por exemplo, além de "Esposende", conta-se "Resende", com "e" aberto átono na sílaba "Re-". Estas vogais átonas abertas devem-se  geralmente à contração (crase) de pares de vogais iguais; assim, "Esposende" tem um "o" aberto que remonta ao par "oo" da forma medieval (hipotética) "Espoosendi"; e o "e" aberto de "Resende" será o resultado de "ee" da forma também medieval "Reezende".*

* A forma é "Espoosendi" é hipotética, porque o que se atesta em 1258 é "Espoesendi" (ver José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa). Quanto a "Reezende", ocorre esta nos Portugaliae Monumenta Historica, muito embora nesta fonte também figure "Reisindi", que pode pôr em causa a possibilidade de o "e" aberto da forma atual ter a explicação aqui proposta.

 3. A jovem ativista sueca Greta Thunberg foi considerada pela revista Time personalidade do ano 2019. O destaque que a jovem tem merecido em todos os meios de comunicação social motiva a questão sobre a pronúncia correta do seu nome, dada até a complexidade do sistema fonético sueco. Este esclarecimento é feito na atualização do Consultório e dá o mote para algumas das respostas que agora divulgamos, relacionadas com a importância que a correção assume em vários planos da língua, para além de permitir recordar que, não raro, o problema da correção não se coloca no domínio do certo ou do errado, mas está antes dependente do contexto de comunicação ou do registo de língua a ser usado. É desta natureza a alternância de usos das expressões «jogar mais ele» e «jogar com ele». É também a preocupação com a correção que está na base de uma pergunta sobre os termos de âmbito regional garruço e barruço ou sobre o uso da expressão «muito fundamental». Já a alternância entre as expressões «funcionar aos sábados» e «funcionar nos sábados» evidencia um caso de especialização dos sentidos. Uma outra questão prende-se com a correção da opção pela colocação de uma preposição em início de construção clivada (como em «Do que muitos começam a duvidar é das suas possibilidades»). Por fim, identifica-se o ato ilocutório configurado pela interrogação «O remédio?» e a função sintática do grupo preposicional na frase «Estreou em 1843».  

4.  Na rubrica Montra de Livrosdivulgamos a obra do historiador português António Borges Coelho, intitulada Ruas e Gentes na Lisboa Quinhentista (com a chancela da editora Caminho), onde se esboça um retrato das pessoas e da Lisboa quinhentista, passando também pela toponímia da capital. 

5. Na atualidade relacionada com língua, destacamos a colaboração do Plano Nacional da Língua 2027 com o programa Jogo da Língua, transmitido de segunda a sexta-feira na Antena 1 e na RDP Internacional, da responsabilidade da Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Alunos que frequentam o 3.º ciclo e o ensino secundário em Portugal passam a participar ao desafio do dia. Quem acertar na resposta, a respetiva Biblioteca Escolar receberá livros oferecidos pelo PNL2027.  Mais pormenores aqui

6. Sobre os temas da semana dos outros dois programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, o  Língua de Todos , na RDP África, e  o Páginas de Português , na Antena 2aqui.

7. Para celebrar a língua em época natalícia, o Ciberdúvidas brinda os seus leitores com um poema alusivo à época, da autoria do poeta e compositor musical brasileiro Vinicius de Moraes, acompanhado por uma pintura sugestiva do pintor português Domingos Sequeira. Boas festas!  

 

Poema de Natal
 
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
 
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
 
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
 
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
 
Vinicius de Moraes, Antologia Poética

 Domingos Sequeira, Adoração dos Magos. 1828

 
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1.  O atribulado processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, continua a ser terreno fértil para novas palavras. Além do que já ficou registado em arquivo¹, no contexto das eleições em 12 de dezembro de 2019, em que os britânicos vão (espera-se) definir finalmente o seu rumo, a comunicação social em português estreia mais uma criação lexical, a do verbo brexitar², que se atesta, por exemplo, na seguinte passagem, da autoria do jornalista Ferreira Fernandes (Diário de Notícias, 7/12/2019; sublinhado nosso): «Se houver uma maioria de voto conservador, é a decisão que tem consequências mais francas sobre a Europa: eles brexitam mesmo. E não só saem, como essa decisão pode levar a Escócia a referendar a sua independência e as Irlandas a unir-se. Quer dizer, ao partir, e por partir, o Reino Unido pode partir-se. Tudo mau.» E significará brexitar? Proponha-se a seguinte perífrase: «sair da União Europeia, em referência ao Reino Unido (ou, talvez, parte dele)».

¹ Brexit vs. Bremain, os dois anglicismos marcantes do referendo na Grã-Bretanha, pró e anti-União Europeia + Erros persistentes que apoquentam os professores, o questionamento linguístico e o neologismo brexiteiros + O neologismo Mayexit História do inglês do Beowulf ao Brexit  + As línguas na Europa: o que mudará com o Brexit? O euroléxico de A a Z.

²  Sobre brexiteiro, como aportuguesamento de brexiteer, «defensor ou ativista do Brexit», ler aquinotícia de 10/12/2019 do jornal Público.

2. Diz-se «a União Europeia advertiu de que....», ou «advertiu que...»? É certo que o verbo advertir se associa sempre com a preposição de – isto é, tem regência – a uma expressão nominal, como acontece com «a União Europeia advertiu de eventuais riscos».  Mas será legítimo suprimir a preposição de antes da conjunção que? A esta questão dá resposta o Consultório na presente atualização, na qual também se revela que a conjunção e, apesar de pequenina, é palavra polissémica, ou seja, tem vários significados e que «o suficiente» é um grupo nominal que pode funcional adverbialmente. Fala-se ainda da formação do adjetivo parafraseável e retoma-se o problema do aportuguesamento de topónimos estrangeiros com a análise do caso de Vancouver, nome de uma cidade canadiana.

3.  Aproxima-se um novo ano, e o mês de dezembro constitui a tradicional oportunidade de os media brindarem o público com balanços e projeções. Entre contagens e estatísticas, mencionemos dois casos relacionados com a onomástica – por outras palavras, com o estudo dos nomes próprios:

– em Portugal, os nomes próprios mais frequentemente atribuídos em 2019 no registo de recém-nascidos foram, para  as meninas, Maria, Leonor e Matilde, enquanto, entre os meninos, Francisco foi o favorito, seguido de João e Santiago (fonte: Público, 10/12/2019);

– no Brasil, a situação é outra em matéria de escolha de nomes : Miguel, Arthur3  e Heitor são os três mais usados para os rapazes, ao passo que Helena, Alice e Laura dominam entre as raparigas(fonte: Bebe.com.br, do grupo Abril);

– quanto aos nomes que, em Portugal, mais pesquisados foram pelo Google, em primeiro lugar conta-se Ângelo Rodrigues – assim se chama o ator português que foi notícia em agosto de 2019 por causa de um grave problema de saúde – e Flamengo, denominação da equipa de futebol treinada pelo português Jorge Jesus, que conseguiu conquistar o campeonato brasileiro e a Taça dos Libertadores (fonte: Jornal de Notícias, 11/12/2019).

– internacionalmente, Greta é o nome mais relevante – segundo a escolha da revista norte-americana Time, que considerou a jovem ativista sueca como personalidade do ano, destacada pelo trabalho que fez em prol da defesa do planeta. Ver ainda "Greta é a personalidade do ano para a revista "Time". Foto tirada em Portugal" + Greta Thunberg. A história por detrás da foto da Time tirada em Lisboa.

3 A forma portuguesa é Artur, mas a onomástica pessoal mostra certa flexibilidade (sobre a grafia dos nomes próprios pessoais, ver documento do Instituto dos Registos e do Notariado).

4 Como se sabe, em Portugal, a palavra rapariga define-se como «criança ou jovem do sexo feminino». É, portanto, equivalente a moça ou menina

4. Outros registos da atualidade:

– Em Portugal, a Assembleia da República vota neste dia a Lei da Nacionalidade, a qual diz respeito às condições de concessão da cidadania portuguesa. De acordo com dados publicados no Público de 28/06/2019, entre as nacionalidades estrangeiras mais numerosas no território português, estão, por ordem decrescente, os brasileiros, os cabo-verdianos, os romenos, os ucranianos, os britânicos, os chineses, os franceses, os italianos, os angolanos e os guineenses da Guiné-Bissau.

Sobre o gentílico cabo-verdiano, consultar "A insistência cabo-verdiana no erróneo "caboverdiano". Acerca do gentílico da Guiné-Bissau, ler "Os nomes pátrios da Guiné-Equatorial e da Guiné-Bissau". 

Cf. Filhos de imigrantes nascidos em Portugal podem ser portugueses desde que um progenitor seja residente +  Já há mais cidadãos a obter nacionalidade portuguesa do que nascimentos +  Este ano houve quase 103 mil cidadãos que se tornaram portugueses +  Em Portugal, um em cada dez bebés nasce de mãe estrangeira

– O lançamento de uma petição no aniversário da morte de Fernando Pessoa, em 30/12/2019, com o objetivo de exigir «o ressurgimento do ensino de português como língua materna junto das crianças e jovens portugueses e lusodescendentes residentes no estrangeiro». A iniciativa partiu de Pedro Rupio, um conselheiro das Comunidades eleito na Bélgica.

– Faz 20 anos – em 20 de dezembro – que Macau passou à administração da República Popular da China. Neste território, a língua portuguesa continua a ter uso oficial a par do mandarim, mas o embaixador António Santana Carlos, que liderou o processo de transferência de soberania, recorda que a manutenção desse estatuto «não foi fácil de conseguir, [pois] foi preciso insistirmos muito e mantermos uma coerência ao longo de todo esse processo» (fonte: agência Lusa e Mundo ao Minuto).

5. Quanto aos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, lembramos que o programa Língua de Todos é transmitido pela RDP África na sexta-feira, dia 13 de dezembro, pelas 13h20*, e o programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 15 de dezembro, pelas 12h30*,

* Ambos os programas têm repetição: o Língua de Todos, no sábado, dia 14 de dezembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 21 de dezembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

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1. A pronúncia é a forma como se realiza a prosódia de uma palavra. Todavia, os falantes não pronunciam as palavras sempre da mesma forma, ficando as diferenças dependentes de fenómenos regionais, sociais, educacionais ou simplesmente de modas em vigor. O contraste entre as pronúncias de uma mesma palavra gera, por vezes, as hesitações dos falantes, que podem mesmo questionar a correção da forma como sempre pronunciaram uma dada palavra. Esta situação ocorre na questão que se coloca ao Consultório relacionada com a pronúncia de Isaac. Numa outra questão pergunta-se se a expressão «um ror de», que surge com alguma frequência, terá alguma ligação com a palavra horror? Regressando ao tema dos verbos, sabemos que as classes verbais podem ser constituídas segundo diversos critérios, sintáticos, semânticos ou morfológicos. Nesta perspetiva, a que classe pertencerá o verbo acusar, segundo a sua significação? Para concluir, uma questão de âmbito textual e discursivo sobre o tipo de coesão assegurado pelo advérbio de lugar .

Primeira imagem: Abraão e Isaac, de Rembrandt, 1634   

 2. Celebra-se hoje, dia 9 de dezembro, o Dia Nacional da Imprensa, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Imprensa. Este ano, as comemorações têm lugar em Coimbra e visam apontar caminhos a seguir pela imprensa, numa altura em que atravessa uma situação de crise e se debate com o problema das «notícias falsas» (notícia aqui). O Ciberdúvidas tem, desde sempre, dedicado uma particular atenção à imprensa, como espaço de vida da língua, de divulgação de temas de âmbito linguístico e também de erros e dúvidas. Neste domínio, as comemorações deste evento recordam-nos respostas relacionadas diretamente com os géneros da imprensa ou com vocabulário temático, sobretudo os anglicismos: «Os diferentes textos de imprensa», «Sobre a notícia», «Crónica de imprensa», «Imprensa generalista», «Imprensa escrita?», «Press release = comunicado de imprensa», «A formação e o significado do termo mediólogo», «Newsletter = «boletim informativo»», «O anglicismo newsletter = «boletim informativo»», «A tradução de newsmaker». Publicámos também um número considerável de respostas relacionadas com o termo «meios de comunicação social»: «Media e «meios de comunicação»», «Ainda à volta da palavra latina media», «O uso de "media" (=«meios de comunicação social»)», «Media e «meios de comunicação»», «Ainda à volta da palavra latina media», «/Mèdia/ e não "mídia"», ««Media», média, /mídia/ + "canasto" / canastro». Sobre este tema, recordar também o apontamento do Pelourinho «In mídia virtus» e o artigo «Populismo e fake news». 

3.  As bengalas linguísticas são usadas como marcadores de discurso oral, sobretudo em situações de interação linguística. Auxiliam o locutor a organizar as ideias, marcam a tomada de fala, assinalam a reorientação discursiva... Enfim, são muitas e diversificadas as funções das bengalas linguísticas. Todavia, quando são frequentes e insistentes podem tornar o discurso pesado, enfadonho e difícil de interpretar por parte do interlocutor, o que leva a que sejam consideradas por muitos um vício de linguagem que importa eliminar. Estas bengalas linguísticas estão também associadas a modas que acabam por impor o uso de determinados itens lexicais. Assim, do  de gerações anteriores evoluiu-se para o pronto e o então e, mais recentemente, para o tipo, muito popular entre os mais jovens. É a este bordão linguístico que se dedica o texto da agência Lusa «"Tipo, ok. Tipo, não. Tipo, eu sei." Perceba o fenómeno», que aqui reproduzimos, com a devida vénia, e no qual se descreve o facto, se encontram causas e se apresentam algumas das posições distintas que gera. O recurso a determinadas bengalas linguísticas no discurso dos jovens, como tipo, foi também já assinalado no Ciberdúvidas num artigo divulgado na rubrica Na 1.ª pessoa (ver aqui). 

4.  O recurso, numa crónica do jornalista  português João Miguel Tavares, à expressão Homo sapiens com sentido plural lançou a discórdia sobre a forma que a expressão latina deverá assumir. O que está correto: a forma Homo sapiens, para o singular e para o plural, ou a forma Homines sapientes, se o sentido é plural? Poderá acompanhar a polémica na rubrica Controvérsias  (ver artigo aqui). 

5.  A existência de choques de culturas e a recusa de variantes do português que não a europeia são alguns dos dados resultantes de um estudo desenvolvido pela investigadora Juliana Chatti Iorio, divulgado em traços largos no Diário de Notícias (notícia aqui transcrita). A investigação em questão veio demonstrar que ainda existem preconceitos linguísticos nas universidades portuguesas, que levam a que se tenha dificuldade em aceitar como corretas outras variantes do português ou em querer conhecer as culturas dos estudantes estrangeiros. Dando como exemplo o caso dos alunos brasileiros, a investigadora afirma: «Muitas vezes, os próprios professores não aceitam a língua portuguesa falada e escrita no Brasil, discriminando mesmo o seu uso em sala de aula e não permitindo o uso de livros cuja tradução seja feita no Brasil.»

6. Nas notícias relacionadas com a língua portuguesa e com a comunicação, destaque para: 

— A decisão de entregar o Prémio CamõesChico Buarque, músico e escritor brasileiro, em Portugal, no âmbito das comemorações do 25 de abril em Lisboa, depois de o presidente brasileiro Jair Bolsonaro ter dado a entender que não iria assinar o diploma de entrega do prémio ao autor (ver notícia);

— A entrevista a Fernando Venâncio, escritor português e académico, por ocasião do lançamento da sua obra Assim nasceu uma língua, na qual defende que o português é uma língua tardia, que só se autonomizou do galego a partir do início do século XV (divulgada no jornal Público);

— A apresentação do projeto Mãos que cantam, da responsabilidade do maestro Sérgio Peixoto, que criou um coro de surdos com os alunos da Licenciatura e Mestrado em Língua Gestual Portuguesa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica, que começou por atuar em conjunto com o Coro dessa Universidade, no dia 11 dezembro de 2019, às 18h00, na Biblioteca Palácio Galveias.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Uma consulente do Brasil pergunta se há 90 anos já existiam a expressão «matar dois coelhos com uma cajadada» e o idiomatismo «dar pano para mangas» – isto é, «resolver dois problemas de uma vez» e «haver ainda muito que conversar», respetivamente. Já, sendo até possível atestar o seu uso literário em finais do século XIX, com variantes: «matar dois coelhos com uma cacheirada» e «dar pano para manga», formas que mantêm, num caso, a metáfora da caça e, no outro, a da confeção de roupa, equiparando um grande corte de tecido ao tema interminável de uma conversa ou debate. E que dizer de um outro giro idiomático, «perder a tramontana», aplicável a uma forte explosão temperamental?  Estes são dois dos tópicos abordados na atualização do Consultório, na qual outras dúvidas são também de perder o norte: até que ponto se aceita uma frase como «a feijoada acompanha com laranja e arroz branco»? Será possível construir o complexo verbal «vir a ter feito»? Como se faz a concordância verbal com «nada nem ninguém»? Como se escreve o diminutivo de saliência? Por último, uma palavra bizarra que denota essa mesma qualidade exasperante: escaganifobético.

2. Em Portugal, a marca étnica e cultural de África é significativa, de tal maneira que palavras como buécota (no sentido de «velho») ou moamba fazem parte da linguagem corrente. Mas no Brasil essa influência foi mais longe, por via da escravatura e da transferência maciça de falantes de línguas da família Níger-Congo e de um ramo desta, o dos idiomas bantos. Na rubrica O nosso idioma, transcreve-se com a devida vénia, do portal educativo MultiRio, um trabalho da jornalista brasileira Fernanda Fernandes, sobre a influência das línguas africanas no português do Brasil, moldado por extensas séries de palavras com origem na África ocidental.

Sobre o impacto das línguas bantas e de outras, também da família nigero-congolesa, leiam-se também os seguintes artigos e respostas: "A dimensão africana da língua portuguesa"; "Português, língua africana"; "A matriz negra portuguesa no Brasil"; "Palavras de origem africana na língua portuguesa"; "A origem e o significado de iaiá"; "Formação do léxico português no Brasil". Sobre as línguas africanas, consulte-se a obra de Ernesto d'Andrade (1944-2013), Línguas Africanas: Breve Introdução à Fonologia e à Morfologia, 2007 (cf. Montra de Livros).

3. Em Portugal, assinalam-se no dia 8 de dezembro os 125 anos do nascimento de Florbela Espanca (1894-1930), um nome singular da poesia portuguesa do século XX. A esta autora, são vários os artigos e respostas que o Ciberdúvidas lhe tem dedicado, entre os quais se salientam "O esquema rimático do soneto Ser Poeta, de Florbela Espanca", "Acerca de antíteses e de paradoxos", "A etimologia dos nomes Florbela, Florípedes, Rosalinda e Santiago", "Do hífen a Fernando Pessoa e a Florbela Espanca", "Vozes femininas da literatura portuguesa". E, para sentir a poderosa carga emocional da palavra de Florbela, ouçamos a atriz portuguesa Eunice Muñoz:

 

4. Passando ao Brasil e falando da sua capacidade de se afirmar pela suas sínteses culturais, sempre criativas, assinala-se em 8 de dezembro a passagem de 25 anos sobre a morte de uma dos grande vultos do movimento da bossa nova, de Antônio Carlos Jobim (1927-1994) – ou Tom Jobim, como se celebrizou artisticamente. O Ciberdúvidas não tem estado alheio ao contributo deste músico genial para a promoção cultural do seu país, como evidenciam os apontamentos que lhe são dedicados em "A falta que ele nos faz", "Coisas do português", "O advérbio não, Bossa Nova, verbos traiçoeiros e o sinal", e "Língua livresca". Só que melhor que falar de Tom Jobim é ouvir a música dele, e, portanto, aqui fica o "Samba de uma nota só", na interpretação de outra  figura inesquecível da bossa nova, Nara Leão (1942-1989): Vide ainda: Após 25 anos da morte de Tom Jobim, legado do artista é celebrado em projetos previstos para 2020.

 

5. Nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a  rádio pública portuguesa, duas entrevistas em destaque esta semana: a do antigo embaixador brasileiro junto da sede da CPLP, Lauro Moreira, no programa Língua de Todos (na RDP África na sexta-feira, dia 29 de novembro, pelas 13h20*); e a da professora universitária brasileira Edleise Mendes, sobre o XI Curso de Capacitação, para professores de Português como Língua Estrangeira/não Materna (organização do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e da CPLP), no Páginas de Português (Antena 2, no domingo, 8 de dezembro, pelas 12h30*).

* Ambos os programas têm repetição: o Língua de Todos, no sábado, dia 7 de dezembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 14 de dezembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Da inventividade de alguns ao convencionalismo de muitos, a linguagem juvenil exerce-se como afirmação de rebeldia, funcionando também como insígnia etária. Não admira, portanto, que no discurso dos jovens se encontrem marcas de uma atitude mais ou menos ostensiva e desafiadora do uso linguístico instalado entre os mais velhos. Em crónica sugestivamente intitulada "Tá-za-ver", na rubrica O nosso idioma, a consultora permanente do Ciberdúvidas, Carla Marques, dá conta da perplexidade que se apodera de um adulto subitamente confrontado com os modismos de um jovem em interação linguística.

2. A palavra trapézio denota um polígono de quatro lados e tem acento gráfico, mas trapezoide, que é nome e adjetivo, escreve-se sem esse sinal. No Pelourinho, comenta-se mais um exemplo da falta de atenção que um concurso televisivo – Joker, com grande audiência em Portugal – dá à ortografia.

3. A atualização do Consultório aborda velhos e novos tópicos: que diferença existe entre juízo e julgamento?  O que é correto: «a pessoa de que falamos», ou «a pessoa de quem falamos»? Diz-se «faz-se horas», ou «fazem-se horas»? É melhor usar «fez-lhe perder tempo», em vez de «fê-lo perder tempo»? O adjetivo participativo não será um impropriedade vocabular? Finalmente, como classificar os elementos textuais que constituem um cartaz publicitário?

4. O relatório PISA (Programme for International Students Assessment*) de 2018 acaba de ser publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que o elabora de três em três anos. Neste teste participaram 600 mil alunos de 79 países, entre os quais Portugal (5900 alunos), que não parece ter-se saído mal num panorama que é, no entanto, muito preocupante. Com efeito, se o ministério da Educação português sublinha que, no conjunto da OCDE, só os alunos de Portugal têm melhorado significativamente desde a primeira edição do PISA no ano 2000, a média dos dados globais aponta para  o cavar do fosso entre os alunos mais pobres e os mais ricos nos países envolvidos. Além disso, os indicadores de anteriores "paraísos educacionais", como era o caso até há bem pouco tempo da tão mencionada Finlândia, apontam para um pior desempenho nas três áreas avaliadas, ciências, matemática e leitura. Sobre os resultados do Brasil, leia-se aqui.

* Em português, Programa Internacional de Avaliação de Alunos.

Cf.. Cerca de 20% dos alunos com 15 anos não adquirem competências mínimas +  Das diferenças de género e de contexto social, ao bullying na escola  + China chega ao topo, Finlândia está em queda e Estónia confirma-se como estrela

5. Sobre as políticas desenvolvidas para a promoção do português, merece registo a publicação recente de A Língua Portuguesa como Ativo Político, da linguista brasileira Mônica Villela Grayley, que tem desenvolvido atividade e investigação na área do português no contexto das relações internacionais (mais informação na Montra de Livros). A Hora dos Portugueses, um programa da RTP Internacional, dedicou em 29/11/2019 um apontamento à apresentação que esta especialista fez da obra na Universidade de Colónia.

6. No quadrante da promoção da língua, refira-se que Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) lançou um novo portal temático dedicado ao "Oceano", um dos temas adotados pela presidência cabo-verdiana para o biénio 2018-2020. A apresentação foi feita na IV Reunião dos Ministros dos Assuntos do Mar da CPLP, a 26 de novembro de 2019, em São Vicente, Cabo Verde.

7. Depois das pontes políticas, uma nota sobre as pontes culturais que a língua portuguesa, falada ou cantada, permite lançar. Importa, portanto, mencionar um evento realizado na Galiza, a gala aRi[t]mar, cuja preparação envolveu ao longo de 2019 a votação dos públicos galego e português, chamados a escolher o que de melhor se produziu em 2018 em matéria de música popular nos dois territórios. Este processo culmina com um espetáculo que se realiza neste dia, 4 de dezembro, com a participação dos grupos musicais vencedores, as Tanxagueiras, da Galiza,  e os Azeitonas, de Portugal.

8. Em destaque esta semana nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portugesa produz para a  rádio pública portuguesa (mais informação na rubrica  Notícias):

– o antigo embaixador brasileiro junto da sede da CPLP, Lauro Moreira,  é entrevistado a propósito do livro que publicou, inspirado pela obra genial de Machado de Assis no programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África na sexta-feira, dia 29 de novembro, pelas 13h20*.

– o programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 8 de dezembro, pelas 12h30*, entrevista a professora universitária brasileira Edleise Mendes, para falar de uma iniciativa por ela coordenada, XI Curso de Capacitação, para professores de Português como Língua Estrangeira/não Materna, que se realizou entre 25 e 29/11/2019, com organização do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e a CPLP.

* Ambos os programas têm repetição: o Língua de Todos, no sábado, dia 7 de dezembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 14 de dezembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - COP25 tem início hoje, dia 2, em Madrid, e prolonga-se até dia 13 de dezembro. Trata-se de uma cimeira de importância crucial para a tomada de decisões relacionadas com as mudanças climáticas, que, segundo apontam diversos estudos, poderão ter consequências severas a médio e longo prazo, tais como a subida das temperaturas, a alteração dos padrões meteorológicos, a escassez de água e a subida do nível do mar, o que afetará severamente também os ecossistemas marinhos e terrestres (notícia aqui). Também neste âmbito, para o dia 3 de dezembro, está prevista a chegada a Portugal de Greta Thunberg, a jovem ativista sueca responsável pelo início da greve das escolas pelo clima, que participará numa sessão da Assembleia da República, seguindo depois para a cimeira COP25, onde fará uma intervenção (notícia).

O clima, na sua vertente linguística, tem merecido também a atenção do Ciberdúvidas nalgumas das respostas às questões colocadas no Consultório neste domínio, que se relacionam sobretudo com aspetos lexicais, desde a adequação dos termos às situações, à criação de novas palavras, passando pela polissemia dos termos: ««Alterações climáticas» ou «mudanças climáticas»», «Condições atmosféricas», «Climático», «As aceções do adjetivo temporal», «A formação da palavra edafóclimático», «Condições edafoclimáticas» e «Geoestratégico». A abordagem linguística do clima passa também pela sabedoria popular, com as suas máximas e provérbios, cuja adequação à realidade se analisou no artigo que aqui divulgámos. 

2. A formação de um verbo pode associar-se a processos mais ou menos obscuros. Na nova atualização do Consultório, analisamos a formação do verbo desunhar, explicando por que razão não se trata de um caso de parassíntese. A utilização de dois verbos consecutivos numa frase determina, à partida, que estamos perante um complexo verbal ou poderá tratar-se de uma outra realidade? As soluções encontradas pela língua para referir as realidades colocam, por vezes, dificuldades de interpretação, como acontece com a sequência «faz girar» numa dada frase. Neste caso, qual será o estatuto do verbo fazer? Verbo principal ou verbo auxiliar? A natureza dos verbos determina o número e o tipo de constituintes que os acompanham e se estes são introduzidos ou não por preposição. Contudo, nem sempre é fácil avaliar as propriedades verbais, como se verifica na frase «ergueu os olhos para o céu». Não só os verbos como também os nomes e adjetivos podem reger preposições. A questão que se coloca, em determinadas ocasiões, é a de determinar qual a preposição correta. É correto «garfo a peixe» ou antes «garfo de peixe»? Para concluir, a interjeição ena é analisada sob o ponto de vista das suas possibilidades significativas. 

3. O destaque que merece a língua portuguesa no atual momento justifica que aqui se divulgue um conjunto de vídeos que abordam a importância do português no mundo, dando uma visão do «tamanho da língua: como o português se espalhou pelo mundo», dos países onde se fala português (do programa Aqui se fala português), de documentários produzidos por oito países de língua portuguesa (notícia), não esquecendo o papel de jornalistas como o brasileiro Zeca Camargo, que visitou os países de língua portuguesa, descobrindo as tonalidades da língua e os cambiantes da cultura que a ela se associa (num programa de Fátima Bernardes). 

4. Não longe da língua portuguesa está o galego, que partilha as suas raízes com o português. Duas línguas cuja proximidade é documentada pelo tradutor e professor universitário português Marco Neves, na sua crónica «Uma língua escondida por cima de Portugal» (divulgada no sítio do Sapo24). 

5. Terá lugar na Universidade Lusíada de Angola um curso breve de esperanto intitulado “O Esperanto, língua pan-veicular, planeada, interétnica, neutra”. Orientado pelo advogado e esperantista luso-angolano Miguel Faria de Bastos, este curso destina-se a juristas, a profissionais da área do Direito em geral e do Direito linguístico em particular e compreenderá uma primeira parte de gramática integral e léxico essencial e uma segunda parte dedicada terminologia jurídica.

Imagem: Bandeira do esperanto

6Já teve início a votação para a escolha da Palavra do Ano, um evento da responsabilidade da Porto Editora. Este ano, a escolha far-se-á entre as palavras desinformação, influenciador, jerricã, lítio, multipartidarismo, nepotismo, seca, sustentabilidade, trotineteviolência. Um conjunto de palavras associado a realidades que tiveram grande destaque no plano nacional e internacional, sobretudo do ponto de vista social e político. A sensibilidade dos votantes relativamente às situações evocadas determinará qual a palavra mais marcante. 

Em Espanha, e por iniciativa da Fundéu BBVA, decorre  idêntica iniciativa. CfLas candidatas a palabra del año 2019 de la Fundéu

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Black Friday está de regresso. Repete-se um dia de celebração do consumismo desgovernado, numa atitude que o ministro do Ambiente e da Ação Climática português, João Pedro Matos Fernandes, classificou como um «contrassenso». É um bom pretexto para voltamos a um tema muitas vezes aqui assinalado: o uso excesso do inglês em Portugal,  quando as opções em língua portuguesa são variadas e adequadas à realidade que se pretende designar – como nos recorda Sara Mourato, num apontamento onde também conta a história por detrás deste fenómeno consumista, que nasceu nos Estados Unidos.

Primeira Imagem: Alexandr Bazhanov/Dreamstime 

2. O emprego correto do hífen nem sempre é bem conseguido nos textos que percorrem o espaço público. A ligação do verbo ao pronome átono, os usos com os advérbios bem mal, quando têm um valor prefixal, ou o caso dos nomes compostos. Muitas situações produzem hesitações, confusões e, não raro, erros que importa corrigir. A professora Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, num pequeno apontamento sobre o tema apresenta alguns casos nos quais o uso do hífen é obrigatório. 

3. Quantas vezes já não ouvimos alguém questionar-se sobre se o nome de uma determinada localidade deveria ser antecedido de artigo definido? Em situações anteriores, já aqui esclarecemos que a regra geral é a da não utilização do artigo, embora com topónimos que se formaram a partir de nomes comuns o artigo seja a opção mais comum. Para além destes preceitos, a opção das populações é também importante (ver resposta aqui).  O certo é que em Foios (ou nos Foios), uma aldeia da Guarda, a questão  também se coloca. Na nova atualização do Consultório, analisamos o caso particular desta localidade. Uma outra questão está relacionada com a etimologia e possibilidades de regência do verbo destacar. Já o verbo explorar motiva uma pergunta sobre as suas possibilidades significativas. No plano da ortografia, surge uma questão sobre a forma correta do nome composto manga-pagode. Respondemos, de novo, a uma questão relacionada com o valor dos tempos verbais, desta feita explorando a oposição entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. Para concluir, uma questão relacionada com um recurso expressivo no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.  

4. Na Montra de Livros, apresenta-se o Manual de Comunicação do Comité Olímpico de Portugal (COP), da autoria dos jornalistas José Mário Costa (cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa) e Paula Torres de Carvalho. Trata-se de um documento que estabelece a linguagem a utilizar nas várias plataformas do Comité Olímpico de Portugal e apresenta um glossário de termos olímpicos, dando um «importante contributo para a valorização da imagem de marca do Comité Olímpico de Portugal», como se afirma na apresentação da obra.

5. Dia Internacional da Solidariedade com o Povo Palestiniano é celebrado hoje, dia 29 de novembro. Esta data, instituída pela ONU, tem em vista alertar para o facto de o problema palestiniano continuar por resolver, na medida em que este povo ainda não viu reconhecidos os seus direitos atribuídos pela ONU. Um dos eventos mais destacados desta comemoração é uma exposição de fotos, na sede da ONU, em Nova Iorque. Este evento leva-nos também a recordar que, no Brasil, se consagrou o uso da palavra palestino, enquanto em Portugal vingou o termo palestiniano. Diga-se também que é possível o uso do termo palestinense, que, contudo, é pouco adotado pelos falantes. 

Recordamos também várias respostas divulgadas no Consultório relacionadas com o tema da Palestina: «Palestinos e massivo», «Gentílicos, outra vez», «Palestino = palestiniano = palestiniense», «Gentílicos femininos iguais aos nomes dos países» e «A etimologia de filisteupalestino». 

Imagem: Banco Mundial/Natalia Cieslik

6. Nos programas* produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa dá-se destaque à consagração do Dia Internacional da Língua Portuguesa (ver Notícias) e ainda à Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE 2019), que teve lugar nos dias 21 e 22 de novembro de 2019, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

 (Programa  Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 29 de novembro, pelas 13h20*, e Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 1 de dezembro, pelas 12h30*. * Ambos os programas têm repetição: o Língua de Todos, no sábado, dia 23 de novembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 30 de novembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.)

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Uma consulente do Brasil escreve-nos um tanto intrigada por em Portugal, com verbos da 1.ª conjugação, a 1.ª pessoa do plural do pretérito perfeito se escrever com acento agudo, como acontece com entregámos. No consultório, esclarece-se este traço de diversidade da nossa língua, a que se soma outra dúvida de natureza semelhante vinda de Angola, sobre a diferença de uso entre o adjetivo específico e o particípio passado especificado. Voltando ao Brasil, outra pergunta: de uma coisa, pode dizer-se que é bondosa? E, novamente em Portugal, o tema em questão é o estudo da gramática nas escolas:  será que as frases interrogativas introduzidas por qual são agramaticais, porque nelas se omite frequentemente o verbo?  Como classificar as construções que complementam os verbos acreditar e pensar? E a palavras como redondilha, soneto e poesia associam-se por vezes nomes e adjetivos com que função – a de complemento, ou a de modificador?

2. Na rubrica Notícias, dá-se exemplo de como a ratificação pela UNESCO do Dia Mundial da Língua Portuguesa tem tido impacto mediático em Portugal, disponibilizando a transcrição de uma notícia do Jornal de Notícias de 25/11/2019 e um apontamento que o jornalista Sérgio Almeida publicou no mesmo jornal em 26/11/2019. É de salientar que a referida proclamação tem o seu quê de excecional por se tratar da primeira vez que, como sublinhou o embaixador português na UNESCO, Sampaio da Nóvoa, se institui este tipo de comemoração para uma língua que (ainda) não tem estatuto oficial nesta organização.

3. Perante o cenário de manifestações e protestos desencadeados pela crise do ambiente, vão-se sedimentando certos termos no discurso, como é o caso de decrescimento, já há alguns anos saliente em usos mais ou menos especializados, associado a certas elaborações conceptuais e teóricas – em Portugal existe até um grupo denominado Rede para o Decrescimento. Paralelamente, acumulam-se as críticas e reações à chamada globalização, começando assim a desenhar-se uma exigência inversa, a de uma vontade de desglobalização, vocábulo igualmente a enraizar-se neste debate em português, que não está desacompanhado pelas línguas mais próximas. Com efeito, em Espanha, a Fundéu BBVA, precisando a definição do termo cognato castelhano, já emitiu uma recomendação sobre o emprego de desglobalización, que descreve como «termo válido para aludir ao fenómeno inverso ao da globalização, isto é, àquele em que especialmente a economia (mas também a sociedade, a política ou a cultura), após uma etapa de interação e interdependência mundiais, volta a ser mais local ou regional». Em português, portanto, a palavra desglobalização parece também marcar esta época e é bem possível que não tarde a entrar no dicionário.

4. Da atualidade que diz respeito à projeção académica do português, registe-se o anúncio de uma das mais importantes da Venezuela, a Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), tencionar disponibilizar, a partir de 2020, um curso de língua portuguesa para os dez mil alunos que estudam na instituição. Para já, anteveem-se algumas interrogações entre os interessados quanto às dificuldades de aprendizagem do português, atendendo à sua diversidade, perguntas que se compreendem num país como a Venezuela, onde existe o contacto não só com o português do Brasil, mas também com a variedade madeirense do português europeu.  

5. Nos programa que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa. dá-se igual realce a eventos e iniciativas promotores da projeção internacional do português (ver Notícias).  Destaque particular para a consagração do Dia Internacional da Língua Portuguesa, tanto no programa  Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, dia 29 de novembro, pelas 13h20*, como no programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 1 de dezembro, pelas 12h30*. Outro tema em foco: a Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE 2019), que a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura levou a cabo nos dias 21 e 22 de novembro de 2019, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

* Ambos os programas têm repetição: o Língua de Todos, no sábado, dia 23 de novembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 30 de novembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.