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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Numa frase como «ouço a música que gosto», destoa o esquecimento da preposição de. Com efeito, se se diz «gosto de música», para quê cortar essa preposição nas construções com o pronome que? A forma correta e arrumada é, portanto, «ouço a música de que gosto», como lembra Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, no apontamento que assina na rubrica O nosso idioma, a respeito da necessidade de não esquecer as preposições nas construções relativas, a bem da arrumação gramatical que faz a "casa" da língua.

2.  Em Portugal, o novo governo – o XXII Governo Constitucional, que tomou posse em 26/10/2019 – trouxe a novidade de passar a haver um secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Média, cargo ocupado pelo argumentista, empresário, produtor, programador Nuno Artur Silva (na foto). Trata-se de inovação bem recebida por muitos, mas que levanta dúvidas por incluir na sua designação a palavra média. Em referência aos meios de comunicação social, é opção muito discutível, se não errada, tendo em conta que: a) o vocábulo tem origem no latim media, plural do nome neutro medium, transmitido por via do inglês, que o associou a mass para criar mass media («meios de comunicação social»); b) geralmente, os plurais neutros latinos afeiçoam-se aos padrões morfológicos do português, e, portanto, tal como o latim curricula adota a forma currículos, também se esperaria que media fosse "médios" em português; c) contudo, a verdade é que foi media que se impôs, com a pronuncia "média" e legitimada com essa mesma grafia sem acento gráfico no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), publicado em 2001. Neste quadro, o aportuguesamento "média" torna-se uma completa anomalia, não obstante vir registado no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (na 1.ª edição, de 2001, é classificado como regionalismo de Portugal), no dicionário em linha da Porto Editora (na Infopédia) e no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Não sendo corrente, em Portugal, a forma brasileira mídia, nem tendo "médios" chegado alguma vez a enraizar-se na língua, a solução ainda mais consistente parece ser a da ACL, que mantém a grafia media, escrita em itálico ou entre aspas, como costuma fazer-se aos estrangeirismos.

No Brasil, emprega-se mídia, que é forma correta à luz da norma linguística desse país e constitui um aportuguesamento fonético e gráfico de media (conforme a pronúncia inglesa), usado como nome feminino singular, seguindo regularmente a maioria dos nomes terminados em -a. Sobre a história (ainda que curta) e o emprego de media e mídia, consulte-se a seguinte seleção de respostas e artigos: "'Media', média, mídia"; "O uso de media"; "In mídia virtus"; "Novamente mídia, média e media"; "O caprichoso aportuguesamento de (mass) media"; "A formação e o significado do termo mediólogo". Ouvir ainda a explicação da  linguista Margarita Correia no programa Língua de Todos, na Antena 2, do dia 24/11/209 , aqui (13´44'' – 18'36'').

3. Diz-se que são parónimas as palavras que têm pronúncia e grafia semelhantes, afinidade que ocasiona frequentes confusões – por exemplo, identidade e entidade. Será este tipo de relação vocabular desculpa para o enorme equívoco que se lia num noticiário televisivo? No Pelourinho, um apontamento de Sara Mourato assinala uma risível ocorrência, a de confundir uma baleia com um caranguejo.

4.  Pergunta-se no  Consultório: como se pronuncia sport em Sport Lisboa e Benfica? Se à palavra se associar o prefixo anti-, é preciso hífen? Como analisar os usos frásicos dos verbos dirigir-se e pugnar? E, quanto à construção «demasiado alto para perder»?

5. Não era costume, mas naturalizou-se. Referimo-nos ao Halloween (ou Dia/Noite das Bruxas), a festa de origens anglo-saxónicas e célticas que se faz na passagem de 31 de outubro para 1 de novembro. Esta última data é igualmente marcada por outra comemoração, de caráter religioso, bem mais antiga nas tradições de língua portuguesa, o Dia de Todos os Santos. Uma séria advertência para os jovens que saem à rua: esqueçam a fórmula inglesa «trick ou treat?», e usem o vernáculo – por exemplo, digam «doçura ou travessura?», à falta de melhor –, que o susto é o mesmo.

Na imagem, "As Bruxas de Almodôvar" (1947), de Severo Portela Júnior (1898-1985). Fonte: MatrizNet.

Sobre ambas as comemorações, leiam-se: "A propósito do Dia das Bruxas, sim ou não?"; "O nosso Halloween " ; "Sabia que o Halloween nasceu na Europa há 2000 anos?"; " Halloween: Uma "jovem" tradição comemorada na noite portuguesa"; " Por que as pessoas celebram Halloween no Brasil?  ; "O que não te contaram sobre o Halloween"; " Esta coisa que nem nome português tem!"; "Todos-os-Santos vs. 'Todos os Santos'".

6. Quanto aos programas de rádio produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, são temas em destaque, na presente semana:

– no programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, no dia 1 de novembro, às 13h20, entrevista-se Luís Faro Ramos, presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua;

– no Páginas de Português, programa transmitido pela Antena 2, no dia 3 de novembro, às 13h30, convida-se o embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa.para falar da criação do Dia Mundial da Língua Portuguesa vai ser comemorado anualmente a 5 de maio.

Estes programas são repetidos: o Língua de Todos, no sábado, dia 2 de notubro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 7 de novembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

7. A cultura e a realidade lexical da lezíria, uma sub-região do Ribatejo, é o tema central do 24.º programa da 10.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua! 

* Emitido no primeiro canal da RTP, na quarta-feira, dia 30 de outubro de 2019, depois da 21h00 (hora oficial  de Portugal continental). O programa pode ser visto, posteriormente, via  RTP Play.

8. Uma última observação: devido ao feriado de Todos os Santos, a próxima atualização do Ciberdúvidas fica marcada para o dia 4 de novembro.

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1. A pronúncia dos apelidos de família caracteriza-se por uma certa liberdade, o que pode, nalgumas situações, provocar incertezas. É o caso da pronúncia do apelido Gameiro, cuja origem também se descreve na atualização do Consultório. Indo da ortoépia para a ortografia, aborda-se a possibilidade de aceitação das duas formas do topónimo Marraquexe Marráquexe, cidade de Marrocos. Já no plano lexical, um consulente interroga-se sobre a existência e possibilidade de aceitação do adjetivo desumilde. No âmbito da sintaxe, é a função do pronome relativo no verso «Gato que brincas na rua», de um poema de Fernando Pessoa, que oferece dificuldades. Aborda-se também a sintaxe e a pontuação associadas ao uso de donde com valor de "daí". Por fim, regressa-se à questão da grafia das siglas e acrónimos em português. 

2. O campino e a realidade lexical que o envolve é o tema central do 24.º programa da 10.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua! Este episódio* que vai até à lezíria ribatejana, passa em revista termos específicos, provérbios e expressões típicas deste domínio, para além de revelar a relação do barrete vermelho, tipicamente usado pelos campinos, com o barrete frígio usado pela figura de Marianne, símbolo da República francesa (notícia aqui). 

* Emitido no primeiro canal da RTP, na quarta-feira, dia 30 de outubro de 2019, depois da 21h00 (hora oficial  de Portugal continental). O programa pode ser visto, posteriormente, via  RTP Play.

3. O Papa Francisco anunciou, após a votação do documento final do Sínodo da Amazónia, que a comissão de estudo sobre a ordenação de mulheres como diaconisas vai ser reativada. Com esta decisão, levanta-se a possibilidade de ordenação de mulheres, no seio da Igreja Católica, situação que, no plano linguístico, convoca a necessidade de uma forma feminina para termos como padre ou sacerdote.

Relativamente a esta questão, recordamos a resposta «Padre, madre, abade, abadessa» e também o artigo «O sexo das profissões». Sobre a formação dos diferentes femininos, «Elefanta, presidenta», «A juíza e a presidente», ««Senhora presidenta» / «Senhora presidente»» e «Juíza presidenta». 

4. O Ciberdúvidas presta a sua homenagem ao reverendo Henrique Etaungo Daniel, falecido a 24 de outubro, no Huambo, em Angola (notícia). O reverendo foi autor do Dicionário Português-Umbundu e da obra Adivinhas e Provérbios em Umbundu, para além de publicações de âmbito religioso.

5. O vestuário envolve designações específicas para cada peça, mas abrange também uma dimensão que entra no domínio social e ideológico. Cada roupa marca uma opção pessoal que transmite uma mensagem, da vontade de passar despercebido ao desejo de se fazer notar. São estes os eixos da reflexão intitulada «Roupa, estratégia e moral», de autoria do tradutor e professor Vítor Lindegaard no seu blogue Travessa do fala-só

6. No âmbito da atualidade relacionada com a língua, destacamos as seguintes notícias:

— A ONU pretende estabelecer uma parceria com a CPLP para o ensino do português no combate ao crime organizado (notícia); 

José Ramos-Horta, político e jurista timorense, considera que o português está a sobreviver muito bem em Timor-Leste, o que se comprova pelo aumento da percentagem de falantes da língua, de 7% para 30% (notícia);

— A feira do livro Morabeza decorre em Cabo Verde, na Cidade da Praia e na Ilha do Fogo, até 3 de novembro, contando com a apresentação de livros variados e diversos debates e entrevistas (Programa). 

 

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1. O facto de na tradução portuguesa do título do novo filme da DisneyMaléfica: Mestre do Mal, se optar pela forma masculina (mestre) e não pela forma feminina (mestra) dá azo a um exercício de interpretação em busca de possíveis intenções subjacentes a esta má opção gramatical, num apontamento de Carla Marques, colaboradora permanente do Ciberdúvidas. Questões relacionadas com a formação do feminino têm motivado diversas publicações que apontam quer para o predomínio da flexão masculina, num sentido, quer para a pressão que a realidade extralinguística exerce sobre a língua, noutro sentido. É esta pressão que procura a estabilização do uso de femininos de palavras como general, presidente, carteiro, pedreiro ou alfaiate, só para recordar alguns casos mais evidentes.

No Ciberdúvidas, muitos outros artigos/respostas têm abordado esta temática: «juíza + a aprendiza», «Qual o feminino de bombeiro, «A árbitra», «A tropa no feminino», «O feminino de bispo, gamo e pardal»,  «embaixador / embaixatriz», «Soldado / soldada?», «Generala», «Embaixador/as e embaixatrizes, cônsules e consulesas», «Primeira-ministra».  

2. No Consultório, procura-se aferir se o termo icástico é uma palavra monossémica, o que impedirá que se lhe associe subjetividade. Ainda no domínio lexical, faz-se a distinção entre musculado musculoso e esclarece-se o uso do verbo fazer associado à expressão do tempo cronológico e do tempo atmosférico. Atentando, por outro lado, nas expressões «a montante» e «a jusante», explica-se por que razão não contraem com o artigo definido. Por fim, analisa-se a possibilidade de a palavra alerta poder flexionar em número. 

3. O início do ano letivo tem trazido à atualidade noticiosa diversos casos de violência nas escolas portuguesas. A classe docente, como é natural, não fica alheia a estes acontecimentos que nada têm a ver com a sua funçãp primordial: ensinar. Num artigo que aborda o cansaço físico e psíquico que os docentes vivem no atual contexto de ensino, a professora Lúcia Vaz Pedro partilha o seu ponto de vista, numa altura em que é importante conhecer os vários lados da situação que se vive (artigo originalmente divulgado no jornal Público).  

4. A proximidade existente entre palavras como aderênciaadesão é uma das situações que, por vezes, gera perplexidade aos utilizadores da língua, o que os leva a hesitar na sua utilização (e, eventualmente, a errar). O mesmo se verifica entre as palavras despercebido e desapercebido ou entre cético e sético. Estes e outros casos são tratados pela lexicógrafa Ana Salgado, no seu apontamento «Palavras que nos confundem», publicado na plataforma Gerador

5. O professor universitário e tradutor Marco Neves disponibiliza, no seu blogue Certas Palavras, o primeiro capítulo da obra Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português  (já aqui apresentada) onde aborda alguma especificidades do português, nomeadamente o valor gramatical de alguns verbos.

6. Na atualidade relacionada com a língua, damos destaque às seguintes notícias: 

— O Camões – Centro Cultural Português em Maputo promove um Curso de escrita criativa intitulado “Escrever para Crianças”, dinamizado pelo escritor Calane da Silva, durante o mês de novembro;

— A abertura de uma escola anglo-portuguesa em Londres, no ano letivo de 2020-2021, que dividirá o ensino das disciplinas entre o português e o inglês (notícia aqui);  

— O IILP (Instituto Internacional da Língua Portuguesa) vai promover o XI Curso de Capacitação, que visa à capacitação de professores, bem como de pessoas em formação na área de português como língua estrangeira/segunda língua, para a elaboração de roteiros didáticos para o português língua estrangeira;

— A proposta de constituição da língua de portuguesa a língua de trabalho do Comité Paralímpico Internacional que será votada no dia 27 de outubro pelos membros deste comité (ver notícia).

     Recordemos, a este propósito, o parecer da linguista Margarita Correia, que indica que a grafia correta da palavra é a forma paraolímpico

7. A primeira reunião do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), a homenagem prestada aos académicos Evanildo Bechara e João Malaca Casteleiro e o livro Comunicar com Sucesso, da professora e consultora linguística Sandra Duarte Tavares são os temas em destaque nos programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa.

Estes programas são repetidos: o Língua de Todos, no sábado, dia 26 de outubro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 2 de novembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

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1. A atualidade desportiva, sobretudo a do futebol, é pródiga em siglas e abreviaturas – PSGMan Utd são exemplos –, e o que se lê em Portugal não constitui exceção. No consultório, uma das novas questões em linha aborda a escrita das siglas a que se reduzem certos nomes de clubes de futebol: neste tipo de  abreviação, deve-se ou não empregar pontos? Noutra vertente linguística, em dúvida está também a formação de palavras, a sua compatibilidade com outras, a sua flexão: existe o adjetivo horizontino, no sentido de «relativo ao horizonte»? Diz-se «esforçar-se para» ou «esforçar-se por»? E como se faz o plural de próton, nêutron e elétron? Esta atualização traz ainda um problema de análise linguística: que função sintática desempenhará «a tudo» na frase «prestam atenção a tudo»? Finalmente, uma pergunta já relacionada com o estilo do discurso: um «ilustre desconhecido» será assim tão ilustre?

2. Se uma avó portuguesa se queixar de que só ouve frioleiras da boca dos jovens, será que a neta percebeu exatamente o que ela quis dizer? A propósito da preocupação com o futuro do património lexical português e de como os mais jovens parecem estar dele alheados, a rubrica O nosso idioma transcreve com a devida vénia uma crónica que a editora e escritora Maria do Rosário Pedreira publicou em 5 de outubro de 2019 no jornal português Diário de Notícias.

3. O saber falar em público, que parece hoje uma arte em decadência, tem associada a preocupação com um modelo de pronúncia (ortoépia), tida como melhor que as outras e, portanto, correta. Em Portugal, é muito forte essa valorização, nem sempre consciente, que nos leva a achar ridículos os sotaques ou pronúncias regionais. Daí o ar desajeitado com que se retratam as personagens que falam "axim" (isto é, que pronunciam o chamado s beirão), ou que reduzem o ditongo ei a uma vogal ("lete", em vez de leite) e dizem «na sei», em lugar de «não sei». Ao encontro desta constatação, o tradutor e professor universitário Marco Neves lança mais um desafio às nossas crenças linguísticas que merece aqui registo: trata-se de um artigo publicado em 20 de outubro de 2019 na plataforma digital Sapo24, no qual se reflete sobre uma comparação entre o parlamento britânico e o parlamento português. No primeiro, os deputados, digladiando-se no calor da discussão do Brexit, fazem gala da sua pronúncia regional; em Portugal, pelo contrário, todos disfarçam a diversidade fonética herdada, nivelando o português pela modalidade urbana e mediática historicamente baseada na pronúncia culta do eixo Coimbra-Lisboa. Porquê estas atitudes linguísticas contrastadas?

Sobre a diversidade de pronúncias regionais e a sua relação com a norma-padrão, consultem-se os seguintes artigos e respostas: "O s beirão"; "A pronúncia do ditongo ei"; "Betacismo"; "O ditongo ou"; "Sobre sotaques e regionalismos"; "Sobre a aceitabilidade das pronúncias regionais em Portugal"; "Descasos do dialeto lisboeta"; "O lisboetês, o coimbrês e outros sotaques"; "Crónica do falar lisboetês"; "Crónica do falar lisboetês (bis)"; "Contra o sotaque único"; "Dicção, nome-padrão e regionalismos"; "Boa dicção e pronúncia regional"; "O novo acordo ortográfico e a variação regional"; "Pronúncia-padrão"; "Ainda a pronúncia-padrão"; "Pronúncia afetada, regionalismos e erros".

4. Das notícias em que a língua portuguesa é tema, realce para:

– o protocolo de cooperação sobre o ensino da língua portuguesa na ilha de Jersey, que o presidente do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos, e o chefe do governo de Jersey, John Le Fondré, assinaram no dia 21 de outubro de 2019, na embaixada de Portugal em Londres;

– a conferência Presente-Futuro, O Elogio da Leitura – Plano Nacional de Leitura 2027, que se realiza em 24 de outubro p.f., na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. No encontro participam Teresa Calçada (comissário do Plano Nacional de Leitura), João Luís Lisboa (professor catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), Maria de Lurdes Rodrigues (reitora do ISCTE-IUL), Isabel Alçada (ex-ministra da Educação), entre outros (mais informação aqui).

5. A respeito dos programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa, têm destaque os seguintes temas:

– a homenagem prestada a Evanildo BecharaJoão Malaca Casteleiro na primeira reunião do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), no programa Língua de Todos*, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, 25/10/2019, às 13h20;

Comunicar com Sucesso, um novo livro da professora e consultora linguística Sandra Duarte Tavares, no programa Páginas de Português*, emitido pela  Antena 2, no domingo, 27/10/2019.

* Estes programas são repetidos: o Língua de Todos, no sábado, dia 26 de outubro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 2 de novembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

6. No magazine televisivo Cuidado com a Língua!, uma aula de costura motiva uma incursão pelo campo lexical da moda, passando em revista a evolução de palavras como agulha ou costurar e descobrindo o sentido da palavra pesponto ou da expressão «ter para os alfinetes». Estes e outros assuntos serão tratados no novo programa do Cuidado com a Língua!, emitido na RTP1, quarta-feira, dia 23 de outubro, depois das 21h00* (mais informações aqui). 

* Hora oficial de Portugal continental, podendo o programa ser visto, posteriormente, via  RTP Play.

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1. Na nova abertura do Consultório, encontramos a palavra ferroviário, que designa uma profissão ligada aos caminhos de ferro. Mas como se pronuncia? O modismo «é suposto» tem sido criticado e têm sido apontadas alternativas ao seu uso. No entanto, quando supor é usado numa frase como sinónimo de considerar deve flexionar no singular ou no plural? Também uma questão relacionada com a grafia de Centro-Serra (Brasil), segundo o Acordo Ortográfico de 90. Podemos ainda encontrar respostas a questões relacionadas com a diferença entre as expressões «da parte da manhã» e «na parte da manhã», a correção das formas onde aonde numa frase específica e a diferença entre os valores aspetuais iterativo e habitual. 

A propósito do evitável modismo «é suposto», recordamos alguns esclarecimentos divulgados no Ciberdúvidas: «O dispensável estrangeirismo «é suposto»», «Ainda o modismo: É suposto...», «A praga do «é suposto»».

Primeira imagem: imagem do Museu Nacional Ferroviário de Lousado 

2. No magazine televisivo Cuidado com a Língua!, uma aula de costura motiva uma incursão pelo campo lexical da moda, passando em revista a evolução de palavras como agulha ou costurar e descobrindo o sentido da palavra pesponto ou da expressão «ter para os alfinetes». Estes e outros assuntos serão tratados no novo programa do Cuidado com a Língua!, emitido na RTP1, quarta-feira, dia 23 de outubro, depois das 21h00* (mais informações aqui). 

* Hora oficial de Portugal continental, podendo o programa ser visto, posteriormente, via  RTP Play.

 

3. No Reino Unido continua a saga da tentativa de saída da União Europeia, tendo o Parlamento britânico forçado o primeiro-ministro Boris Jonhson a enviar ao Parlamento Europeu um pedido de adiamento. No entanto, o Primeiro-ministro continua a tentar aprovar as condições de saída a 31 de outubro (ver notícia). As notícias relacionadas com este assunto trazem à atualidade linguística termos ingleses como o muito conhecido "Brexit" (amálgama de «British exit»), relativamente ao qual recordamos que, sendo uma palavra estrangeira, deve ser grafada em itálico ou entre aspas, podendo manter-se a maiúscula. Quanto à forma de pronunciar a palavra, embora o dicionário da Porto Editora só preveja "brégzit", refira-se que muitos falantes têm optado pela pronúncia "bréksit", que é também aceitável (para mais formações sobre a questão da pronúncia de "Brexit", leia-se a nota deixada aqui).

A propósito de questões linguísticas relacionadas com o tema, recordemos alguns artigos divulgados no Ciberdúvidas: "Brexit vs. Bremain", "A Torre de Babel da União Europeia, sem O reino Unido", "O inglês, língua oficial da União Europeia, mesmo depois do Brexit?", "As línguas na Europa: o que mudará com o Brexit?", "Brexit e as patentes: uma oportunidade para Portugal". 

4. Noutro ponto do globo, a ofensiva contra o povo curdo na Síria tem também ocupado as páginas da comunicação social (notícia). Cabe aqui recordar que a língua curda é uma das línguas oficiais do Iraque, que é falada por cerca de 25 milhões de pessoas, principalmente no Médio Oriente, pelas comunidades curdas do Curdistão - correspondente a parte do Irão, Iraque, Síria Turquia - e também do Líbano, Arménia e Geórgia. Esta língua tem sido ameaçada pela sua proibição na Síria e pela punição pelo seu uso na Turquia. 

5. A atualidade passa também pela Catalunha e, em particular pela sua capital, Barcelona, a «cidade angustiada» (expressão utilizada pelo jornal espanhol El Periódico), que tem sido palco de confrontos mais ou menos violentos entre manifestantes e forças da ordem, na sequência dos protestos contra a condenação pelo Tribunal Supremo espanhol dos 12 dirigentes políticos. O Ciberdúvidas tem vindo a registar diversos apontamentos relacionados com a Catalunha, entre os quais recordamos «O significado de estamento», «Orchata», «O apelido Cataluna» e a notícia de 2008 que dava conta que a língua portuguesa tem  «cada vez mais adeptos na Catalunha». 

6. Na atualidade relacionada com a língua, deixamos os seguintes destaques: 

— O lançamento da obra Assim nasceu uma língua, de Fernando Venâncio, com a chancela da editora Guerra & Paz;

— A solicitação de entrada na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) feita pelos Estados Unidos (notícia); 

— Um projeto de ensino do português em França recebeu mais de 100 candidaturas (notícia).

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1. Eis uma nova pergunta cujo tópico é exatamente o monossílabo à cabeça desta mesma sequência introdutória: como se analisa um enunciado começado pelo advérbio eis? Mas há mais questões: como se usam corretamente as construções de particípio, do tipo «chegado a casa, o João fez o jantar»? E que dizer do emprego de julgar numa instrução como «julgue as seguintes opções como verdadeiras ou falsas»? Os temas de sintaxe estão, portanto, em maioria na presente atualização do Consultório, ainda com espaço para falar do verbo humildar, equivalente a humilhar e ser humilde, bem como para dar atenção ao gentílico correspondente a Terras de Bouro, um topónimo do norte de Portugal.

2. Na Montra de livros, apresenta-se um livro publicado há alguns anos (a edição data de 2013), mas que justifica agora referência, dada a sua clareza e utilidade. Trata-se de Escrita em dia, editada pelo Clube do Autor e da autoria da escritora Margarida Fonseca Santos, uma obra que visa  «desbloquear e conduzir»  quem se proponha escrever pelos mais variados motivos.

3. A língua portuguesa foi levada no século XVI por comerciantes, militares, aventureiros para as mais diversas partes do mundo. Além da sua presença em diferentes continentes e do contributo que deu para a génese de várias línguas crioulas, conta-se o testemunho lexical da sua influência noutras línguas, na América, na África, na Ásia ou na Oceânia. É o caso da Indonésia, em cujo idioma oficial, o bahasa, as palavras bandeira, boneca e Natal são, respetivamente, bendera, boneka e... Natal. Na rubrica Diversidades, apresenta-se um interessante vídeo que documenta estas coincidências vocabulares num jogo com dois participantes, um falante de português e uma falante de bahasa. Trata-se  de um registo do SBS National Language Competition, concurso organizado pelo canal de rádio australiano SBS Radio para incentivar e promover o gosto pelas línguas estrangeiras na Austrália (na imagem, mapa anónimo datável de 1550, que representa o Oceano Índico e o sueste asiático; fonte: Wikipédia).

4. Vem, portanto, a propósito assinalar aqui a criação do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que passa a ser comemorado anualmente a 5 de maio, por decisão do Conselho Executivo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), reunido em 17/10/2019. É o culminar de um processo que levou à aprovação por unanimidade de uma proposta apresentada pelos países da CPLP*, com apoio da Argentina, do Chile, do Uruguai, da Geórgia, do Luxemburgo e outros países. Entre os argumentos justificativos da comemoração conta-se o facto de o português estar entre as línguas mais faladas do hemisfério sul e historicamente constituir a que marca a primeira vaga de globalização. Para  António Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal na UNESCO, o endosso por esta organização da nova data comemorativa (ver mensagem da Presidência da República Portuguesa) terá grande impacto: «[e]ntra nos calendários internacionais, o que quer dizer que ganha uma projeção do ponto de vista internacional, podendo ter consequências nos mais diversos planos»; e abre caminho para o português se tornar língua de trabalho na ONU (Organização das Nações Unidas), a par das que já têm esse estatuto, a saber, o inglês, o francês, o chinês, o espanhol, o árabe e o russo (ler notícia da agência Lusa citada pelo Público, em 18/10/2019).

* Há  10 anos que a data já era assinallada como o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.

5. Falando de línguas, acredita-se que os seus limites geográficos coincidem com fronteiras políticas linearmente contínuas e estáveis. Um exame atento das cartas geográficas e a investigação histórica depressa levam ao desengano, como acontece mesmo em Portugal, que não reconhece a integração em Espanha de um território onde se conserva o português, Olivença. Esta e outras curiosidades sobre as fronteiras como espaços de contacto e hibridação linguística dão o mote para mais um inspirado apontamento do tradutor e professor universitário Marco Neves, que o disponibiliza no blogue Certas Palavras (publicação de 17/10/2019).

6. Quanto aos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa: a situação da língua portuguesa em Timor-Leste é tema central no Língua de Todos**,  emitido na RDP África, na sexta-feira, dia 18 de outubro, às 13h20; no programa Páginas de Português** (na Antena 2, no domingo, 20 de outubro, às 12h30), dá-se relevo à homenagem prestada nos dias 7 e 8 de outubro de 2019, no Porto, a Evanildo BecharaJoão Malaca Casteleiro no contexto da 1.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP). Mais informação nas Notícias.

** Língua de Todos, repetido no dia seguinte, sábado, dia 19 de outubro, depois do noticiário das 09h00. Páginas de Português também reptido no sábado seguinte, dia 25 de outubro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. Que há de errado com a frase «a medida que, causou mais impacto foi anunciada no final»? A vírgula, que está mal colocada... Para sabermos porquê, a rubrica O nosso idioma regressa ao tema das vírgulas, ilustrando-o com seis casos de uso incorreto, explicados e corrigidos num utilíssimo apontamento da autoria de Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas.

2. O Pelourinho também se centra noutra incorreção, esta devida ao deficiente conhecimento da terminologia mais básica da descrição gramatical. A que classe pertence a palavra homem? Pois claro que é um... Mas o melhor é ler o esclarecimento de Sara Mourato, a propósito de um erro de classificação ocorrido num programa televisivo.

3. São cinco as novas respostas em linha no Consultório: porque será que, em Lisboa, o Museu de Marinha não se chama «Museu da Marinha»? Como é que se formou o adjetivo inadiável? A palavra jóquer, forma aportuguesada do inglês joker,  tem plural? Desta atualização fazem parte ainda duas respostas sobre tópicos mais especializados: como se classifica a frase «a cor da parede é bonita» quanto à modalidade? E como analisar uma construção proporcional que figura num texto do grande escritor brasileiro Machado de Assis (1839-1908)? 

4. A elaboração da língua portuguesa teve, a partir de finais do século XVII, também que ver com um crescente alheamento relativamente à cultura de outras regiões da Península Ibérica, mesmo as mais próximas. Contudo, no nosso tempo, enquanto os acontecimentos na Catalunha* são natural motivo de preocupação, manifesta-se a vontade de recuperar laços que pareciam esquecidos, como é o caso da relação com a Galiza e o galego. Justifica-se, portanto, referir aqui a entrevista que o tradutor, linguista e professor universitário Marco Neves deu em 15/10/2019 ao programa de rádio A Rede Social, conduzido pelo jornalista Fernando Alves, na qual se dá relevo a O Galego e o Português são a mesma Língua?, uma das mais recentes publicações daquele autor. Explicando os motivos – a "urgência" – que o levaram a escrever este livro, Marco Neves menciona a «noção muito precisa de que a História da Língua Portuguesa tem de ser contada com a Galiza como ponto muito importante» e a inquietante perceção de «o galego estar em risco de desaparecer» (toda a entrevista aqui).

* A propósito da crise catalã e dos seus aspetos também linguísticos, ler "E se 1640 tivesse saído ao contrário?", artigo do historiador e político Rui Tavares na edição de 16/10/2019 do jornal Público.

5. Na presente semana, são temas em destaque nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa:

– a situação da língua portuguesa em Timor-Leste no Língua de Todos*,  emitido na RDP África, na sexta-feira, dia 18 de outubro, às 13h20;

– e no programa Páginas de Português* (na Antena 2, no domingo, 20 de outubro, às 12h30), a homenagem feita a Evanildo BecharaJoão Malaca Casteleiro na 1.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa COLP), que se realizou nos dias 7 e 8 de outubro de 2019, no Porto.

Mais informação nas Notícias.

* O  Língua de Todos é repetido no dia seguinte, sábado, dia 19 de outubro, depois do noticiário das 09h00. O Páginas de Português também tem repetição no sábado seguinte, dia 25 de outubro, às 15h30. A hora é a oficial de Portugal continental,  ficando ambos os programas disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

6. Um registo final para o 23.º programa da 10.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua!, que passa na quarta-feira, dia 16 de outubro, na RTP1 (depois das 21h00*). Numa visita guiada ao Palácio de Belém, revela-se  um conjunto de curiosidades histórico-linguísticas em torno da residência oficial do Presidente da República português (notícia aqui).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  Em Moçambique, têm lugar, em 15 de outubro, as eleições gerais e das assembleias provinciais. No plano linguístico, a campanha que decorreu ao longo de 43 dias não foi alheia à inovação lexical, como o comprova o uso do termo showmício para designar os eventos que fecharam a campanha (cf. notícia). Esta expressão designa uma "reunião pública de cidadãos em que se combina música e discursos de cariz político" (Dicionário Priberam) e trata-se de  um termo já dicionarizado, previsto para a variante brasileira do português. Este momento importante na vida dos moçambicanos leva também a que aqui recordemos algumas questões linguísticas que têm sido tratadas no Ciberdúvidas, nomeadamente o facto de neste país o português ser falado por cerca de 39% dos moçambicanos. Esta variedade do português tem evoluído sobretudo no plano fónico e, em parte, no plano sintático, como explica Perpétua Gonçalves, linguista moçambicana, que estudou também a génese do português de Moçambique (obra apresentada aqui). Outros artigos importa recordar: «Escrita, língua portuguesa e poder em Moçambique», «Moçambique ratifica Acordo Ortográfico» e «A reinvenção da língua portuguesa em Moçambique». 

2.  Diferentes situações do quotidiano motivam quer a criação lexical quer a recuperação de palavras já existentes (mais ou menos adormecidas). Mas, é também possível que se assista à utilização de palavras que, na verdade, não existem ou que não têm necessidade de ser criadas. Na nova atualização do Consultório, encontramos situações desta natureza nas palavras "impatríota" e micragem. No plano das classes de palavras, é a palavra incessantemente que motiva uma dúvida sobre a sua inserção numa dada subclasse. Por fim, uma questão relacionada com a possibilidade de flexionar no plural a locução «tal que». 

3. A banalização da palavra declaração tem contribuído para que esta perca o traço semântico de alguma solenidade que assumia em tempos passados. Quem o constata é o jornalista Luís M. Faria, num artigo (originalmente publicado na Revista do semanário Expresso do dia 12/10/2019) que demonstra como os verbos dizer ou afirmar parecem ter caído em desuso, pois atualmente quem quer marcar o espaço mediático «faz declarações».  

4. O alcance da língua portuguesa no mundo é um facto notável que fica bem patente não só no seu atual número de falantes como também na influência que esta deixou noutras línguas. Prova disso é o pequeno vídeo da SBS rádio, que destaca um conjunto de palavras comuns entre o português e o bahasa indonésio, uma língua adaptada com base nos modelos do malaio e do neerlandês. Estima-se que esta língua tenha mais de 100 palavras herdadas do português. 

5. O 23.º programa da 10.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua!  passa na quarta-feira, dia 16/10/2019, na RTP1 (depois das 21h00*), com uma visita guiada ao Palácio de Belém. Em foco  um conjunto de curiosidades histórico-linguísticas em torno da residência oficial do Presidente da República português (notícia aqui). 

6.  Alguns destaques relacionados com a língua e as suas diversificadas áreas de influência: 

— O jornal digital brasileiro Nexo divulgou um artigo que elenca os nomes de bebés mais populares em 2017, em São Paulo. Entre os nomes do género feminino, encontramos Maria, Ana e Alice, e entre os do género masculino, Miguel, Davi e Arthur (ver notícia);

— A língua portuguesa é oferecida no sistema de ensino em 33 países, facto que resulta do esforço de consolidação e expansão do ensino da língua portuguesa no mundo, uma das metas do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (ver notícia). 

 

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1.ortoépia é uma área que exige uma constante atenção porque as formas de pronunciar as palavras estão sujeitas a uma constante evolução. Não raro, uma mesma palavra associa-se, sincronicamente, a diferentes possibilidades de pronúncia. É o que acontece com rapsódia, cujo s tanto se pronuncia [s] como [z]. Qual será a forma correta? As diferenças verificadas na forma de pronunciar as palavras são, muitas vezes, mais evidentes quando cotejamos diferentes variedade do português. Esta realidade fica bem patente nas flutuações de pronúncia de sc entre as variantes de português europeu e brasileiro. A pontuação, nomeadamente a vírgula, constitui uma das áreas críticas da escrita. No caso específico das construções proporcionais, quais as vírgulas exigíveis? A seleção lexical também pode oferecer dúvidas. Por exemplo, quais as diferenças entre manejável e maneável? Para concluir, na nova atualização do Consultório, identifica-se a função sintática dos constituintes «de ténis» e «de vestido» quando surgem com os verbos correr sair. 

Na imagem, Henry Fawcett; Dame Millicent Fawcett, de Ford Madox Brown, 1872. 

2. A lexicógrafa Ana Salgado divulga um novo artigo na plataforma Gerador, abordando questões relacionadas com a acentuação: «Acentuo ou não acentuo – eis a questão». Este tema tem sido também profusamente tratado no Ciberdúvidas. Recordamos aqui algumas respostas que trataram diferentes assuntos relacionados com a acentuação: «Regras de acentuação», «Abreviaturas / acentuação», «Acento grave e acento agudo», «Regras de acentuação (II)», «Acentuação anteproparoxítona», «Acentuação das paroxítonas», «Ortografia e acentuação gráfica», «Regras de acentuação com base morfológica». 

3. O termo cateterismo entrou no léxico ativo dos portugueses esta semana quando o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que teria de realizar este exame (anúncio feito no programa Alta Definição, que irá para o ar no sábado, 12 de outubro, na SIC). O termo cateterismo, que se refere a um exame que consiste na introdução de um cateter na artéria, para identificar o seu calibre e problemas associados, já foi tratado no Consultório do Ciberdúvidas, numa análise ao seu sentido e à sua formação. 

4. A atualidade relacionada com a língua e a literatura merece alguns destaques: 

— A atribuição do prémio Nobel da Literatura, referente aos anos de 2018 e de 2019, a dois autores europeus: a escritora polaca Olga Tokarczuk * e o dramaturgo austríaco Peter Handke* (notícia completa aqui);

* N.E. (14/10/2019)O apelido da escritora polaca, Tokarczuk, articula-se aproximadamente como "tokártchuk" (ouvir aqui). O do autor austríaco, Handke, soa "hantke" (ouvir aqui).

— O FOLIO, Festival Literário Internacional de Óbidos, decorre em Óbidos entre os dias 10 e 20 de outubro, propondo um vasto programa de atividades de âmbito literário e cultural em diversos espaços desta vila medieval (programa aqui).

5. A 1.ª reunião ordinária do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa é o tema central dos programas produzidos para a rádio pública portuguesa pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, os quais contam com a participação de Ana Paula Henriques, linguista angolana, José Pedro Ferreira, investigador português, e Luís Faro Ramos, presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (notícia aqui).

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Em Portugal, sente-se a sedução dos anglicismos até nas expressões mais afetivas. Na televisão, dê-se o exemplo de um programa de cozinha do canal 24Kitchen – em inglês, como não podia deixar de ser –, intitulado A Sentada, cujas competentes demonstrações de arte culinária são sublinhadas pelo enunciado «yummy and delicious» («apetitoso e delicioso»), um lema simpático que faz a diferença... à inglesa. Mas este gosto anglicista vai mais longe e chega mesmo à declaração de amor à pátria, como revela Sara Mourato na rubrica Pelourinho, com um comentário ao título do concurso I ♥ Portugal, ou seja, I love Portugal. Porque não Adoro Portugal, em vernáculo, como é costume nas versões deste programa produzidas noutros países europeus?

2. Cultor da língua portuguesa e profundo conhecedor da tradição literária europeia, o escritor, poeta e tradutor português Vasco Graça Moura (1942-2014) publicou em 2001 o livro Testamento de VGM  (reeditado pela Quetzal Editores em 2019). Desta coleção, a Antologia seleciona um poema, alusivo ao árduo manejo das palavras.

3. Os bons escritores podem dormitar e cometer erros, como qualquer outra pessoa. A propósito desta possibilidade, o consultório retoma uma frase de Júlio Dinis (1839-1871)  cuja correção continua a suscitar reservas. A presente atualização traz também questões sobre terminologia gramatical,análise sintática, classes de palavrasderivação e onomástica.

4. Terminou a 1.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e a Universidade do Porto organizaram na referida cidade nos dias 7 e 8 de outubro p.p. No documento final, assinado por especialistas da Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, reconhece-se a importância do Vocabulário Comum da Língua Portuguesa (VOC) e definem-se os seguintes eixos de atuação: o aprofundamento da sistematização das regras ortográficas do português; a ampliação do corpo de conhecimentos sobre a ortografia e estabelecem-se «três eixos de atuação» para a promoção e coesão da língua entre os diferentes Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); e a criação de corpora' (conjunto de textos escritos e registos orais) de «dimensões comparadas e com equilíbrio semelhante» para as variedades do português dos Estados-membros da CPLP. Durante a reunião foi eleita a comissão de coordenação deste novo órgão do IILP, atribuindo-se temporariamente a direção ao filólogo e gramático brasileiro Evanildo Bechara, com Inês Machungo (Moçambique) e José Pedro Ferreira (Portugal). À comissão cabe, para já, a tarefa de supervisionar o regulamento do COLP, para redação do qual foi criada uma comissão coordenada pelo linguista angolano Silvestre Estrela (fonte: notícia da agência  Lusa conforme publicação no País ao Minuto). No primeiro dia da reunião, foi prestada uma homenagem a Evanildo Bechara e ao filólogo e dicionarista português João Malaca Casteleiro (ver aqui o discurso alusivo, proferido pela presidente do Conselho Científico do IILP, a professora universitária e linguista Margarita Correia).

5. A 1.ª Reunião Ordinária do COLP é igualmente o tema central desta semana nos programas Língua de Todos e Páginas de Português, que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa. Foram ouvidos vários participantes, entre eles, a linguista angolana Ana Paula Henriques, o investigador português José Pedro Ferreira, que integra a comissão portuguesa junto do Conselho da Comissão Científica do IILP, bem como o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos. 

O programa Língua de Todos é transmitido pela RDP África na sexta-feira, 11 de outubro, às 13h20* (com repetição no sábado, dia 12 de outubro, depois do noticiário das 9h00*). O Páginas de Português tem emissão na Antena 2 no domingo, 13 de outubro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 19 de outubro, às 15h30).

*Hora oficial de Portugal continental, ficando depois os programas Língua de Todos e Páginas de Português, disponíveis, aqui e aqui, respetivamente.