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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. «Estar à porta» é um uso mais correto do que «estar na porta»? A resposta não poderá ser categórica, como se observa no Consultório, que recebe ainda mais perguntas: como se usam os verbos indagar e abismar? Na frase «a personagem principal é a Sementinha», o predicativo do sujeito é realizado por que expressão? Como analisar e classificar os sintagmas «encontro de cientistas» e «encontro científico»? E por que razão se escreve coletânea (ou colectânea), e não "coletânia", quando na terminação da palavra se ouve um /i/?

2. «És muito lambriosa» e «delinga aí essas cordas» são frases portuguesas, sem dúvida, mas que quererão dizer o adjetivo lambriosa e o verbo delingar? Em O nosso idioma, revela-se o significado destes e de outros 18 regionalismos graças à jornalista Inês Ribeiro, que os recolheu com a colaboração da professora universitária e linguista Esperança Cardeira (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), para depois os listar e comentar num trabalho publicado em 2/05/2019 no magazine digital Magg.

3. A cidade do Porto tem sabido satisfazer a procura turística massificada, mas arrisca-se a perder a alma e... a língua portuguesa. É o diagnóstico sombrio da jornalista Catarina Pires num texto publicado no Diário de Notícias de 6/05/2019 e agora também disponível no Pelourinho.

4. Na rubrica Diversidades, com a devida vénia se transcreve do blogue Certas Palavras um apontamento de Ricardo Cartaxo, engenheiro eletrotécnico, que apresenta algumas curiosidades sobre a língua chinesa, explicando os processos cognitivos que estão na base da formação dos nomes dos dias da semana ou de expressões como «Cuidado!» ou semáforo.

5. Entre as notícias do continente africano, registem-se:

 – a mensagem emitida pelo ministério da Educação de Angola, que pretende ver refletidos aspetos das línguas bantas nacionais no Acordo Ortográfico de 1990, «para que a realidade da linguística portuguesa de Angola possa ser retratada nas gramáticas contemporâneas»;

 – na África do Sul, as sextas eleições gerais multirraciais que se realizam neste dia, 8/05/2019, 25 anos depois daquelas em que foi eleito Nelson Mandela.

Sobre a África do Sul, leiam-se os seguintes artigos e respostas: "Pronúncia do nome de uma língua da África do Sul: xhosa" ; "Africâner / africanês"; "Aprender português na África do Sul... ou por videoconferência"; "Mandela (1918 – 2013)"; "A mensagem que nos entrou diretamente no coração"; "'Em África' e 'na África'".

6. A elaboração de um dicionário exaustivo, para uso geral, é sempre um marco de enorme importância na afirmação política e cultural de um idioma. A este respeito, a lexicografia inglesa tem dado exemplos de trabalho árduo e prolongado, com o seu quê de obsessivo. Vem, pois, a propósito mencionar aqui a estreia nas salas de de cinema portuguesas do filme O Professor e o Louco, uma adaptação do livro com o mesmo título, escrito pelo jornalista inglês  Simon Winchester, que conta a história de como foi criado o Dicionário Oxford, em 1857. Graças a dois homens excecionais – o irlandês James Murray (interpretado no filme por Mel Gibson), um professor sem estudos universitários mas com uma paixão desmedida pela sua língua, que aceita o desafio de criar o dicionário mais abrangente de sempre feito até então, com uma citação para ilustrar os vários significados de cada palavra; e o cirurgião William Chester Minor (com  Sean Penn nesse papel), um veterano da Guerra de Secessão americana condenado por assassínio e preso num hospital psiquiátrico. O projeto – que demorou 40 anos a ser concluído, da letra A à letra Z  –  assentou numa rede de filólogos amadores que, voluntariamente, compilaram e foram enviando palavras dos livros que iam lendo. Coube a W.C. Mirror o principal contributo, com mais de dez milhões de definições.

7. A situação linguística de Cabo Verde é o tema focado pelo programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, 10/05/2019, depois do noticiário das 13h00* (com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*), numa entrevista à professora Ana Josefa Cardoso, responsável por um projeto de bilinguismo no Agrupamento de Escolas do Vale da Amoreira (Moita, Setúbal). No programa Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2, no domingo, 12/05/2019, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 18 de maio, às 15h30**), a linguista Mafalda Mendes, investigadora do CELGA/ILTEC, retrata uma experiência pedagógica com alunos do 1.º ciclo de algumas escolas de Coimbra, à volta do contributo da construção de diálogos para o desenvolvimento de competências de escrita de textos narrativos. 

 ** Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas  Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

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1. A propósito do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, celebrado a 5 de maio, Margarita Correia, presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), num artigo intitulado "Viva a língua portuguesa!" (originalmente publicado no Diário de Notícias de 5/05/2019), faz o ponto da situação relativamente a algumas ações levadas a cabo no âmbito da promoção da língua e do Acordo Ortográfico de 90, com especial destaque para o lançamento (em 2017) e desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), que, atualmente, inclui já os vocabulários nacionais do Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, estando preparado para receber os restantes vocabulários dos países da CPLP.

2. A pena de Ferreira Fernandes, jornalista do Diário de Notícias, leva-nos numa viagem pelas sonoridades do português que se fala no mundo: de Portugal a Angola, de Brasil a Moçambique, de Malaca ao Havai. Uma língua burilada ao longo de séculos, que se herda e se guarda.

3. Também em louvor da língua portuguesa, Marco Neves, tradutor e docente universitário, explora uma compilação de vinte e três palavras do português, aproveitando para recordar que a língua pertence a todos os falantes (palavra Camões), que o erro é característico da língua (palavra filhos) bem como os mitos em seu redor (palavra queria) e outras tantas curiosidades a partir de palavras de A a Z (texto originalmente divulgado na plataforma eletrónica Sapo 24 e no blogue Certas Palavras).

4. O género feminino em nomes de profissões tradicionalmente masculinas é a problemática que está na base do apontamento de Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, no qual sublinha um conjunto de fenómenos neste processo de adequação da língua à realidade feita no feminino (e quiçá também no masculino).  

5. No Consultório, encontramos uma questão relacionada com uma história que assenta em questões de correção e estilo pessoal que teve lugar entre o escritor Augusto Abelaira e um gramático. A atualização traz ainda dúvidas a propósito do uso da palavra rímel, da possibilidade da locução de sempre poder ser um deítico temporal e do campo lexical de praia. 

6.  Destacamos as seguintes notícias relacionadas com a língua portuguesa:

— A recomendação de algumas alterações ao Acordo Ortográfico de 90 feita pelo grupo de trabalho constituído pelo parlamento português (notícia do semanário Expresso, aqui transcrita). Este artigo merece, contudo, algumas correções, uma vez que alguns exemplos selecionados para ilustrar as palavras que deverão sofrer alterações têm grafias que não se devem ao acordo (como é o caso de reabilitar, que já antes do acordo se grafava com esta forma) ou não sofreram alteração com o acordo, ao contrário do que se afirma (como acontece com o verbo pôr, que continuou a ter acento gráfico). Importa ainda lembrar que qualquer alteração ao Acordo Ortográfico em Portugal ou em qualquer outro país  onde ele se encontre em vigor oficialmente só poderá ocorrer no âmbito multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o instrumento para a gestão comum da idioma oficial dos Estados-membros da CPLP*;

* conforme as orientações traçadas na VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, realizada em São Tomé e Príncipe, em 2002.

— A conferência de Carlos Reis, professor Catedrático da Universidade de Coimbra, intitulada "Malhas que o cânone tece: a língua em contexto de diversidade", que abordará questões relacionadas com a diversidade linguística, o cânone literário e traumas e condicionantes da língua, com lugar na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, no dia 8 de maio, a partir das 8h30; e

— A publicação em Portugal da lei 31/2019, que permite a utilização de dispositivos digitais para a reprodução de documentos e o uso da fotografia digital para uso pessoal, em bibliotecas e arquivos públicos, a partir de 1 de junho (notícia aqui).  

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1. Festeja-se em 5 de maio o Dia da Língua e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que em 2019 completa 10 anos de comemorações. A data – cujo objetivo é mostrar a importância da língua portuguesa como um património cultural comum e a diversidade linguística e cultural dos Estados-membros da comunidade – é marcada por vários eventos (ver programa e também aqui). Com um total de 190 iniciativas na UNESCO e em  56 países, entre os quais Cuba, China e Rússia, no dia 3 de maio, na sede da CPLP, em Lisboa,  a data fica assinalada com uma sessão solene subordinada ao tema "A cultura e a aproximação dos povos da CPLP: realidades, desafios e perspetivas futuras". A ela se associa o “Debate Africano na CPLP”, transmitido em direto pela RDP África e através do portal da CPLP, a partir das 17h00.

Ainda na região de Lisboa, a data é também assinalada no Mercado da Língua Portuguesa, que decorre de 3 a 5 de maio em Cascais, numa iniciativa da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.

2. No Consultório, levantam-se questões que se concentram em tópicos da sintaxe: na frase interrogativa «quem sou eu?», onde está o sujeito? Como analisar a frase «ele dá pulos de tão contente que está»? Como classificar a construção «seja amanhã ou depois»? Completam esta atualização uma pergunta sobre um caso de redundância num programa de televisão e um comentário sobre o topónimo Bornazeiro Cortado, do concelho de Castelo Branco.

3. Um ponto pode fazer falta, sobretudo na escrita dos numerais ordinais – 1.º, 2.º, 3.º –, de modo a evitar trocas com o sinal em expoente do símbolo °C, que representa o grau Celsius (ler "O grau centígrado: um fóssil terminológico", da autoria do professor Guilherme de Almeida). No Pelourinho, a consultora do Ciberdúvidas Sara Mourato dá conta de mais um caso suscetível de gerar confusão, ocorrido no concurso Joker, transmitido pela RTP1, um dos canais da televisão pública portuguesa. Sobre esta questão, ler "O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?".

4. O estudo da nossa língua não dispensa o do latim, por este constituir a matriz do português e, a par do grego, facultar numerosos radicais para a formação de termos científicos e técnicos. Na Montra de livros, apresenta-se a Nova Gramática do Latim, do professor universitário, tradutor e escritor português Frederico Lourenço.

Recorde-se que o programa Páginas de Português deu igualmente atenção a esta obra, com uma entrevista feita ao próprio autor e transmitida em 7/04/2019.

5. Da atualidade relacionada com a língua portuguesa, fazemos registo:

– do anúncio da construção do novo polo da Escola Portuguesa de Macau, coincidindo com a deslocação que Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, fez em 1 de maio p. p. à Região Administrativa Especial de Macau, assim concluindo a sua visita à República Popular da China (ver também Abertura de 26/04/2019; sobre o interesse internacional pela aprendizagem a língua portuguesa, leia-se a entrevista que Luís Faro Ramos, presidente do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua concedeu ao jornal Mundo Português);

 – em Santiago de Compostela, no dia 4 de maio, da estreia do documentário Pacto de Irmãos, trabalho que reúne os depoimentos de um conjunto de especialistas sobre um texto do século XII descoberto pelo filólogo galego José Souto Cabo há quase duas décadas, na Torre do Tombo (Lisboa), e provavelmente o documento galego-português mais antigo que se conhece (ver a apresentação em vídeo aqui).

 6. As políticas linguísticas na perspetiva da diáspora portuguesa e nos países africanos lusófonos, abordadas pela investigadora Teresa S. Ferreira, do CELGA/ILTEC, são o tema central do programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, 3/05/2019, depois do noticiário das 13h00* (com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*). No programa Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, 5/05/2019, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 11 de maio, às 15h30**), uma conversa com a diretora do escritório em Portugal da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) para a Educação, a Ciência e a Cultura, Ana Paula Laborinho,  e com o responsável do Observatório da Língua Portuguesa, Francisco Ramos, dá relevo ao seminário “Importância da Língua Portuguesa para as Gerações Futuras”, inserido nas comemorações do 10.º aniversário do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, em 5 de maio.

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. Neste dia, 29 de abril, assinala-se o Dia Mundial da Dança, uma data instituída pela UNESCO, em 1982, que pretende dar visibilidade a esta forma de arte, destacando a sua importância e alguns dos seus momentos marcantes. Vale a pena recordar  a polissemia do verbo dançar, que, para além do sentido denotativo de «mover o corpo de forma cadenciada» (Dicionário Priberam , em linha), pode também significar «sair-se mal», «ser detido», «ser posto de lado», «não dar certo» e mesmo «ser morto» – como esclarece o professor Carlos Rocha na resposta Dançar = «não ser bem-sucedido».

Recordamos ainda as respostas A relação de hiperonímia de dança, «Portugal vai parar para dançar» e Melhor aprendiza de dança...

Na imagem: Dança (II), de Henri Matisse, 1910.

 

2. Na presente atualização do consultório, ficam disponíveis quatro novas respostas. Versam a origem e o significado do sufixo -um (por exemplo, na palavra cabrum), a razão do x em palavras como enxabido, a adequação da fórmula «Gostaríamos de convidá-los...» para abertura de um convite e a subclasse do verbo estar na frase «Estar guardado num cofre». 

3. Ainda sobre o ataque terrorista no Sri Lanka – Sri Lanca ou Seri Lanca na grafia aportuguesada –,  em crónica publicada no seu blogue Certas Palavras, o professor universitário e tradutor Marco Neves rememora a herança dos portugueses de quinhentos neste país da antiga Tapobrana: «Se aterramos nessa ilha em forma de lágrima e folhearmos uma lista telefónica, encontramos apelidos como: Silva, Fernando, Pereira, Almeida, Costa, Fonseka… São nomes relativamente comuns. O atual governo do Sri Lanka tem um ministro de apelido Fernando e outro de apelido «Perera» (uma variante de Pereira).»

A propósito dos crioulos de base portuguesa, recordamos algumas respostas no arquivo Ciberdúvidas: Crioulos, Crioulos de Ceilão, Dialecto, crioulo e patoáCrioulo, dialecto e «pidgin».  

4. A perda de vitalidade de algumas expressões típicas é o tema fulcral abordado pelo jornalista e escritor brasileiro Joaquim Ferreira dos Santos no artigo "Meter  a língua onde não é chamado", que recorda o saboroso linguajar popular do Rio de Janeiro (originalmente divulgada no jornal O Globo e no blogue do autor). Em tom jocoso, numa visão atrevida da verbalização interjetiva do prazer sexual, leia-se também o texto "Orgasmo multilíngue", que o jornalista e escritor brasileiro Ruy Castro assinou no Diário de Notícias em 27/04/2019.

5. Na sequência da visita do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, à China, o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da LínguaLuís Faro Ramos, concedeu uma entrevista ao Diário de Notícias, na qual destaca os 4000 estudantes chineses que atualmente se dedicam a estudar a língua portuguesa: «Dentro de dois ou três anos haverá 50 doutorados em Português na China. É impressionante!»

6. Um último registo  para a Semana da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP. Organizada pela Universidade Cabo Verde, no âmbito da qual terá lugar o Painel Interagir para Aprender – Contributos para a Aprendizagem de Português Língua Segunda, decorrerá no dia 2 de maio, com organização da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa e do instituto Camões. «Dentro de dois ou três anos haverá 50 doutorados em Português na China. É impressionante!»

7. Devido ao feriado do 1.º Maio, Dia do Trabalhador, a próxima atualização fica marcada para sexta-feira, dia 3 de maio.

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1. A situação política em Espanha – onde se realizam eleições gerais no domingo, 28 de abril* –, levou um grupo de académicos portugueses a manifestar a sua posição no jornal Público em 23/04/2019. Entre os signatários, um identifica-se como mediólogo – e que significa esta palavra? Como se formou? No Consultório comenta-se a construção deste termo; e aludindo ao lugar-comum de Portugal e Espanha viverem de costas voltadas (o mesmo é dizer «de espaldas», em castelhano), define-se a eventual destrinça entre «virar as costas», com artigo definido, e «virar costas», sem ele. Duas perguntas sobre análise gramatical completam esta atualização: o verbo chover é impessoal ou unipessoal? Em «tua procura», qual é a classe de palavras da forma tua?

* A propósito das eleições espanholas, leia-se a Abertura de 24/06/2016, acerca dos castelhanismos que se ocultam no português. Sobre a influência do castelhano na língua portuguesa literária, convém igualmente consultar os textos "O português como língua de Camões é um mito" (Público, 20/04/2019) e "Saramago, o ibérico" (Expresso, 1/04/2006), ambos disponíveis na rubrica O nosso idioma. Refiram-se ainda outros artigos e respostas: "Os 48 gentílicos de Espanha", "O significado do provérbio 'De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento'", "O verbo meter, um caso de empobrecimento vocabular, e a linguagem inclusiva vista de Espanha", "Costa del Sol (esp.), Costa do Sol (port.)" e "O significado do castelhanismo cantera". Na imagem, mapa de Espanha, distinguindo as comunidades autónomas (fonte: "Comunidades autónomas da Espanha", Wikipédia).

2. Tema da atualidade política, também, é a viagem oficial do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa à República Popular da China de 26 de abril a 1 de maio. Desta deslocação, são pontos do itinerário a capital, Pequim, a cidade de Xangai e a Região Administrativa Especial de Macau, onde a língua portuguesa mantém estatuto oficial.

A respeito da relação linguística (mas não só) de Portugal com a China, recordamos os seguintes artigos e respostas disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: "O português na China", "O português na televisão e na China", "O português em África e na China, do ângulo de Macau", "Português Língua Estrangeira: negócio da China?", "Macau, «enorme ponte virtual» entre a China e a língua portuguesa", "Portugal, o melhor amigo da China". Sobre palavras e expressões alusivos a este país: "Marco Polo e o negócio da China", "Iuane e yuan", "O sufixo -idade e o 'sentimento de ser chinês'", "O hífen em palavras como tinta da China", "O gentílico de Nanquim (China)".

3. Cinco anos decorridos desde a sua entrada como membro de pleno direito da CPLP, como escreve José Manuel Matias, em artigo disponível na rubrica Lusofonias, a  língua portuguesa continua a ser uma ficção na Guiné Equatorial. E não só com responsabilidades do Governo de Malabo.

4. Quem rejeita o Acordo Ortográfico de 1990 segue a norma anterior. Quem o aplica – por exemplo, nos textos produzidos oficialmente – tem todos os meios de consulta para não errar, como lembra a professora Lúcia Vaz Pedro em apontamento escrito para O nosso idioma. Na mesma rubrica, a linguista Ana Sousa Martins revela o quão poupados e discretos são os falantes de português no uso da palavra dinheiro

5. Nas Diversidades, transcreve-se com a devida vénia um texto da jornalista brasileira Carol Castro, que o publicou na revista Galileu, a propósito do que sociedades e países fazem ou não fazem pela vitalidade do idioma que, materno ou não, lhes confere identidade.

6. No programa Língua de Todos, emitido na RDP África, o fenómeno do contacto linguístico em Angola é o tema em destaque numa conversa com Liliana Inverno, investigadora do CELGA-ILTEC (sexta-feira, dia 26/04, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 09h15). No programa Páginas de Português, da Antena 2, o destaque é o recém-editado livro Contos com Nível – B1,  da autoria de Ana Sousa Martins. No domingo, dia 28/04, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 4 de maio, às 15h30*).

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. As palavras têm a capacidade de mudar o mundo, mas são também os acontecimentos que vão tendo lugar neste nosso mundo que desencadeiam a mudança lexical. O 25 de Abril, evento marcante na sociedade portuguesa do século XX, cujos 45 anos se comemoram, funcionou como agente de mudança e inovação lexical. A liberdade que o 25 de Abril trouxe influenciou também o léxico, como bem o atestou o uso generalizado de palavras como democracia, socialismo, comunismo, igualdade e da própria liberdade, termos que até então pouco integravam o léxico ativo dos falantes. O Ciberdúvidas evoca esta data, recordando alguns artigos associados ao tema: Palavras que nasceram com a década [1974-1984], de José Mário CostaO 25 de Abril no léxico português, de Margarita Correia, Nos 30 anos do 25 de Abril, de José Manuel MatiasJosé Mário Costa e ainda O 25 de Abril e a afirmação da língua portuguesa em África

Primeira imagem: 25 de Abril sempre, pintura mural

2. Neste mesmo dia 25 de abril comemoram-se ainda os 43 anos da Constituição Portuguesa, documento redigido pela Assembleia Constituinte e ratificado em 25 de abril de 1976. O vocábulo constituição tem estado na origem de diversas perguntas que aqui recordamos:  Anticonstitucionalmente e antoconstitucionalissimamenteA pseudopalavra 'inconstitucionalissimamente'Sobre a palavra 'inconstitucionalissimamente'"Inconstitucionalissimamente", de novoDivisão silábica de incontitucionalissimamente e Anticonstitucionalissimamente.

3. A mudança tem sido uma constante do século XXI sobretudo no âmbito tecnológico. A era digital tem a capacidade de gerar novas realidades que exigem uma constante renovação lexical. Este processo de mudança fica bem patente no conjunto de vocábulos / expressões que já sofreu um processo de adaptação à língua portuguesa: internetês, impressão digital ou identidade digital, são disso exemplo. Este fluxo lexical é contínuo e tem origem sobretudo na língua inglesa. Alguns destes termos entraram no português mantendo ainda a sua forma original: glamping, gummies, lamer, meme, muppies, plogger, vloger e outros tantos (cf. significados no apontamento do sítio Delas). Outras palavras acusam um processo de adaptação ao português ainda em curso, exibindo marcas como a flexão verbal em -ar: deletar, scanear ou googlar (que deveria assumir a forma guglar, esta sim verdadeiramente portuguesa) ou stalkear (stalquear?).

Recorde-se, neste âmbito, o artigo Português ganha 6000 novas palavras, que, no final do século XX, já antecipava um fenómeno de grande vitalidade lexical no mundo digital, e reações como Mais português, por favor, e menos estrangeirismos. 

4. De mudança também nos fala Miguel Esteves Cardoso, cronista do Público, num texto que mostra que a inovação lexical não se associa apenas à introdução de novos vocábulos, mas também à extensão do significado de vocábulos já existentes na língua: uma reflexão a partir dos usos recentes dos verbos evitar dispensar.

5. Há quem defenda que a mudança linguística deveria também ocorrer no sentido da eliminação de palavras marcadas por significados pejorativos ou histórica e eticamente censuráveis. É o caso dos termos/expressões que convocam noções racistas como denegrir, doméstica ou "trabalho de preto" ou ainda o adjetivo negro presente em expressões como "mercado negro", "lista negra" ou "ovelha negra" (cf. as 10 expressões racistas que deveríamos tirar do nosso vocabulário, uma proposta da jornalista brasileira Natália Eiras, divulgada na plataforma Universa). 

6. Os acontecimentos podem não produzir novas palavras, mas simplesmente convocá-las, trazendo-as a inúmeros textos orais e escritos. Foi o que aconteceu a propósito da tragédia que teve lugar no Sri Lanca (aportuguesamento de Sri Lanka - cf. aqui) que trouxe ao discurso mediático vocábulos como mortandade, ataque, carnificina, detonação, suspeito ou atentado

A descrição de situações desta natureza torna pertinente recordar algumas questões colocadas ao Ciberdúvidas: Assassínio e não "assassinato", Homicídio e assassínio, A diferença entre assassínio, assassinato e homicídio, Ainda o homicídio e o assassínio, A etimologia do substantivo e adjetivo assassino

7. A nova atualização do Consultório traz resposta a dúvidas relacionadas com a construção frásica («Qual a frase correta: «Estás a ver, meu estúpido» ou «Estás a ver, seu estúpido»?», «O verbo imaginar constrói-se com uma completiva com modo indicativo ou conjuntivo?» e «A construção «ter de/que» pede ênclise ou próclise do pronome átono?»), com a classe de palavras («Dele é pronome possessivo?») e com a edição («Quando usar idemibidem em citações bibliográficas?» e «Que ortografia adotar na referências a títulos de publicações antigas?»)

8. Destacamos ainda duas publicações e uma notícia:

— Na Montra de Livros apresenta-se a publicação Políticas linguísticas em português, com coordenação de Paulo Feytor Pinto  e Sílvia Pfeifer, uma obra que aborda assuntos variados relacionados com diferentes variantes do português;

— A publicação intitulada Portugiesisch – Weltsprache des Rechts, apresentada num artigo de Macaísta Malheiros, juiz desembargador reformado, onde se evidencia a importância da língua portuguesa no Direito mundial;

—  Notícia do portal Ibahia que refere que a falta de conhecimentos de língua portuguesa é um dos principais motivos para a recusa de candidatos a um emprego. Entre os problemas apontados encontram-se os erros ortográficos, o uso de abreviaturas, o léxico diminuto e a incapacidade de adequação lexical.

9. O fenómeno do contacto linguístico em Angola será o tema desenvolvido por Liliana Inverno, investigadora do CELGA-ILTEC, em entrevista ao programa Língua de Todos, emitido na RDP ÁfricaUma conversa onde abordará ainda as perspetivas para uma política linguística em Angola (na sexta-feira, dia 26/04, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15). O programa Páginas de Português, da Antena 2, terá como convidada Ana Sousa Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa, para falar sobre a sua recente obra intitulada Contos com Nível, destinada à aprendizagem do português como língua estrangeira (domingo, dia 28/04, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 4 de maio, às 15h30*).

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui. 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Coincidindo com a interrupção letiva da Páscoa em Portugal, o Ciberdúvidas também faz uma pausa, para voltar às suas atualizações regulares em 24 de abril. Durante este período, fica, portanto, inativo o formulário do Consultório para envio de dúvidas, mas permanecem disponíveis para consulta as mais de 35 000 respostas  em arquivo, bem como os quase 4000 textos  das diferentes rubricas do Ciberdúvidas (Pelourinho, O Nosso Idioma, Ensino, Notícias, Montra de Livros, etc.). Ver, a propósito, Como (e o que) consultar no Ciberdúvidas. E como sempre nestas circunstâncias, não deixaremos de assinalar nos Destaques (em baixo) e no Facebook do Ciberdúvidas textos e notícias da língua de relevância informativa.

Para se saber mais acerca do vocabulário alusivo a esta época, sugerimos a leitura de "Etimologia e significado de Páscoa", "A primavera e as estações do ano", "Etimologia de Quaresma, Pascoela...", "Feira das 'endoenças'" , "Visita do compasso", "Aleluias", "A pronúncia de ressurreição + geração + aleluia" e "Feriados conhecidos pelas datas: maiúsculas e minúsculas".

 2.Consultório da presente atualização centra-se mais uma vez em problemas de análise gramatical, que tanto preocupam alunos e professores: qual é a função sintática do adjetivo na expressão «classe social»? E, na frase «o pó espalhou-se pelas ruas», como classificar «pelas ruas»? Mas noutras áreas de atividade igualmente se levantam questões: por exemplo, quanto à melhor variante de uma palavra ou sobre uma expressão a que o avanço tecnológico talvez tenha retirado sentido.

3. Em O nosso idioma, a professora Lúcia Vaz Pedro, continuando a abordar o tema de dois textos anteriores da sua autoria, Acentuação atual – o que não mudou e O que mudou na acentuação (II), recorda a ortografia de algumas palavras graves (paroxítonas) como boia, heroico e leem. Na rubrica dedicada ao Acordo Ortográfico, D'Silvas Filho resume os critérios que defende e segue, em alternativa às soluções adotadas pelos vocabulários ortográficos editados em Portugal, no contexto da norma em vigor. Trata-se de um apontamento transcrito do seu mais recente livro Histórias que o avô deixou... Sobre o poder feminil. Outros contos. Ensaios. Crónica,  edição CSC.Reticências, 2018.

4. A forma inglesa Twitter, nome da conhecida rede social, motiva diferentes aportuguesamentos, como o Ciberdúvidas tem apontado (ver aqui e aqui). Justifica-se, portanto, seguir com atenção a perspetiva bem brasileira que o linguista Aldo Bizzocchi  propõe no blogue Diário de um linguista, num artigo que analisa morfologicamente duas dessas adaptações, tuíte e tuitar, e comenta outras.

É interessante observar como o português do Brasil diverge do de Portugal, quando o autor se refere ao inglês bluetooth («tecnologia de transmissão de dados sem fios») e ao francês cordon-bleu («panado de carne de vaca recheado com fiambre e queijo»): entre brasileiros, as palavras podem soar como "blutufe" e "cordomblê", pronúncias que se afigurarão provavelmente estranhas em Portugal, onde tais estrangeirismos tenderão a transmutar-se foneticamente em "blutusse" e "cordomblâ".

5. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para rádio pública portuguesa, os temas abordados ficam semanalmente assinalados  nos Destaques (em baixo) e  na rubrica Notícias.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. São erros persistentes que apoquentam os professores sempre que contactam com os textos escritos por alunos. Erros cuja origem importa procurar determinar porque este conhecimento poderá motivar abordagens didáticas suscetíveis de produzirem efeitos positivos. Este é o tema do novo apontamento trazido pela professora Carla Marques, disponível na rubrica Ensino.   

2. O questionamento linguístico é uma forma de procurar evitar erros. A adoção desta atitude explica por que se procura  determinar a normatividade de expressões como «Esqueceu-se-me de comprar o pão» ou a correção da colocação dos pronomes em «trar-se-mo-á» e ainda a legitimidade do termo sulano enquanto gentílico correspondente a São Pedro do Sul. Na atualização do Consultório, encontramos ainda perguntas relacionadas com funções sintáticas: por um lado, procura-se estabelecer a diferença de função entre os constituintes introduzidos pela preposição a em «ceder ao sentimento» e «prestar atenção à leitura» e, por outro, analisam-se as funções de alguns constituintes do poema D. Dinis, de Fernando Pessoa (Mensagem). 

3. Brexiteiros foi a inovação lexical que o jornalista e escritor Miguel Esteves Cardoso utilizou na sua crónica, no jornal "Público" de 2/04/2019, relacionada com o desenvolvimento do processo de saída do Reino Unido da União Europeia. A nova palavra resulta da associação do sufixo -eiro ao nome Brexit (que, por seu turno, resultou da amálgama de elementos truncados de «British exit» («saída britânica»), criando assim um vocábulo aportuguesado que significa "conjunto de indivíduos que realizam determinada ação" (neste caso a defesa do Brexit), mas que transmite também a noção, mais negativa, de "ação excessiva". 

4. Jogos didáticos versando o bom uso da língua portuguesa é uma iniciativa da página ncultura. Com a devida vénia, ficam também disponíveis na rubrica O Nosso Idioma (Testes e Vídeos), com o título Como estamos de conhecimentos de português?

5.  Algumas notícias relacionadas com a língua:

— A nova sessão do "Camões dá que falar", iniciativa do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, que conta  a presença da secretária-geral ibero-ameicana Rebeca Grynspan. No dia 11 de abril, em Lisboa, pela 17h00, abordando o tema "Dois continentes e duas línguas numa mesma comunidade: diálogo ibero-americano"; 

— A divulgação em Madrid de uma folha manuscrita restaurada do Livro da Montaria, que foi mandado fazer por D. João I de Portugal, na primeira metade do século XV. Este documento, identificado pelo Arquivo Provincial de Lugo, foi recuperado a partir de fragmentos usados para proteger escrituras notariais do século XVIII (notícia aqui); 

— O lançamento, pelo Instituto Politécnico de Macau, de um sistema automático de tradução chinês-português-inglês com base em reconhecimento de voz (notícia aqui).

6. No que respeita aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para rádio pública portuguesa, na presente semana.

— Língua de Todos, emitido na RDP África, trará à antena a professora Ana Sousa Martins, que virá falar sobre o seu novo livro Os contos com nível, criada especificamente para alunos de português língua estrangeira com cerca de um ano de aprendizagem (na sexta-feira, dia 5/04, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15);

— No Páginas de PortuguêsFrederico Lourenço, poeta, professor universitário e autor da recém-publicada Nova gramática de latim, estará à conversa à volta do latim, língua que não se gasta e que ele gostaria que fosse «ensinada nas escolas a partir dos 10 anos». Programa transmitido na Antena 2, no domingo, dia 7/04, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 13 de abril, às 15h30*.

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Embora Malawi pareça ter sido em tempos a forma mais corrente para, em Portugal, designar o país africano assim chamado, existe hoje o aportuguesamento Maláui, que já se documenta oficialmente. Este é um dos tópicos abordados na nova atualização do Consultório, entre os quais também se conta a regência do adjetivo propício, a sintaxe do verbo ceder no sentido de «não resistir», a locução prepositiva «até a» e o plural de leite (que não denota uma simples multiplicação).

2. As formulações da linguagem inclusiva para combater o sexismo continuam a gerar polémica por todo o mundo, como é o caso, no México, das declarações da linguista Concepción Company Company à revista Zeta. Num trabalho intitulado "La gramática no tiene sexo, no es incluyente ni excluyente" – isto é, «a gramática não tem sexo, não é inclusiva nem exclusiva» – a referida especialista faz várias considerações sobre o alegado sexismo de certas construções, entre elas, o masculino plural, empregado em espanhol para referir ambos os géneros, tal como acontece em português. Acerca deste ponto, citamos (tradução livre): «A gramática é uma série de convenções seculares, até milenárias, sedimentadas sob a forma de regras, hábitos e rotinas, de muito lenta transformação, e devemos perceber, como é sabido, que o masculino não reflete sexo, reflete uma convenção indiferente ao género. Se eu perguntar «quantos filhos tem?», suponho que [quem me ouve] pensa em filhos e filhas, em todos; mas, se lhe perguntar «quantas filhas tem», ficam excluídos [os filhos]; esta é a prova de o masculino ser indiferente.»

Acerca deste tema, ver, no Ciberdúvidas, "Machista e heteropatriarcal, a língua portuguesa?", do linguista João Veloso. Consultem-se ainda os seguintes artigos: "Calem-se!",  "Elas são eles e eles são elas?", "Os cidadãos e a gramática", "O sexo das palavras",  "Quem fala assim não é gago nem gaga", "Gramática ainda não tem sexo", "Car@s leitorxs e utentas", "@ entre acentos, géneros e beijos", "A que propósito aparece a crónica de RAP no Ciberdúvidas?", "Sobre índices temáticos e género gramatical", "O uso de @ para marcar o género de palavras" e  "'Amigas e amigos' e 'amigos e amigas'.

3. Sabemos que o árabe tem nomes para os dias da semana que são homólogos dos portugueses na estrutura e no sentido. Basta mencionar  (yawm) al-ithnayn, que significa «segundo dia», para imediatamente encontrar semelhança com segunda-feira. Estaremos, então, perante mais um exemplo do impacto do idioma arábico sobre a nossa língua? Nada disso, como bem explica o escritor e tradutor português Marco Neves em "Por que razão não chamamos 'primeira-feira' ao domingo", um apontamento publicado em 31/03/2019 no blogue Certas Palavras.

Do mesmo autor, a respeito da comparação do português com outras línguas, recorde-se um outro texto, de 6/12/2014, intitulado "Cinco palavras espanholas que enganam os portugueses". Do passado  e do presente das palavras, bem como dos seus problemas de análise, fala também o linguista Aldo Bizzocchi, no apontamento vídeo "Como criar palavras e – desmontá-las" no canal Planeta Língua (Youtube, 29/03/2019).

Na imagem, lápide datada de 618 d.C., que se encontra na Igreja de São Vicente (Braga). A terceira linha do texto epigrafado atesta a expressão latina secunda feria, que está na origem de segunda-feira (foto de Joseolgon, disponível no artigo "Dias da semana" da Wikipédia).

4. «Será que quanto mais se puser a tónica na expressão, menor é a comunicação?» – pergunta o tradutor Vítor Santos Lindegaard no blogue Travessa do Fala-Só, desenvolvendo uma breve reflexão à volta das necessidades nem sempre compatíveis de expressão e comunicação no uso das línguas. Um texto que aborda outra dualidade, a existente entre convenção e criação artísticas, ilustrada por um poema de Alexandre O'Neill (1924-1986), em jeito de evocação do seu génio irreverente.

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1. Os acontecimentos mediáticos convocam muito frequentemente termos específicos através dos quais se procura descrever a realidade em questão. As situações menos frequentes ou mesmo inusitadas podem exigir a criação de novos vocábulos, o recurso à extensão semântica ou a recuperação de palavras que não integram o léxico ativo dos falantes. Todavia, a utilização de palavras com as quais se contacta menos frequentemente pode gerar uma opacidade semântica que dificulta a interpretação ou pode levar à dúvida no momento da seleção do vocábulo. Esta última realidade parece justificar a hesitação que se tem verificado na utilização das palavras endogamianepotismo como forma de descrever a existência de relações familiares entre membros do Governo português, a polémica que caracteriza a atual situação política em Portugal. A consultora Carla Marques deixa a sua sugestão relativamente ao termo mais adequado, num apontamento disponível em O Nosso Idioma

2.Acordo Ortográfico de 1990 determinou algumas alterações no campo da acentuação de que são exemplo a forma verbal para ou os nomes pelo ou pera. A professora Lúcia Vaz Pedro traz-nos uma síntese que recorda algumas das mudanças que tiveram lugar e algumas grafias que se mantêm. 

3.  Quando uma marca registada é assumida como designação do próprio produto, podem colocar-se problemas relacionados com a grafia e com a pronúncia do vocábulo. É esta a questão levantada pela generalização da marca comercial X-ACTO® enquanto nome comum de um objeto. Um problema cujos contornos são analisados no Consultório. Entre as respostas que integram a nova atualização, encontramos ainda a divisão das orações de duas frases («Amanheceu chovendo» e «É difícil ver ou prever que todos veem menos programas generalistas») e a identificação das primeiras referências escritas à expressão «ser burro de Vicente».

 

4. Entre os acontecimentos relacionados com a língua, registe-se a análise de publicações de tradução em França no ano de 2018, divulgada pela revista Livres Hebdo, que refere que a língua portuguesa apresentou um aumento de 47% no número de traduções em França.

5. Os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa trazem à antena o professor universitário Tjerk Hagemeijer  (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ), para falar sobre a situação linguística em São Tomé e Príncipe (no programa Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, dia 29/03, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15), e Paulo Feytor Pinto, professor do Ensino Secundário, acompanhado de Sílvia Melo-Pfeifer, professora da Universidade de Hamburgo, que vêm apresentar a obra que coordenaram,  Políticas Linguísticas em Português (LIDEL), uma publicação que visa dar a conhecer as políticas linguísticas dos países africanos de língua oficial portuguesa, assim como as de Portugal, do Brasil e da cidade de Macau (no programa Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, dia 31/03, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 6 de abril, às 15h30*).  

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.