Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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«Tráfico» em vez de tráfego («tráfico cortado»), «uniões de trabalhadores» no lugar de «sindicatos de trabalhadores», «assalto» trocado por «agressão» (o jornalista iraquiano não «assaltou» George Bush com os sapatos...). Más e desleixadas traduções e, acima de tudo, o recurso abusivo de estrangeirismos, alguns mesmo sem a mínima equivalência em português («candidato incumbente» o que será?)....

Sobre as "incorrecções" linguísticas convencionalizadas, um artigo de Ana Martins no Sol.

Há quem caia frequentemente na tentação de dizer que o português é uma língua colorida, cheia de matizes e surpresas, e, portanto, muito traiçoeira. O avesso deste chavão está na pressuposição de que há outras línguas que são monocórdicas e sensaboronas (a língua inglesa… não atraiçoa ninguém, diz a canção).

Porque« carga de água quereria o Governo saber tanto o que se passa em Belém -
 passa-se lá alguma coisa de muito interessante?»1

«Lembro-me quando estávamos a preparar o "Circo de Feras" no Campo Pequeno e fomos expiar o espectáculo dos Da Weasel, que tinham feito o Atlântico, uns dias antes. E fomos ver o que eles tinham!»2

Sobre das frases clivadas, um artigo de Ana Martins no Sol.

Sobre o poder da metáfora no comentário político — um artigo de Ana Martins no semanário Sol.

Vi os debates televisivos dos principais candidatos às legislativas procurando aí encontrar algum aspecto linguístico-discursivo de relevo. Mas depois de ter ouvido, no Rádio Clube, Inês Serra Lopes, Helena Garrido e mais alguém a debaterem o debate Sócrates vs. Ferreira Leite, percebi que era para o debate do debate que devia desviar a minha atenção.

Ser revisor de textos como principal ocupação profissional é ter uma vida diferente. É ver menos pessoas do que na maior parte dos outros trabalhos. É estar em casa grande parte do tempo. É não ter horários, mas prazos. É gozar do prazer de passar os dias a ler e ainda ser pago por isso. Um revisor é, por imperativo profissional, um leitor omnívoro. Um especialista das engrenagens da língua, desde as suas estruturas maiores até às suas partículas mais ínfimas, aos seus ossinhos e parafusos.

Heather Jean Brookes, investigador da Universidade de Stanford (Califórnia), num artigo da revista Discourse & Society, demonstra que na imprensa britânica domina um discurso estereotipado sobre África. África é retratada como um bloco homogéneo onde imperam a violência, a corrupção e o desrespeito pelos direitos humanos. Um dos itens de análise de Brookes passa, inevitavelmente, pela observação dos padrões de selecção de vocabulário.

Sobre a extinção de lexemas e estruturas sintácticas do português e o que fica dela — «uma prosa primária». Vasco Pulido Valente, na sua habitual crónica do Público. sob o título original "Voltar a casa".

 

As palavras inventam a realidade? Os demagogos sempre souberam que sim. Um artigo de Ana Martins no semanário Sol.

O português não é uma língua ameaçada, mas tal não justifica o actual alheamento relativamente às línguas minoritárias. Um artigo de Ana Martins no semanário Sol.

Existem cerca de 7000 línguas em todo o mundo: em cada 14 dias extingue-se uma delas.