Foi sem dúvida através da língua mbundu (vulgarmente «kimbundu»), falada na savana luandense, que os portugueses enriqueceram a sua língua com mais um vocábulo: imbondeiro.
Naquela língua africana a grande e grossa árvore produtora de «mukuas» designa-se «mbondo». O «m» serve só para nasalar o som inicial, é como se o «b» tivesse um til.
«Mbondo» é um estrangeirismo também ele importado pelo «kimbundu». Como tal, e de acordo com as regras banto de prefixação dos nomes, faz o plural em «jimbondo». Tal como «mbolo/jimbolo» - pão, «ngulu/jingulu» - porco, «ndungu-jindungu - picante», «nguba/jinguba» - amendoim, «njangu/jinjangu» - catana, «mbua/jimbua - cão», «ngongo/jingongo» - sofrimento, etc.
No entanto, surge muitas vezes na concordância adjectivo-substantivo, por questões de ritmo linguístico, a queda do prefixo do plural do nome «ji-»: «(ji)pange jiami» - os meus companheiros; «(ji)ndandu jiami» - os meus parentes.
Quando um português antigo chegou a uma sanzala mbundu e apontou para aquelas enormes árvores indagando o seu nome, as pessoas teriam talvez respondido: «ii mbondo» (aquilo é um mbondo, aquele é um mbondo).
Depois os portugueses devem ter seguido a lógica dos sufixos das árvores (pessegueiro, mangueira, figueira, mamoeiro...)
Talvez por isso os portugueses em Angola tivessem generalizado a grafia «imbondeiro».