Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

A fórmula correcta é «induzir a erro», ou «induzir em erro»?

Muito agradecia se me pudessem ajudar.

Resposta:

Escreve-se «induzir em erro»; Francisco Fernandes, no seu Dicionário de Verbos e Regimes, diz que induzir quer dizer, entre outras coisas, «arrastar, fazer cair (em erro)», e dá como exemplo «Quando, nos seus escritos, estatuiu leis gramaticais, foi para induzir em erro os que as observassem».

Assim, a forma correcta, e também usual, é «induzir em erro».

Pergunta:

Na frase «Ler com autonomia, bem como falar com naturalidade, é de grande valia...»

— Faço confusão nos termos autonomia e naturalidade.

— Qual o sentido das frases:

1. «Ler (ou falar) com autonomia?»

2. «Falar com naturalidade?»

Agradeço de antemão.

Resposta:

No contexto «ler (ou falar) com autonomia», a palavra autonomia quer dizer, por exemplo, «independência» e, em psicologia, «preservação da integridade do eu», ou seja, «ler (ou falar) com independência» ou «ler (ou falar) preservando a integridade do eu». Falta, no entanto, mais contexto, para lhe poder dar uma resposta mais segura.

Quanto a «falar com naturalidade», a palavra naturalidade, nesta situação, significa «espontaneidade; simplicidade» ou «ausência de artifício ou embaraço»; assim, «falar com naturalidade» é o mesmo que «falar com espontaneidade», «falar com simplicidade», etc.

Pergunta:

Qual o significado da palavra coesivo?

Resposta:

O adjectivo coesivo significa «que une, que adere» ou «em que há coesão ou união recíproca»; vem de «coeso + -ivo; (...) ; f[orma] hist[órica] 1836 cohesivo». Por sua vez, coeso quer dizer «unido por coesão» e, em sentido figurado, «que apresenta harmonia; ajustado, concorde» ou «que obedece à lógica; coerente».

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

O gentílico da Conchinchina qual seria? "Conchinchinês"?

Muito obrigado.

Resposta:

Escreve-se Cochinchina (e não "Conchinchina"), tratando-se do «antigo nome, provavelmente de origem portuguesa, dado à região austral da península da Indochina, entre 8º e 11º latitude Norte, correspondendo presentemente às zonas austrais do Camboja e do Vietname do Sul» [in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Editorial Verbo].

O Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, regista cochinchino, e diz que é, como adjectivo, «relativo à Cochinchina, região do Vietname do Sul» ou, na qualidade de nome (substantivo), «natural ou habitante da Cochinchina».

O Dicionário Eletrônico Houaiss, além de cochinchino (termo preferível), acolhe ainda duas variantes: cochinchinense e cochinchinês.

Pergunta:

«Trocar por miúdos», ou «trocar em miúdos»?

Resposta:

A expressão registada nos dicionários consultados é «trocar em miúdos»; significa «explicar (ou narrar) minuciosamente (ou pormenorizadamente)».

Contudo, o Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes acolhe também a expressão «trocado em, por miúdos».

Ainda existe a expressão «por miúdo»; quer dizer «a retalho; peça por peça; minuciosamente; tintim por tintim».

[Fontes: Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves, edição da Editorial Notícias; Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, e Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, de Emanuel de Moura Correia e Persília de Melim Teixeira, edição da Papiro Editora]