Luciano Eduardo de Oliveira - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Luciano Eduardo de Oliveira
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Luciano Eduardo de Oliveira, poliglota, tradutor, professor de idiomas, formado em Letras na Unifac Faculdades Integradas de Botucatu.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Caros professores, tenho me servido do vosso sítio para estudar nossa amada lingua portuguesa. Acho o vosso trabalho dos mais completos e agradeço antecipadamente a resposta a minhas dúvidas.

Estão corretas as escritas abaixo?

«Vou participar de reuniões na segunda e terça-feiras.»

«Tenho reuniões sempre às segundas e terças-feiras.»

«Tenho reuniões às segundas-feiras e terças-feiras.»

«E-mail», «e-mail», «email».

«Guarda-Chuvas estão saindo de moda.»

«Guarda-chuvas estão saindo de moda.»

Resposta:

Feira, por ser escrito com hífen, deve concordar com o termo imediatamente anterior, o que exclui como correta a primeira proposta. As duas últimas estão corretas, mas a terceira tem uma repetição que talvez não agrade a todos. A mim pelo menos não agrada.

Acho que sei o porquê da dúvida: com os demais ordinais, são possíveis ambas as concordâncias: no segundo e terceiro andares ou no segundo e no terceiro andar, mas feira não se inclui neste caso por vir hifenizado ao elemento anterior.

«Guarda-chuvas estão saindo de moda.» Usar-se-ia a maiúscula em chuva se fizesse parte do título de um suposto livro, como em O Guarda-Chuva Amarelo.

Pergunta:

Recebam as minhas prolfaças pelo grande trabalho que se faz neste sítio relativamente à língua portuguesa. Gostaria de saber a razão pela qual a palavra campi não se escreve cámpi ou cȃmpi em português.

Resposta:

Porque a palavra campi, plural de campus (como se pode verificar em resposta já publicada), é palavra latina e não se sujeita às regras de acentuação da língua portuguesa. Em latim não se marcavam os acentos. Encontra-se o mácron (¯), que indica vogal longa, e a braquia (˘), que indica vogal curta, somente em textos didáticos.

Nota: Aconselhamos a consulta de algumas respostas sobre este tema, como, por exemplo: Campus ou pólo; A palavra campus.

Pergunta:

A minha dúvida é sobre próclise e ênclise. Se um pronome pessoal do caso reto vier após um fator de próclise, este pronome dá, ou não, condições legais para o uso de uma ênclise?

Exemplos:

«Como nós a conhecemos», ou »Como nós conhecemo-la»?

«Quando tu os recebeste», ou «Quando tu recebeste-los»?

Sei que se não houvesse a presença destes nós e tu, a forma correta seria com a próclise. Mas, e quando esses nós e tu estão presentes, faz alguma diferença, ou, nestes casos, o uso da próclise é obrigatório devido à presença do fator de próclise?

Resposta:

Diz-se:

«Como nós a conhecemos.»

«Quando tu os recebeste.»

Os fatores de próclise estão aí presentes. É indiferente haver qualquer palavra que medeie entre eles e o verbo.

Nota: Como há bastantes respostas sobre o tema, aconselha-se a consulta de algumas, como, por exemplo: Sobre a próclise, a mesóclise e a ênclise; Próclise, em Portugal e no Brasil; A próclise e a ênclise, em Portugal e no Brasil, novamente.

Pergunta:

Por que há vírgula — entre parênteses — nas frases abaixo?

1 – «Fiz(,) e faria novamente.»

2 – «Eles chegaram à janela muito timidamente, espiaram com cuidado(,) e depois abriram um sorriso.»

Resposta:

A vírgula aí é opcional e diria até que seria melhor não usá-la por ambas as frases terem o mesmo sujeito (eu na primeira e eles na terceira). Entretanto, por necessidades expressivas, o autor lançou mão dessa vírgula talvez para marcar uma pausa, uma espécie de suspense.

Pergunta:

Grau normal dessas palavras... eu não sei se elas estão no aumentativo ou diminutivo: festança, folheto, soneca, sineta, ratazana, cruzeiro, chuvisco, riacho.

Resposta:

Estão no aumentativo: festança (de festa), ratazana (de rato), cruzeiro (de cruz).

Estão no diminutivo: folheto (de folha), soneca (de sono), sineta (de sino), chuvisco (de chuva), riacho (de rio).

No entanto, note-se que cada um desses substantivos tem características semânticas próprias, não restritamente o de diminutivo ou aumentativo da palavra primitiva de que provém.