Marco Neves - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pelo autor
A nossa língua no mapa de Espanha?
A relação dos portugueses com a situação linguística da Galiza

As listas de nomes de lugar associadas aos mapas de Espanha podem tornar-se desconcertantes para qualquer falante de português, porque nelas se encontram topónimos com pouco ou nada de castelhano, como «O Barco», «A Guarda», «Gondomar», «A Lagoa», «Cabana Moura» ou «O Reino». Será que a cartografia espanhola mostra especial deferência com a chamada lusofonia? Longe disso. A abundância de nomes "portugueses" deve-se à Galiza, onde existe um rico património linguístico que está na origem da própria língua portuguesa. Esta e outras surpresas galegas constituem o tema do texto a seguir transcrito com a devida vénia, da autoria do tradutor e professor universitário Marco Neves, que o publicou em 22 de outubro de 2017 no Sapo 24 (manteve-se a ortografia, anterior à norma de 1990).

Na imagem, a placa toponímica do lugar de A Igrexa (= igreja), na paróquia de Calo, no concelho de Teo (Santiago de Compostela, Galiza). Fonte: GaliciaPress.

O Galego e o Português são a mesma Língua?
Perguntas portuguesas sobre o galego
Por Marco Neves

Este pequeno livro, de cerca de 130 páginas, retoma o (discreto) contraponto português na discussão da profunda afinidade linguística luso-galaica, num momento em que se encara o futuro do galego com muita apreensão. Insere-se, portanto, numa história já longa, embora com não muitos intervenientes em Portugal. Entre estes, destacaram-se inicialmente filólogos e linguistas como Teófilo Braga (1843-1924) e Leite de Vasconcelos (1858-1941), a que se seguiu Rodrigues Lapa (1897-1989), certamente o português que até aos anos 70 deu ao debate o contributo mais estruturado, até do ponto de vista político. As décadas seguintes veriam em Portugal a recondução do galego às balizas da história medieval da língua e à aceitação do seu estatuto de língua autónoma e diferenciada do português, por exemplo, no trabalho de Ivo Castro, profundo conhecedor da Galiza; noutra perspetiva, Fernando Venâncio daria a energia polémica à abordagem do tema já no presente século. Procurando responder à questão que dá título ao seu próprio livro, Marco Neves, tradutor e professor universitário, inclui-se, portanto, nesta linhagem; e, se, por momentos, chega a dar a impressão de voltar aos tempos de Rodrigues Lapa, depressa mostra que a sua posição é bem diferente.

O prólogo é do linguista

Pequena História das Línguas
Artigo baseado num capítulo do livro do autor O Galego e o Português São a Mesma Língua?

Por que razão não há só uma língua no mundo? E, entre os cerca de sete mil idiomas, atuais, além das regras próprias – consagradas gramaticalmente – o que determinou as suas diferenças  ao longo do tempos?

[Artigo publicado no blogue do auor, Certas Palavras, com a data de  27 de junho de 2019 – que o autor adaptou de um capítulo do seu livro O Galego e o Português São a Mesma Língua? (Através Editora). Escrito conforme a norma ortográfica de 1945]

Qual é a origem da língua cabo-verdiana?
Uma história comum aos crioulos de todo o mundo

Há países onde a população fala um crioulo há muitos séculos, mas as instituições e as escolas usam outra língua, normalmente a língua europeia que deu origem ao léxico do crioulo. É o caso de Cabo Verde  – como assinala nesta crónica * o tradutor e professor universitário português Marco Neves, que a seguir se transcreve na integra, com a devida vénia.

* crónica  transcrita do portal SAPO 24, do dia 23 de junho de 2019. Escrita conforme a norma ortográfica de 1945.

Gramática para Todos
O português na ponta da língua
Por Marco Neves

Depois de abordar a língua em diferentes áreas, Marco Neves aceitou o desafio de lançar no mercado uma gramática. A Gramática para todos – o português na ponta da língua, da editora Guerra & Paz, é uma obra que dá continuidade ao estilo informal a que o autor já habituou os seus leitores.

A opção pela coloquialidade fica patente na organização da própria obra, que, mitigando as tradicionais partes da gramática, recorre a metáforas que ilustram o funcionamento gramatical, sendo suscetíveis de simplificar o conteúdo de cada capítulo aos olhos de um leitor não especializado: a secção «Armazém das palavras» aborda a morfologia («Peças para construir palavras») e as classes de palavras, distinguidas entre «Armazéns de porta aberta» (as classes abertas) e os «Parafusos da gramática», as classes fechadas, ditas funcionais; a secção «A máquina das frases» inclui o «Molde da frase» (funções sintáticas e grupos de palavras, mas também secções mais inovadoras, do género «Como criar frases infinitas»). A gramática dedica também um capítulo à produção textual («Como criar um texto»), um outro ao tratamento das dúvidas / erros frequentes («O verniz da escrita»). Aborda, por fim, a «Pontuação», «Sinais», «Abreviaturas, siglas, acrónimos e números» e «Maiúsculas e minúsculas».

No plano estrutural é, portanto, uma gramática que oscila entre a tradição e a procura de zonas de inovação, o que se afigura uma tarefa difícil quando se fala de gramática e, sobretudo, quando o objetivo é clarificar a gramática já existente. Não obstante, fica claro que todas as opções da gramática da autoria de Marco Neves se constro...