Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Rita Santos Animadora cultural Carnaxide, Portugal 5K

Numa prova de língua portuguesa a que tive acesso era solicitado o seguinte: «Identifique e descreva os problemas de língua presentes na seguinte frase: "Um motociclista morreu ontem na sequência da moto em que seguia ter sido embatida por um camião."»

Na verdade, pese embora eu formulasse a frase de forma bem distinta, «um motociclista morreu ontem na sequência de um camião ter embatido na moto em que seguia», não consigo identificar e descrever qual é a incorrecção.



Ana Maria Silva Professora Figueiró dos Vinhos, Portugal 4K

No decorrer da reflexão de uma aula avaliada, surgiu a dúvida sobre a divisão dos períodos no texto.

A frase em questão é esta:

«Era uma vez uma aldeia à beira de um rio: era o rio mais bonito que se possa imaginar, com margens cobertas de verdura, línguas de areia clara e uma água brilhante que reflectia o céu e o arvoredo.»

Será que me podiam esclarecer: afinal, quantos períodos há na frase?

Obrigada pela ajuda.

Luísa Lemos Estudante Aveiro, Portugal 4K

Na frase «O moinho era de um alto pitoresco», a palavra pitoresco é um adjectivo, ou nome?

Isabel Lima Professora Mogúncia, Alemanha 12K

Gostaria de esclarecer uma dúvida: «ao mesmo tempo (que?)» é uma conjunção? Se sim, é uma conjunção subordinativa?

Muito obrigada.

Diogo Amado Estudante Leiria, Portugal 6K

Imaginando, por exemplo, que se tem um artigo com uma lista das várias categorias de veículos existentes, e exista uma alínea desse artigo que diz o seguinte:

«Categoria B: Carrinhas de transporte de mercadorias e carrinhas de transporte misto até 3000 quilos.» A qual das carrinhas se referem os 3000 quilos? Referem-se apenas às carrinhas de transporte misto, ou às duas carrinhas em causa?

Obrigado.

José Pedro Lima Engenheiro Porto, Portugal 20K

Gostaria de saber se deveremos utilizar «Eu noutro dia fui a Lisboa...» ou «Eu outro dia fui a Lisboa...», pretendendo dizer que, num passado recente mas não definido, estive naquela cidade.

Muito obrigado.

Sónia Junqueira Criadora de conteúdos Porto, Portugal 11K

Gostaria, para começar, de felicitar os consultores do Ciberdúvidas pelo serviço prestado à língua portuguesa.

A minha dúvida é relativa aos adjectivos, mais propriamente à subclasse de adjectivos relacionais. De acordo com a definição do Dicionário Terminológico, o adjectivo relacional é um «adjectivo que deriva de uma base nominal e que, tipicamente, instancia uma relação de agente ou posse relativamente ao nome. Estes adjectivos não ocorrem em posição pré[-]nominal nem variam em grau». Os exemplos dados são:

— em «a invasão americana» ou «amor maternal», os adjectivos americana e maternal são relacionais.

Na prática, a identificação destes adjectivos suscita-me algumas dúvidas. Ao elaborar alguns conteúdos gramaticais para aulas do 3.º ciclo do ensino básico juntamente com uma colega, percebi que eu e ela não entendemos a definição da mesma forma. Ao elaborar um exercício, a minha colega apresentou-me uma lista de adjectivos que ela considerava relacionais. No entanto, eu não entendo as coisas dessa forma. Eis a lista:

caótico (ex.: desfecho caótico)

angelical (ex.: olhar angelical)

leonino (ex.: clube leonino)

capilar (ex.: tratamento capilar)

incolor (ex.: líquido incolor)

escalabitano (ex.: agricultor escalabitano)

juvenil (ex.: revolta juvenil)

onírico (ex.: estado onírico)

bracarense (ex.: professor bracarense)

campestre (ex.: flor campestre)

outonal (ex.: paisagem outonal)

indiano (ex.: prato indiano)

romano (ex.: tratado romano)

octogonal (ex.: figura octogonal)

Acrescentei alguns exemplos para que melhor se possa compreender o uso de cada um dos adjectivos.

Na minha opinião, e tendo em conta a leitura que fiz da definição apresentada no Dicionário Terminológico (DT), os adjectivos relacionais que constam desta listagem são:

angelical (ex.: olhar angelical)

capilar (ex.: tratamento capilar)

juvenil (ex.: revolta juvenil)

campestre (ex.: flor campestre)

outonal (ex.: paisagem outonal)

A minha maior dúvida refere-se aos adjectivos de origem, pois parece-me que estes podem também ser adjectivos relacionais (é certo que um dos exemplos dados no DT é «invasão americana», mas os adjectivos bracarense ou escalabitano têm significado diferente, pois americana tem um papel de agente relativamente ao nome invasão, daí a minha dúvida).

Considero os restantes adjectivos qualificativos, pois embora nem todos sejam graduáveis, não me parece que seja este um critério forte o suficiente para fazer distinção entre qualificativos e relacionais.

Agradeço, pois, uma ajuda (célere) da vossa parte para que eu e a minha colega possamos sair deste impasse.

Elenice Freire Estudante Ribeirão Preto, Brasil 5K

A frase «Semeia benefícios e terás colheita de bênçãos» é período composto, e o predicado das duas orações é verbo-nominal?

Manuel Ventura da Costa Jornalista Tondela, Portugal 2K

Deve escrever-se:

«Francisco Marques reforçou o facto de se ter conseguido arranjar 12 equipas constituídas por dois elementos...»

ou:

«Francisco Marques reforçou o facto de se terem conseguido 12 equipas constituídas por dois elementos...»?

José Rebelo Comunicador Lisboa, Portugal 41K

Já aqui vi algumas questões como aquela que irei expor, mas a resposta não me parece clara. Desejo ser elucidado de forma conclusiva. Usando a seguinte frase (isolada, sem qualquer contexto) como exemplo, «De forma alguma é azul», estou a negar que é azul, ou estou a dizer que de alguma forma é azul? Se estou correcto (e como vem descrito numa das respostas às questões anteriormente colocadas), só posso usar a expressão «de forma alguma» com sentido de negação quando na mesma sentença ela é acompanhada de uma negação. Ou seja, só poderei negar (utilizando a expressão «de forma alguma») que é azul da seguinte forma: «Não é azul de forma alguma.» De outra maneira, não é possível numa frase isolada fazer uma negação, utilizando apenas a expressão «de forma alguma» (sem outra forma de negação). Inequivocamente pode-se utilizar: «De forma nenhuma é azul.» Que é justamente o contrário de «De forma alguma é azul.»

Numa das questões colocadas: «[Pergunta] Quando nos queremos referir a algo com que, por exemplo, não estamos de acordo, como nos devemos exprimir? "De forma alguma" ou "De forma nenhuma"?

[Resposta] É correcto algum com sentido negativo (= nenhum), quando vem depois de um substantivo. Até o nosso grande Camões o empregou n´Os Lusíadas, I, 71: "Os segredos daquela Eternidade A quem juízo algum não alcançou!"»

Ao contrário do que foi explicado, nenhum não tem qualquer sentido de negação mas, sim, a palavra não, pois, se colocarmos a mesma frase sem o não, ficando «Os segredos daquela Eternidade A quem juízo algum alcançou!», perde-se o sentido de negação, permanecendo a palavra algum e retirando o não. Portanto, algum não influencia a afirmação tornando-a uma negação. O nosso grande Camões nunca utilizou algum ou «de forma alguma» com sentido de negação (felizmente). Não obstante, esta expressão é comummente utilizada como negação e espanta-me como os usuários de um idioma permitem que «uma mentira dita muitas vezes possa tornar-se verdade». Ou seja, estou eu errado de forma alguma!? Ou não estou eu errado de forma alguma?! É de salientar que o não, nenhum, nada, nunca, jamais e outras é que fazem a diferença entre uma negação e uma afirmação. Expressões como «de forma alguma» poderão ser no máximo uma enfatização de uma negação: «Não é azul, de forma alguma.»

Concluindo, ao dizer «De forma alguma é azul», estou exactamente a afirmar que de alguma forma é azul e não a negar que seja azul? Estou correcto quando afirmo que, por si só, a expressão «de  forma alguma» não representa uma negação? Queiram por favor corroborar ou contradizer as minhas declarações utilizando exemplos.

Grato pela atenção.