DÚVIDAS

Regências e orações relativas
Sabemos que os pronomes relativos devem ser procedidos pela regência dos verbos que os seguem. No entanto, não é uma prática que percebo na oralidade. É frequente ouvir: Li o livro que me falaste. Em vez de: Li o livro de que me falaste. Aprendi a música que gosto. Em vez de: Aprendi a música de que gosto. Gostaria de saber o que as gramáticas dizem sobre isto e a vossa opinião. Devemos considerar agramatical? Obrigada!
A regência do nome confiança
Eu gostaria de saber se existe a regência nominal de confiança com a preposição a, cujo sentido é «entrega à confiança de»? Eu sei que confiança pede a preposição em no significado próximo de «crer, ter fé»; mas o meu pensamento em relação à possibilidade do uso da preposição a, é justificado pela regência do verbo confiar que pode pedir em ou a. Ex.: «Por viagem a trabalho, Marina confiou a Jorge sua cadela, Veneza. Mas ela não confia mais nele, porque ele a deixou três dias com fome.» Antecipadamente, muito obrigado.
A expressão «bife rolê»
 «Bife a rolê» ou «bife rolê»? Faço a pergunta, pois tive muita dificuldade de encontrar a expressão "rolê" nos dicionários sem o sentido de «dar uma volta». O pouco que encontrei remete "rolê" à palavra francesa roulé que traduzida pelo tradutor leva a "enrolado" que é o nosso bife! Dito tudo isso, não deveria ser bife "rolê" (enrolado) sem a preposição? Outro fato que me faz perguntar é o caos que tal bife gera na escrita! Basta uma rápida pesquisa no Google para vermos que até o acento grave aparece na expressão «bife rolê» («bife à rolê»). Desde já, agradeço a enorme atenção que os Senhores possuem e admiro demais o trabalho do Ciberdúvidas.
Ajudar como verbo transitivo indireto
Começo por agradecer o ótimo serviço que prestam aqui no Ciberdúvidas. Tornou-se uma ferramenta extremamente útil para ajudar a melhorar o nosso uso da língua. A minha questão: É muito frequente encontrarmos, em ambiente de tradução, expressões em inglês do género: «this feature helps you achieve better results», que, sendo gramaticalmente corretas e seguindo a intenção do texto de partida, traduziríamos como «esta funcionalidade ajuda-o a alcançar melhores resultados». No entanto, é cada vez mais comum a exigência de neutralidade de género nas traduções. Para conseguirmos essa neutralidade, tem-se visto e usado muitas vezes algo como «esta funcionalidade ajuda a alcançar melhores resultados», sendo que, em alternativa, se poderia dizer algo como «esta funcionalidade dá uma ajuda para alcançar melhores resultados», o que resulta numa frase maior e mais complexa, algo muitas vezes não desejado no ambiente de tradução. Aproveito para referir que se mantém o verbo ajudar na tradução, uma vez que o texto de partida não pretende dar garantias sobre a eficácia de tal funcionalidade, mas sim indicar que o seu uso pode dar certos resultados. Este distanciamento é subentendido como uma forma de o autor do texto original de se ilibar de responsabilidades no caso de o uso de tal funcionalidade não dar os resultados pretendidos pelo utilizador da mesma. Neste caso, estamos a omitir o complemento direto. Sendo ajudar um verbo transitivo, parece errado omitir o complemento direto. No entanto, uma breve pesquisa na Internet revela que o uso de ajudar sem complemento direto, em estruturas semelhantes, está bastante disseminado. Posto isto, gostaria que me esclarecessem, se possível, se: – há flexibilidade para omitir o complemento direto e, se sim, em que casos o poderemos fazer; – a estrutura «ajudar a» + verbo no infinitivo é válida, à luz do exposto acima. Desde já agradeço a vossa disponibilidade e bom trabalho.
Omissão da preposição com orações coordenadas
Há erro gramatical, sendo obrigatório o acompanhamento da preposição em todos os objetos indiretos; ou apenas falta de paralelismo, na frase «Gosto de dançar, cantar e pintar»? Nessa e em outras estruturas, pode-se omitir a preposição depois de inseri-la no primeiro objeto, quando estes se referirem ao mesmo verbo e à sua mesma regência? Nessas locuções a seguir, apesar de não haver objeto, também há obrigatoriedade de replicar a preposição? «Eles passaram a imitar e caçoar.» «Eles passaram a imitar, caçoar.» Grato desde já.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa