DÚVIDAS

A classificação de luso
Sou professora de Português e surgiu-me uma dúvida. Estou a trabalhar com o processo de formação de palavras e não estou suficientemente certa de como classificar luso: é um radical, ou uma palavra? No dicionário da Porto Editora, surgem duas entradas: «luso, adj., n. m. lusitano; português; lusíada…» e «luso-, elemento de formação de palavras que exprime a ideia de lusitano, português»...Em diferentes gramáticas, já vi tratado como radical e como palavra, porém convém ter certezas absolutas, dado que a classificação do processo de formação de lusodescendente e de luso-brasileiro (composto morfológico ou morfossintático) está condicionada pela classificação que fizermos de luso: radical ou palavra.
O plural dos nomes dos meses
Chamo-me Lígia Carvalho, sou coordenadora do departamento de Línguas da EBI de S. Martinho do Campo, em Santo Tirso, e gostaria de esclarecer uma dúvida recente colocada pelas minhas colegas. Com a introdução do acordo ortográfico há várias palavras que sempre considerámos nomes próprios que passaram a escrever-se com minúscula. Estou a referir-me aos meses e às estações do ano. Consultando o Dicionário Terminológico em linha, encontrei a seguinte definição para um nome próprio: «nome que designa um referente fixo e único num dado contexto discursivo, pelo que é completamente determinado, não admitindo complementos ou modificadores restritivos ou variação em número». Refletindo sobre esta definição, cheguei a estas frases: «Os últimos invernos têm sido rigorosos»; «As primaveras têm chegado cedo» – estas frases fazem sentido, os nomes inverno e primavera admitem plural, logo são nomes comuns. Contudo, as frases: *«Os janeiros são sempre chuvosos» ou *«Os maios têm estado quentes» são agramaticais, pelo que os nomes janeiro e maio têm de ser considerados nomes próprios. Será assim? Passamos a ter nomes próprios que se escrevem com minúscula? Nesta fase em que integramos o acordo ortográfico e a nova nomenclatura da gramática surgem muitas dúvidas às quais nem sempre estamos aptos a responder.
Prefixos e radicais (DT)
Com a nova terminologia surgem algumas dúvidas, nomeadamente na formação de palavras. Algumas gramáticas indicam determinadas palavras como formadas por composição morfológica, outras indicam as mesmas palavras como derivadas por prefixação. Assim, por exemplo, as palavras bicicleta e bisavô aparecem como sendo formadas por composição morfológica, e a palavra filosofia como derivada por prefixação, sendo bi e bis apontados como radical de origem grega, e filo apontado como prefixo. Outras gramáticas referem que as três palavras são formadas por composição morfológica, porque os três são radicais. Agradecia que me esclarecessem sobre este assunto.
A pontuação nas interjeições
Observai, por favor, a frase abaixo escrita de quatro formas diferentes: «Ah, que vida boa!» «Ah que vida boa!» «Ah! que vida boa!» «Ah! Que vida boa!» A respeito destas quatro formas tenho as seguintes dúvidas: Coloca-se vírgula ou ponto de exclamação depois da interjeição? E não colocar nada (segundo exemplo) seria correto? Colocar duplamente o ponto de exclamação, depois da interjeição e ao final da frase (terceiro e quarto exemplos) seria certo? Penso que, ao menos no final da frase, o ponto de admiração seja de uso obrigatório. Engano-me? A primeira palavra depois do ponto de admiração deve ou não vir com inicial maiúscula (quarto exemplo)? Para que eu fique mais seguro a respeito do assunto, por favor, deem-me exemplos usando as frases acima e outras análogas, inclusive com verbo(s) e com outras interjeições. Para além de tudo isto, gostaria de obter as regras completas de quando se usa e de quando não se usa maiúscula depois do ponto de exclamação. Que o iluminante Ciberdúvidas ilumine tudo como de hábito.
A grafia de trava-línguas
Na minha prática, venho adotando a escrita «travalínguas», no que contrariei conscientemente a norma gramatical que impõe a ligação com hífen por envolver uma forma verbal como primeiro elemento. Continua a parecer-me extremamente prático o uso que venho adotando em várias obras publicadas e/ou em vias de publicação por esta APEOralidade. Pergunto: Será acertado continuar a manter esta grafia?
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa