Deve dizer «ano mil e oitocentos»1. Note que, quando se segue outro algarismo às centenas, desaparece a conjunção e entre os milhares e as centenas, para reaparecer entre estas e as dezenas ou as unidades.
1800 = «mil e oitocentos»
1801 = «mil oitocentos e um»
Sobre o uso da conjunção com numerais, vale a pena transcrever o que Paul Teyssier diz no seu Manual de Língua Portuguesa (Coimbra, Coimbra Editora, 1989, págs. 181-182; manteve-se a ortografia original):2
«— E figura entre as dezenas e as unidades e entre as centenas e as dezenas, p. ex. 47: quarenta e sete; 375: trezentos e setenta e cinco.
— E não figura entre os milhares e as centenas, excepto quando a mil se segue um algarismo simples, p. ex.:
4.226: Quatro mil duzentos e vinte e seis
1.400: mil e quatrocentos
1.030: mil e trinta
— Nos números muito grandes suprime-se o e entre os grupos de três algarismos, p. ex.: 628.418.639.426: seiscentos e vinte e oito biliões quatrocentos e dezoito milhões seiscentos e tinta e nove mil quatrocentos e vinte e seis.
— Ex. de cardinais:
36: trinta e seis; oitenta e uma casas [...]; duzentos quilómetros («200 km»).
A guerra de mil novecentos e trinta e nove [...]. O Brasil tem mais de cem milhões de habitantes [...].»3
1 Pode dizer-se igualmente «ano de mil e oitocentos». No entanto, não se usa preposição em «ano mil» nem em «ano dois mil».
2 Também se manteve o uso do ponto nos numerais, muito embora o Ciberdúvidas recomende outro procedimento. Note-se ainda que num dos exemplos apresentados por Teyssier se usa bilião como equivalente a «mil milhões». Sobre a grafia dos números e o uso de bilião, ler Um bilião, outra vez.
3 A respeito de números muitos grandes, é também frequente aplicar ao extenso o critério de separar os grupos de três números por vírgula: «seiscentos e vinte e oito biliões, quatrocentos e dezoito milhões, seiscentos e tinta e nove mil quatrocentos e vinte e seis.»