Embora a palavra ano possa ser definida como «conjunto de 12 meses» ou «conjunto de 365 dias (ou 366, se for bissexto)1 as obras que consultei2 não o registam como substantivo colectivo. Eu diria que ano como nome não é colectivo, até porque leio num estudo sobre substantivos colectivos o seguinte:
«Os entes contínuos não formam grupos: não se pode tomar como elemento o que é simples medida (dia, ano, verso, etc.). Portanto, não são coletivos termos como TRIÊNIO, LUSTRO, SÉCULO, SEXTILHA, TERCETO, etc. De outro modo, e em arrepio do sentimento lingüístico, teríamos que aceitar como coletivos vocábulos como DIA (24 horas), HORA (60 minutos), QUILO (mil gramas), QUILOWATT (mil watts), QUILÔMETRO (mil metros), etc.» (José Luiz Mercer, "Breve reflexão sobre o substantivo coletivo", Letras, 28, 1979, pág. 139).
Ou seja, ano não é nome colectivo porque a sua subdivisão em meses ou dias não corresponde a elementos individualizados mas, sim, a segmentações numa entidade contínua que é o tempo.
Esta argumentação pode ser discutível, porque parece mais filosófica do que linguística. Seja como for, devo observar que, no contexto escolar, teria o cuidado de apenas trabalhar com palavras acerca das quais gramáticas, dicionários e prontuários mostram consenso quanto a classificá-las como substantivos colectivos.
1 O Dicionário Terminológico define nome colectivo como «[o] que se aplica a um conjunto de objectos ou entidades do mesmo tipo».
2 Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; Luiz Autuori e Oswaldo Proença Gomes, Nos Garimpos da Linguagem, 4.ª edição, Rio de Janeiro, Livraria São José; Fernanda Carrilho, Dicionário de Nomes Colectivos, Mem Martins, Publicações Europa-América.