O Simbolismo, enquanto corrente poética, é um movimento que vai, sensivelmente, de 1880 (no caso francês) ou 1890 (no caso português) até 1915 (a geração do Orpheu, embora o Fernando Pessoa ortónimo tenha ainda marcas simbolistas). Como, para muitos, o único simbolista é Camilo Pessanha, teríamos de datar de 1920, com o livro de poemas «Clepsydra», este limite. Para uns, o Universo é tecido de analogias, de estranhas ou imprevisíveis «correspondências» (termo de Baudelaire), de verdades profundas concretizadas sob a forma literária de símbolo; para outros, sobretudo quando a lírica é superficial, na base de assonâncias e jogos verbais, em que ganha o ouvido (como quando se aposta em aliterações sucessivas), é preciso caracterizar um conjunto de poetas enquanto interessados no vago e intangível; amantes do crepúsculo e do Outono, diluindo as sensações, de fundo melancólico e mesmo pessimista, o que nos torna a vida algo de passageiro. Remetemos para o verbete «Simbolismo» no «Dicionário de Literatura», de Jacinto do Prado Coelho, onde este acrescenta, como características do movimento, a «temática do tédio e da desilusão; distanciamento do Real, egotismo aristocrático, e subtil análise de cambiantes sensoriais e afectivos», etc. A música que resulta de jogos vocálicos e outros, como da sobreposição de sensações, ou sinestesias (como dizer «um ruído azul»), bem como invenções formais, sobretudo adjectivos raros e inesperados, é um aspecto menor, o que não deixou de, em 1890, com «Oaristos», tomar Eugénio de Castro como introdutor do Simbolismo em Portugal. No campo da música, há um poema de José Afonso, e por este cantado, cuja letra («Era um redondo vocábulo») poderia aplicar-se aqui.