O jornalista Nuno Pacheco alerta para as situações caricatas que o «vírus do anglicismo» provoca em Portugal, propagando-se muito além do que é admissível (texto saído com título original Perdidos na tradução no jornal Público em 29/04/2016).
O jornalista Nuno Pacheco alerta para as situações caricatas que o «vírus do anglicismo» provoca em Portugal, propagando-se muito além do que é admissível (texto saído com título original Perdidos na tradução no jornal Público em 29/04/2016).
«(...) A língua não é neutra e muito menos "natural" [, foi] construída com base em conceitos; no caso, o de que as mulheres são menos pessoas, menos cidadãs que os homens» – considera a jornalista Fernanda Câncio, em crónica publicada no Diário de Notícias de 22/04/2016, alusiva à polémica desencadeada em Portugal pela proposta do Bloco de Esquerda no sentido da mudança da denominação do cartão do cidadão, considerada «sexista».
[Sobre esta mesma querela, cf. Gramática ainda não tem sexo e O sexo das palavras.]
«(...) Querem mesmo acabar com a linguagem “sexista”? Acabem com o português. Porque ele, que é língua no feminino e idioma no masculino, está impregnado de sexo por tudo quanto é letra», escreve o jornalista Nuno Pacheco, em crónica assinada no jornal Público de 22/04/2016 – em discordância frontal com a proposta do Bloco de Esquerda para alteração, em Portugal, do cartão do cidadão para cartão de cidadania.
[Sobre esta mesma querela, cf. Gramática ainda não tem sexo e Dobrar a língua]
Prosseguindo uma longa reflexão sobre o Acordo Ortográfico de 1990 e o processo da sua aplicação em Portugal (ver, entre outros, o artigo Estrangeirismos), entende D'Silvas Filho propor um conjunto de acertos que respeitem as especificidades e a tradição do português europeu. A proposta articula-se em dois momentos: o texto introdutório, intitulado "Propósitos do autor e resumo das condições-base para o aperfeiçoamento do AO 90", e, de seguida, a exposição dos critérios de operacionalização defendidos pelo autor.
«O uso que Camões faz do léxico exclusivo português já conhecido é extremamente moderado e, mais do que tudo, as exclusividades portuguesas introduzidas [em toda a sua obra] foram residuais», sustenta o linguista e professor universitário Fernando Venâncio, num estudo sobre o português usado pelo épico de Os Lusíadas.
[in "Público" do dia 20 de abril de 2016, que se transcreve a seguir na íntegra, com a devida vénia e respeitando a norma anterior ao Acordo Ortográfico seguida pelo jornal português]
«(...) Ao pretender privilegiar, por razões de estratégia político-económica pós-colonial, o diálogo cultural sul-sul, em detrimento e não em convergência com o diálogo norte-sul, o Brasil está a dar uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo face à velha Europa. Prescindir do contacto estreito com uma literatura que só prestigia a língua em que o Brasil fala e com uma cultura europeia e atlântica à qual a identidade brasileira estará para sempre indelevelmente ligada a montante, como a portuguesa estará relativamente à brasileira, a jusante, em nada fortalece o Brasil, a sua identidade e o seu poder de influência. (...)»
[Artigo da ex-ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, publicado no Diário de Notícias de 11/04/2016, a propósito da exclusão da obrigatoriedade do ensino da literatura portuguesa no Brasil.]
Crónica do autor publicada no semanário Expresso de 16/04/2016, a propósito da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, por considerá-la «linguagem sexista».
[Sobre esta mesma querela, cf. "O sexo das palavras e "Dobrar a língua"]
Na sequência da colocação em linha do texto "A colocação dos pronomes clíticos, ou a proliferação dos erros induzidos", de Isabel Casanova, um consulente devidamente identificado (mas com o pedido de reserva pública do nome, por razões profissionais), fazendo referência indireta à Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, enviou ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em 13/04/2016, a seguinte observação:
«Há erro na postagem de hoje da professora Isabel Casanova.
Como se pode ler noutras páginas e em gramáticas, por exemplo postagem do site dicionarioegramatica.com também de hoje, a autora erra ao dizer que o certo teria de ser "sem se privar", em vez de "sem privar-se".»
Segue-se a réplica de Isabel Casanova.
Quando éramos crianças, o meu pai ditava-nos uma frase que dizia assim: «Sem cansaço, dei cem passos até aos paços do concelho para pedir um conselho a um amigo sobre um conserto dum piano para dar um concerto em S. Carlos.» A dificuldade estava, como se imagina, em distinguir grafias de palavras que soam de forma semelhante: sem/cem; passos/paços; concelho/conselho; conserto/concerto. (...)
«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.», sustenta Isabel Casanova, regressada a uma recente querela desencadeada (aqui e aqui) com uma crónica de Miguel Esteves Cardoso – lembrando neste apontamento uma iniciativa do Governo francês, em 1984, quando criou uma comissão de terminologia «encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.»
(...)
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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