Do meu ponto de vista, os três verbos expressos na frase em apreço não constituem, entre si, qualquer perífrase. As perífrases verbais potencialmente existentes não estão expressas. O que está expresso é um verbo, escutei, que tem um complemento directo complexo, constituído por duas frases (essas, sim, perifrásticas, cujo auxiliar não está expresso), coordenadas entre si. A análise que proponho é a seguinte:
Sujeito – (subentendido) «eu»
Predicado – «escutei lobos uivar e soluçar meninos»
Complemento directo – «lobos uivar e soluçar meninos»
O complemento directo por sua vez tem duas frases coordenadas:
1 – «lobos uivar»
sujeito – «lobos» (para não dizer que subentendido, ou em elipse)
predicado – «(estavam a) uivar»
e
2 – «soluçar meninos»
sujeito – «meninos» (para não dizer que subentendido, ou em elipse)
predicado – «(estavam a) soluçar»
A frase, completamente explicitada e segundo a ordem canónica, seria: «Escutei lobos que estavam a uivar e meninos que estavam a soluçar.»