Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
Talentos e talentaços

A utilização da língua portuguesa na RTP é a prova acabada do talentaço reinante nos programas da estação pública nacional. A desmedida é tal, que o idioma de Cesário Verde, para não estar sempre a citar o trinca-fortes do Camões, não chega.

Got Talent Portugal é um dos seus mais jubilosos programas, acabadinho de ser anunciado, por acaso no insuficiente idioma do meu vendedor de pêra-rocha. (...)

Uma fartança de amor(es)

Não são conhecidas, mesmo a partir da base de dados dos frequentadores dos reallity shows das televisões existentes, muitas pessoas que assumam o dever de revelarem que amam à farta, se bem que utilizando o verbo haver para dar conta dessa nova medida do amor.

«Amo-te muito» é bastante diferente de «Amote há farta» pela simples razão da quantidade de amor que somos levados a pensar que deve possuir a (o) enfartada(o). (...)

A culpa, depois, ainda é do Acordo Ortográfico...

«(...) Não se tratam de imagens "cliché ou icónicas, mas uma mulher que sofreu o choque de saber o seu destino e as dores do parto" (...)»

É uma incorreção antiga e continuada na imprensa portuguesa este (mau) uso no plural do verbo tratar, conjugado pronominalmente. Dos tais erros que, pela sua repetição, teimosa e desleixada, são bem ilustrativos de como (des)anda hoje o domínio do idioma nacional no jornalismo português*. Muito, mas mesmo muito, para além do Acordo Ortográfico, e da sua incompetente aplicação, como se continua a apregoar por aí.

Um chuto no
Impropriedades do "futebolês"

Um jornalista do Diário de Notícias ousou recorrer ao jargão informático numa notícia sobre os efeitos do anúncio do abandono do jogador de basquetebol Kobe Bryant.

(...)

Défice de conhecimento da sua própria língua

«(...)  se de facto o consórcio vencedor falhar ou incumprir com um que seja dos objetivos estratégicos, ou com um que seja dos elementos dos objetivos financeiros, reverte imediatamente o negócio com toda a capitalização que já está lá feita [na TAP]. Ou seja, [basta] se amanhã for incumprido um dos /áitems/  [do contrato] (...)»
[Miguel Pinto Luz, secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, no programa "Prós e Contras", RTP1, 16/11/2015]

Ortografia... sem bom senso

Convenhamos que é, no mínimo, surpreendente um erro destes no anúncio de um colóquio pretensamente científico sobre a ortografia (...)

As gralhas-gralhas e as outras

Um jornal sem gralhas, dizia-se nos tempos anteriores à informatização das redações e das tipografias de composição a chumbo, é como um jardim sem flores. Só que sempre houve gralhas-gralhas – por exemplo, lapsos de teclagem, trocas de letras na pressa do fecho da edição, distrações ocasionais – e "gralhas" resultantes de manifesta ignorância. (...)

«Havia várias pessoas»,<br> e não «

Também em Angola, não são poucos os falantes que empregam erradamente no plural o verbo haver em sentido existencial («haviam pessoas»); na verdade, observa Edno Pimentel, a palavra pode ser sinónima de existir, mas, ao contrário deste verbo, só se usa na 3.ª pessoa do singular («há pessoas»). Texto publicado no semanário luandense Nova Gazeta no dia 15/10/2015, no qual se mantém a ortografia conforme a norma ainda aplicada em Angola, anterior ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

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Não vou pronunciar-me quanto à aceitabilidade da prática, o meu comentário é apenas de teor linguístico.Tenho visto um uso crescente da palavra inglesa nude (da forma francesa obsoleta nud, do latim nudus) na imprensa brasileira para referir a foto nua de alguém que se manda na Internet.

Nada de encontros, só encontrões. Até na Caála

«Peixeirada de baixo nível» foi como o jornalista Rui Santos comentou certeiramente a entrevista do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, no espaço de debate da TVI 24 Prolongamento, depressa resvalada para um feiíssimo confronto pessoal com um dos participantes do painel, “o representante” do clube rival Benfica.