Valor concessivo de oração introduzida por a
Por gentileza, seria correto dizer que o valor semântico estabelecido pela preposição a no verso abaixo de Santa Rita Durão é de concessão, sendo parafraseável por «apesar de»?
«Os perigos, os casos singulares,/ Que por mais de mil léguas toleramos,/ Não contara, depois que no mar erro,/ A ter o peito de aço, e a voz de ferro.» (Caramuru, canto VI, estrofe XXVI)
Valor condicional de oração introduzida por a
Consultado o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia de Ciências de Lisboa, vi que eles abonam um exemplo em que a preposição a inicia uma frase circunstancial que exprime a noção de causa, como lá mesmo é descrito (ex.: «A estudar tão pouco, ele nunca podia ter ido longe»).
Assim, por gentileza, como essa foi a única fonte em que encontrei tal informação, queria pedi, por gentileza, se possível, que me informassem se encontramos outras abonações desse caso em outras fontes do português.
Os valores semânticos da construção ao + infinitivo
Tenho visto algumas frases em que a construção ao + infinitivo me parece inadequada, possivelmente por resultar de traduções literais do inglês by + ing form, e gostaria de saber se a sua aplicação está correta ou não nos exemplos de 1 a 3.
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Intuitivamente, costumo usar a construção ao + infinitivo em orações temporais ou temporais-causais e valido a sua utilização substituindo-a por quando ou marcas temporais similares, como nestes exemplos.
4) Ao sair de casa, reparei que me tinha esquecido da chave. (Quando saí de casa, reparei que me tinha esquecido da chave)
5) A rapariga corou ao ver o rapaz. (A rapariga corou porque/quando viu o rapaz)
6) Ouviu as notícias ao preparar o jantar. (Ouvi as notícias enquanto preparava o jantar)
Eu percebo que nos exemplos de 1 a 3 se possam substituir as expressões ao + infinitivo por quando e, ainda assim, obter frases gramaticais. Contudo, parece-me que há uma notória alteração no significado destas frases. Para ser mais exata, estas frases são exemplos inspirados em traduções do inglês em que a forma ao + infinitivo serve de tradução de by + formas terminadas em -ing, que optei por não partilhar na plataforma por razões de confidencialidade. No entanto, em inglês seria mais ou menos assim:
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Partindo dos exemplos em inglês, não me parece que haja uma intenção temporal/causal nas construções introduzidas por by + formas terminadas em -ing. Na verdade, estas construções parecem-me muito próximas daquilo a que anteriormente designávamos como complemento circunstancial de modo:
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Convocando outros exemplos, não me parece que na nossa língua se utilize o ao + infinitivo para descrever a forma como certas ações são concluídas e daí a minha estranheza perante estas estruturas.
Parece-me mais natural dizer:
7) «Visitámos vários países viajando de bicicleta» do que *Visitámos vários países ao viajar de bicicleta
8) «Ela informa-se das notícias lendo o jornal» do que *Ela informa-se das notícias ao ler o jornal
9) «Desloco-me ao escritório conduzindo» do que *Desloco-me ao meu escritório ao conduzir.
Ou seja, se a minha intenção é a de explicar de que forma concluo determinada ação, é natural a aplicação desta estrutura?
Obrigada pela ajuda.
Doutorando com preposição
Estou a terminar um doutoramento numa instituição e gostaria de saber se devo dizer que sou "doutoranda nessa instituição" ou "doutoranda dessa instituição".
Muito obrigada.
A sintaxe do verbo chocar («embater»)
Recentemente, foi-me apontado um erro de regência verbal numa estrutura sintática semelhante a "Duas bicicletas chocam uma na outra". A justificação é a de que o verbo "chocar", com o sentido de "embater" não admite a preposição "em" e que só a preposição "com" é aceitável neste contexto. A única versão possível seria, portanto, "Duas bicicletas chocam uma com a outra".
Consultei o dicionário Houaiss (Círculo de Leitores, 2015) e constatei que o verbo "chocar" pode ser regido de três preposições, nomeadamente "com", "contra" e "em", mas o dicionário em questão não foi aceite como uma fonte confiável por se tratar de um trabalho de um autor brasileiro. Sem querer discutir a relevância desta referência que eu pessoalmente considero primordial e muito relevante para as questões linguísticas de todas as variantes da língua, na minha maneira de ver, qualquer uma destas preposições estaria correta, e "chocam uma na outra" teria o mesmo valor que "chocam uma com a outra" ou até de "chocam uma contra a outra".
Poderão ajudar-me a perceber se estarei errada?
Obrigada.
«Esse tal» e «esse tal de»
Na frase «A perseverança ajuda-nos a lidar com esse tal de medo» a preposição destacada é necessária?
Obrigado.
Os valores semânticos da preposição com
Com pode ser considerado conetor de adição?
O uso preposicional de fora
Com o mesmo sentido de «Exceto isso», devemos escrever «Fora disso» ou «Fora isso»?
Obrigado.
«Chocolate de leite» e «chá de menta»
A forma "chocolate ao leite" (similar ao francês chocolat au lait) é aceitável se estivermos a falar/escrever português de Portugal?
A contração ao (a+o) também pode ser usada neste contexto (o de indicar que o chocolate tem um teor de leite na sua constituição)?
Obrigada.
«Outros» vs. «os outros»
Qual a forma mais correta?
– Cuidaram ativamente das necessidades de outros.
– Cuidaram ativamente das necessidades dos outros.
Grato.