O racismo é a doutrina que defende que há etnias superiores a outras; é também o preconceito que leva a ver como inferiores os indivíduos de etnia diferente.
A xenofobia é, etimologicamente, «a aversão aos estrangeiros», do grego 'xénos', «estrangeiro», e 'phóbos', «temor» (cf. Dicionário Houaiss). Ser xenófobo teria aparentemente uma dimensão mais emocional, mas na prática acaba por se confundir com racista, dado que ambos os termos têm em comum a ideia de «preconceito». Esta é claramente oposta à de «razão» ou «racionalidade», até pela sua própria etimologia: trata-se de um conteúdo mental que ainda não chegou à elaboração de um «conceito». A formação de preconceito é disso ilustrativa: trata-se de um derivado, formado por pré- e conceito, ou seja, interpretável como «anterior ao conceito» ou anterior a todo o exame crítico que conduz ao verdadeiro conceito.
Apesar de tudo isto, parece-me que o sentido de xenófobo é um pouco mais suave que o de racista. É que a xenofobia liga-se ao medo (a 'phobia' do étimo grego) do contacto com o exterior, o que, por sua vez, evoca o provincianismo; em contrapartida, o racismo relaciona-se com o desejo de esmagamento do outro, isto é, do indivíduo ou da comunidade de outra etnia.
O caso que refere é ambíguo, porque levanta dois problemas: os portugueses são estrangeiros, logo podem suscitar reacções xenófobas; os portugueses são identificados e julgados por causa de uma dada aparência física (a maioria é bastante morena, em comparação com a população local), logo são alvo de preconceito racista. Pode-se, portanto, utilizar os dois termos, com a consciência de que, embora não sejam a mesma coisa, o passo que vai da xenofobia ao racismo é muito curto.