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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

«A língua é como um rio: sem margens, desaparece. O risco começa no seu abastardamento», escreveu João Carreira Bom, na Abertura-apresentação do Ciberdúvidas, há precisamente 16 anos. Nesse tempo, não havia nada na Internet (e não só) que fosse o que o Ciberdúvidas passou a ser: um espaço de esclarecimento de quantos, por esse mundo fora, querem saber algo mais desta língua comum a oito povos, mas, também, de informação, reflexão e debate sobre tudo o que respeita à língua portuguesa.

16 anos decorridos não isentos, antes pelo contrário, de mil e uma dificuldades na manutenção deste projeto sem fins lucrativos, que presta um serviço público único no género em todo o espaço da lusofonia. Neste dia, permita-se-nos por isso mesmo um renovado agradecimento às entidades apoiantes do Ciberdúvidas — Fundação Vodafone Portugal, Universidade Lusófona, Ministério da Educação e da Ciência e o anterior secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas —, bem como ao grupo de amigos que responderam, pronta e generosamente, ao apelo “SOS Ciberdúvidas”.

Por razões técnicas de vária ordem não foi possível fazer coincidir nesta data a passagem do Ciberdúvidas para uma outra plataforma digital, além de um renovado grafismo. Contamos concretizar estas melhorias ainda neste mês de janeiro, permitindo outras funcionalidades — caso particular de o Ciberdúvidas passar a estar disponível também nos smartphones e tablets, através de um conjunto de aplicações desenvolvidas pela empresa NoShape e financiadas pela Fundação Vodafone. E permitirá ainda, assim o cremos, uma pesquisa mais facilitada aos cerca de 45 mil textos de todas as áreas da língua portuguesa, que integram, já, o precioso arquivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

O consultório retoma a sua atividade regular, respondendo a questões sobre as normas e os usos do português que se fala pelo mundo: doador é melhor que dador? É incorreto o emprego de certo no final de uma frase interrogativa? E quem sabe o que significa «trocar em cem-cem» no português de Angola? No Pelourinho, Paulo J. S. Barata junta mais uma forma à lista de falsos amigos do espanhol, num comentário à confusão do espanhol bufete com o português bufete.

No Facebook, entre estes e outros conteúdos, disponibiliza-se uma série de apontamentos linguísticos em registo áudio, como é o caso de uma resposta sobre o nome da letra w.

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Cuidado com a Língua! volta a ser emitido na televisão pública portuguesa, a partir de segunda-feira, dia 14, agora na sua 8.ª série. Primeiro na RTP 1*, às 22h18, com repetição aos domingos2 e, também, na RTP Internacional e na RTP África. Com apresentação, como sempre, do ator Diogo Infante e com a locução da jornalista Maria Flor Pedroso e com um grafismo diferente e novas rubricas.

A barba e algumas das expressões e curiosidades a ela associadas são o tema do primeiro programa desta 8.ª série. Por exemplo, qual a diferença entre «barba à moda de D. Miguel» e «barba à moda de D. Pedro IV»?  E entre “suíças”,  “presuntos” e “matação”? E porque é que se diz que «os homens de barba ruiva não são de confiança»? Quanto aos habituais tropeções: «Sou um dos que ainda gosta de fazer a barba», ou «sou um dos que ainda gostam de fazer a barba»?

* Na RTP 1, às 22h18, com repetição aos domingos, às 11h00 (hora de Portugal continental). Também, na RTP Internacional e na RTP Internacional Ásia, aos sábados, às 19h45, na RTP África, aos domingos, às 11h00, na RTP Internacional América às sextas, às 4h45, na RTP Mobile, às segundas, às 22h30(hora de Portugal continental).

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Em Portugal, recrudesce a contestação ao Acordo Ortográfico, na sequência da decisão de adiar a sua obrigatoriedade no Brasil, acontecimento já aqui amplamente noticiado e comentado (porque, na verdade, o que o governo brasileiro decretou foi um prolongamento do período de transição, e não uma suspensão):

— Na Assembleia da República, a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura aprovou por unanimidade a constituição de um Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Aplicação do Acordo Ortográfico, conforme proposta de Miguel Tiago, deputado do Partido Comunista Português. Este grupo tem por objetivo ouvir diferentes personalidades, uma vez que, como diz o deputado português, «[não se pode] ignorar a justeza de algumas críticas e as resistências de elementos dos meios académico e artístico».  Prevê-se que, no final da sessão legislativa, em junho ou julho, seja apresentado um relatório.

— A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) declarou que vai «continuar a utilizar a norma ortográfica antiga nos documentos e comunicação escrita com o exterior», visto que a aplicação do Acordo Ortográfico ainda não foi convenientemente resolvida, «sobretudo depois de o Brasil ter adiado para 2016 uma decisão final sobre o Acordo Ortográfico, e de Angola ter assumido publicamente uma posição contra a entrada em vigor».

Carlos Reis, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e defensor do AO, em declarações ao jornal Público (10 janeiro), acusa a SPA de «andar atrás de lebres mal informadas ou tendenciosas», porque «o Brasil não adiou uma decisão final sobre o AO, o que fez foi prolongar por mais algum tempo o período de transição até à sua aplicação obrigatória [em 2016]». Carlos Reis frisa  ainda que «que o AO foi já generalizadamente adoptado no Brasil, sem dramas nem histerias». E dá como exemplo o recente anúncio de o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, se preparar para ajustar às novas regras os textos da comunicação da sua exposição permanente Linha do Tempo da Língua Portuguesa.

Helena Buescu, professora universitária da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e coautora de Metas Curriculares de Português para o ensino básico, considera que «[...] este adiamento sublinha a bondade das críticas feitas ao “Acordo”, mostrando que nem em Portugal nem no Brasil (nem nos outros países lusófonos, que mostraram grandes reticências, sendo que Angola ainda não o ratificou) ele conseguiu um consenso mínimo em termos científicos» (artigo publicado no jornal Público em 8 de janeiro). Vasco Graça Moura reforça este argumento, afirmando que «[...] não faz qualquer sentido aplicar-se uma "reforma" que se tornou substantivamente inaplicável e cujos objectivos e pressupostos se evaporaram na prática com o adiamento brasileiro» (no Diário de Notícias de 9 de janeiro). E Maria Alzira Seixo, outra conhecida professora da FLUL, remata: «[...] se isto acontece, não há mais razão para Portugal continuar vergado ao torcilhão que já está sofrendo a sua Língua Pátria, com uma utilização abusiva nas escolas, em publicações, nos documentos do Estado.» (Público, 10 de janeiro). Finalmente, uma carta, com 200 subscritores e enviada ao Ministério da Educação e Ciência com o objetivo de revogar o AO, vem «conclamar [o ministro Nuno Crato] a uma tomada de posição sobre uma matéria que é fulcral para a identidade portuguesa: a língua».

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Muitas vezes nos damos conta de contrastes no modo de falar o português  quando pessoas de regiões diferentes comunicam entre si. Essas diferenças regionais são um campo de estudo privilegiado para a dialetologia, disciplina linguística com grandes tradições em Portugal, onde, no entanto, nem sempre tem conseguido divulgar de forma acessível os resultados da sua investigação.

A esta necessidade vem dar resposta o Centro de Linguística da Universidade do Porto, que passa a disponibilizar o seu Arquivo Dialetal, no qual, para cada amostra, além da gravação sonora, é dada a transcrição fonética e ortográfica, bem como uma breve caracterização linguística. Saliente-se que os dados constantes do Arquivo Dialetal foram recolhidos nos últimos vinte anos por estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no âmbito de trabalhos académicos de Linguística Portuguesa.

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Palavras do professor universitário português João Costa sobre os linguistas e a linguística:

«Faz-nos falta um Carl Sagan, que consiga mostrar aos jovens que esta é uma área científica fascinante e com muito por descobrir. Há uns meses estive numa escola a explicar a jovens adolescentes o que estudam os linguistas. No final da sessão, tinha uma turma inteira a dizer que queria estudar linguística.»

Estas e outras considerações, designadamente sobre o estado da disciplina de Português em Portugal, fazem parte de uma entrevista incluída no n.º 1 do volume 4 da Revista Eletrónica de Linguística dos Estudantes da Universidade do Porto. Este número também disponibiliza dois estudos, que vêm precisamente ao encontro da explicação de conhecidas dificuldades (sobretudo por parte de professores) na identificação de ditongos e verbos reflexos: "Sobre os ditongos do português europeu" e "Os verbos pseudo-reflexivos em português europeu" (manteve-se a ortografia original).

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Disponibiliza-se nas Controvérsias um texto publicado no Diário de Notícias e da autoria do poeta, escritor e político português Vasco Graça Moura, que interpreta como sinais de suspensão próxima o adiamento da obrigatoriedade do Acordo Ortográfico (AO) no Brasil e a notícia de eventuais acertos por parte da Academia Brasileira de Letras.

Na verdade, o que se passa é um prolongamento por mais três anos do período de adaptação ao AO. Importa notar aliás que, à semelhança do processo de transição português, no Brasil, a ortografia anterior (de 1943, alterada em 1971) continua a ser seguida por quem assim o entender, apesar de a também chamada "implantação" ter sido já decretada e efetivamente conseguida nos mais variados setores da sociedade brasileira. Como complemento a esta informação, leia-se:

Brasil deve esperar Portugal para Acordo Ortográfico, diz senadora

Adiamento do acordo ortográfico deve mudar pouco a realidade, diz acadêmico

Gol contra

Revolta ortográfica

Carta Aberta ao Ministro da Educação

 

Cf. – 10 anos da reforma ortográfica no Brasil

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Enquanto se aguarda, pelas razões já aqui referidas, o pleno regresso do Ciberdúvidas em 15 de janeiro, numa nova plataforma*, continuamos a pôr em linha novos textos e algumas respostas que aguardavam publicação. Assim, em O Nosso Idioma, Paulo J. S. Barata assinala o uso de antolhar («parecer», «afigurar-se»), verbo que foge à formatação do discurso mediático; esclarecem-se também três questões: como se escreve o nome da unidade principal da moeda da República Popular da China? Como se chamam os naturais da jovem República do Sudão do Sul? E que é melhor: «de cara séria», ou «com cara séria»?

No Facebook, é possível consultar alguns destes conteúdos em registo áudio — por exemplo, os comentários sobre a pronúncia do nome próprio Vinícius, o nome dos habitantes do Dubai e a definição de deíticos.

* Para qualquer assunto não relacionado com dúvidas linguísticas, pedimos que nos contactem pelo endereço habitual: ciberduvidas@ulusofona.pt.

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Em nova plataforma e um design diferente são algumas mudanças no Ciberdúvidas, a partir do 15 de janeiro, coincidindo com o seu 16.º aniversário. Daremos oportunamente os pormenores destas e de outras novidades.

Até lá, e pelas razões já aqui enunciadas, mantemos interrompido o consultório, não deixando, no entanto, de atualizar o que for de atualizar. É o que acontece nesta data, com algumas respostas que aguardavam publicação, quase todas elas dedicadas a usos populares, nem sempre aceites pela norma. Por exemplo: estará correta a forma "xotar" em lugar de enxotar? Diz-se «posto de luz», ou «poste de luz»? E que significa «vestir comigo» no português de Angola?

Uma seleção destas e doutras respostas encontra-se igualmente disponível no Facebook, agora também em registo áudio, como acontece com dois apontamentos, um sobre a expressão «dar um frango» e outro de certo modo a propósito das inevitáveis previsões que um ano novo motiva: «Em ano bom, o grão é feno; em ano mau, a palha é grão.»

A todos os que nos acompanham, os votos de boa entrada no ano de 2013!

* Para qualquer assunto não relacionado com dúvidas linguísticas, pedimos que nos contactem pelo endereço habitual: ciberduvidas@ulusofona.pt.

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Informação da Agência Brasil: a Academia Brasileira de Letras (ABL) vai propor algumas mudanças no Acordo Ortográfico de 1990 (AO). Evanildo Bechara, académico que tem protagonizado o processo de aplicação do AO no Brasil, declara que as alterações são pequenas e incidem na grafia de compostos (incluindo o uso do hífen), na redução das exceções existentes e na uniformização dos "porques" (até aqui, por que, em certos contextos, no Brasil e porque sistematicamente em Portugal). Estas alterações, defende Evanildo Bechara, «só devem ser discutidas» depois da entrada em pleno da nova reforma, tendo em conta que é «o uso corrente da nova ortografia a poder suscitar novas questões e problemas a serem resolvidos».

Na primeira reunião de lexicografia promovida em 26 de setembro p. p. pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) na cidade da Praia (Cabo Verde), com vista à elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum, Evanildo Bechara, de cuja comissão é o principal consultor por parte do Brasil, já dera conta destas propostas da ABL. Fica por saber, ainda, se elas já serão acolhidas no vocabulário comum dos oito países de língua oficial portuguesa.

Deixamos a seguir ligação para algumas notícias mais recentes sobre o debate que a aplicação do Acordo Ortográfico tem suscitado não só no Brasil mas também noutros países lusófonos:

Linguista aponta falta de amadurecimento no texto do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa

Escritores lusófonos acreditam que acordo não altera a prosa

Países africanos têm papel decisivo na afirmação do português

Cf. – 10 anos da reforma ortográfica no Brasil