O Dicionário Houaiss regista agúdia, mas remete para agude (termo preferível para este dicionário e, provavelmente, no Brasil), dizendo que se trata de «inseto us[ado] pelos passarinheiros como isca para apanhar aves; agúdia, agudião». Agude é de «orig[em] obsc[ura], embora associada ao lat[im] acūtu- (no fem. acūta-, sobretudo na forma vulgar acūtĭa-); haveria um nexo semântico pela agudeza da mordida do inseto; var[iante] agúdia». José Pedro Machado (Grande Dicionário da Língua Portuguesa) acolhe as formas agude, agúdea, agudeão e agudião.
É provável que a forma "aguída" seja uma variante de agúdia, com metátese1 do [i], ou seja, com a troca de posição deste som, que muda de sílaba (-údia > -uída). Observe-se, porém, que o resultado que seria de esperar é a formação de um ditongo decrescente — "aguida" —, à semelhança do que acontece em falares portugueses com as chamadas «falsas esdrúxulas»: vigário > "vigairo"; António > "Antoino". Aparentemente, em "aguída" não se formou o ditongo [uj], decrescente, mas, sim, ou um hiato, isto é, a pronúncia de [u] e [i] como vogais separadas (a-gu-i-da), ou um ditongo crescente (a-g[wi]-da).
Na resposta anterior Poceiro/agúdia/pescoçanha, o dr. José Neves Henriques diz que «Quanto a agúdia, escreva-se assim mesmo, se estiver inteiramente de acordo com a pronúncia». Assim, agúdia, agude ou, mesmo, formiga de asas são designações aceitáveis, sendo a última a de mais fácil entendimento para a maioria das pessoas.
1Metátese: «Fenómeno fonético que consiste na troca de posição entre fonemas ou sílabas de uma palavra ou de uma sequência de palavras. Na evolução da palavra latina semper para a palavra portuguesa sempre, ocorreu uma metátese» (cf. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa).