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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Serão todos os neologismos válidos? E todas as variantes são legítimas?

É fundamentalmente este o problema debatido nas respostas a questões sobre a forma "hipotetizar" (discutível), uma variante histórica de Bósforo e os nomes das capitais do Sri Lanca (antigo Ceilão). A atualização do consultório aborda ainda as regências do verbo descuidar e do substantivo enfrentamento.

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Estranha-se a frequência com que a forma "jihadista" ocorre nos jornais portugueses, a propósito da atuação do Estado Islâmico nos territórios da Síria e do Iraque. Ora, acontece que no contexto da tradição ortográfica – isto é, dos princípios e critérios decorrentes da reforma de 1911 e mantidos pelos diferentes acordos ortográficos que se têm sucedido  até agora* –, é impossível grafar um h entre duas vogais.

Sendo assim, e já como se tem praticado na comunicação social, a palavra em causa deverá ter a forma jiadista, a qual pressupõe jiade como aportuguesamento do árabe jihad (em caracteres arábicos na imagem à esquerda), «dever religioso dos muçulmanos de defender o Islã através de luta [Pode ser cumprido, doutrinariamente falando, de quatro formas: pelo coração, purificando-se espiritualmente na luta contra o diabo; pela língua e pelas mãos, difundindo palavras e comportamentos que defendam o que é bom e corrijam o errado; ou pela espada, praticando a guerra física.]» (Dicionário Houaiss).

* Com a reforma ortográfica de 1911, as palavras que tradicionalmente tinham h medial etimológico perderam-no; exemplos: inhibir – inibir ; exhortar – exortar; sahir – sair; coherente – coerente; ahi – ; prohibir – proibir. Esta alteração nunca foi posta em causa pelas normas ortográficas subsequentes  nem pelo Acordo Ortográfico de 1945, nem pelo Acordo Ortográfico de 1990. No Brasil, também se generalizou a supressão do h intervocálico, como se pode verificar pelo Formulário Ortográfico de 1943, muito embora neste normativo se abrisse uma exceção para «os topônimos de tradição histórica secular»  – é o caso de Bahia.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Boas notícias: retomamos neste dia as atualizações regulares, depois de o Ministério da Educação e Ciência de Portugal ter renovado os destacamentos dos professores que formam a equipa que garante o funcionamento  quer do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa quer da Ciberescola da Lingua Portuguesa e dos Cibercursos.

O consultório passa, portanto, a estar novamente disponível, e novos artigos voltam a ficar em linha, como é o caso de:

– "Vandalismo ortográfico", um texto do linguista brasileiro Carlos Alberto Faraco, sobre as controversas propostas dos defensores, no seu país, da eliminação do h inicial e do hífen ou da substituição do ch pelo x. Disponível na rubrica Acordo Ortográfico;

– em O Nosso Idioma, um apontamento do jornalista e professor angolano Edno Pimentel, a propósito de perca, não como designação de um peixe, mas, sim, enquanto contestada variante de perda;

– e, no Pelourinho, uma crónica do jornalista luso-brasileiro Wilton Fonseca, saída no jornal i em 25/9/2014, sobre o uso do substantivo reunião.

E assinalamos, ainda, esta notícia divulgada pela agência Lusa sobre a primeira bebé nascida em Lisboa a quem foi dado o nome em mirandês: Lhuzie (equivalente a Luzia em português) – neta do principal dinamizador da língua mirandesa em Portugal, Amadeu Ferreira, e filha do linguista José Pedro Ferreira, investigador do ILTEC.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Ciberdúvidas foi obrigado a interromper as suas atualizações regulares, por não poder contar, ainda, com a renovação do destacamento, por parte do Ministério da Educação, do professor Carlos Rocha – até aqui, em dedicação exclusiva para o trabalho de coordenação executiva deste espaço de esclarecimento, informação e debate à volta da língua portuguesa, de acesso gracioso e sem fins lucrativos.

Sem mais nenhum outro apoio para a sua manutenção, resta-nos a esperança de voltarmos, logo que for possível ultrapassar este inesperado constrangimento.

Não obstante esta interrupção, como sempre, fica permanentemente disponível a consulta das mais de 40 mil respostas e textos que integram até esta data o tão diversificado arquivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Um aplicativo gratuito de consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (ABL) passou a permitir o livre acesso, por qualquer smartphone ou tablet, aos seus quase 400 mil verbetes que já seguem as novas regras previstas no Acordo Ortográfico.
   O aplicativo – que pode ser baixado em dispositivos Android, pelo Google Play, e em dispositivos da Apple, pela App Store – inclui várias soluções facilitadoras da consulta desejada, como se pode ver aqui. [Mais informação: aqui + aqui.]

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

«O Direito é a mais linguística de todas as instituições – e não haverá muitas profissões tão dependentes das virtualidades da linguagem como a profissão jurídica.»

Conceição Carapinha, "A linguagem no `banco dos réus´ – alguns aspectos da Linguística Jurídica", Ciclo de Seminário do Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada da Universidade de Coimbra (CELGA), 2010, p. 1

Uma citação a propósito de linguagem jurídica, tema em foco em duas novas questões que aguardavam divulgação:

• Qual a diferença entre furto e roubo

• Que significa a palavra ilícito empregada como substantivo?

Recordamos que o consultório se encontra encerrado temporariamente – mas, entretanto, manter-se-ão as atualizações regulares de outras rubricas.

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Na presente atualização, três novos artigos passam a estar disponíveis na rubrica Pelourinho, acerca de erros de escrita colhidos na imprensa portuguesa:

– "Futuro... de preguiça", da autoria do jornalista Wilton Fonseca e originalmente publicado no jornal i, a propósito das restrições do discurso jornalístico ao emprego do futuro indicativo com valor de possibilidade e incerteza («a vítima terá três filhos»);

– e dois textos de Paulo J. S. Barata – um sobre a forma incorreta de um numeral («dezenas de "milhar"») e outro a respeito do plural de item.

Refiram-se ainda quatro questões que aguardavam vez para entrar em linha: «enganar-se a si próprio» é um pleonasmo? Que conotação pode ter a palavra degenerescência? A palavra misantropo pode ocorrer como adjetivo? Quando recobramos «o ânimo», é também possível suprimir o artigo definido e dizer «recobrar ânimo»?

Entretanto, razões de força maior levam-nos a encerrar o consultório a partir desta data – muito embora se trate de uma interrupção temporária, que permitirá anunciar o regresso deste serviço para breve. Continuaremos, não obstante, a atualizar as diferentes rubricas do Ciberdúvidas com material inédito ou já anteriormente publicado sobre tópicos da nossa língua comum.

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Como noutros países, a ideia de boa pronúncia enraizou-se em Portugal, de tal modo, que muitos falantes sentem vergonha do seu falar regional e fazem enormes esforços para imitar o padrão, historicamente baseado nos falares das classes cultas de Lisboa e Coimbra. Mas serão condenáveis as variantes regionais de pronúncia ou de outras dimensões de funcionamento da língua?

No Brasil, há quem proponha uma perspetiva descomplexada, segundo a qual a variação regional pode conviver com a norma. E, para o provar, uma série de reportagens do canal brasileiro TV Globo, com o título Sotaques do Brasil, revela, com base no Atlas Linguístico Brasileiro, como, afinal, os falares regionais, longe de serem simples deturpações, documentam a própria história do país.

E se em Portugal um dos grandes canais de televisão – e em particular, a televisão pública portuguesa, RTP – fizesse o mesmo, a partir do (muito) que já se fez no mundo académico? Há canais que já encetaram esse trabalho de divulgação, como é o caso da Localvisão TV, que em 2011 dedicou um programa aos falares do Algarve, com a participação da dialetóloga Maria Alice Fernandes (Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve).

 O programa Cuidado com a Língua!, entretanto interrompido pela RTP, também dedicou alguns episódios aos falares regionais, designadamente dos Açores, do Algarve e do Alentejo.

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Na atualidade internacional, continua a suscitar preocupação o conflito na Ucrânia, como se pode confirmar lendo os muitos artigos e notícias que, em Portugal, a comunicação social tem publicado sobre o assunto. Entre eles, saliente-se uma crónica do escritor português Miguel Esteves Cardoso, cujo primeiro parágrafo se revela desconcertante do ponto de vista linguístico:

«Ucrânia, tal como Portugal, não tem artigo definido. Assim como não se diz "o Portugal" ou "no Portugal" também não se diz "a Ucrânia" e "na Ucrânia"» ("Ucrânia primeiro" in jornal Público de 31/08/2014).

Será mesmo assim? Não terá esta afirmação que ver com o estilo frequentemente provocador de Esteves Cardoso? Nada disso? A estas questões, o consultório procura responder, ciente de que, como muitos outros nomes de países, Ucrânia se faz acompanhar de artigo definido («o conflito na Ucrânia»).

Espaço ainda para outras duas perguntas nesta atualização:

– um topónimo português começado por al- – por exemplo, Alvoco – é forçosamente de origem árabe?

– que palavras portuguesas poderão escusar-nos o uso servil e pouco imaginativo dos anglicismos stalking e cyberstalking?

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 Uma atualização preocupada em encontrar maneiras de ultrapassar erros que se leem e ouvem na comunicação social portuguesa. No Pelourinho, o jornalista Wilton Fonseca dá a solução para acabar (espera-se que de vez) com a confusão entre «ir ao encontro» e «ir de encontro»; e Paulo J. S. Barata corrige uma corruptela de tema cervejeiro e um erro ortográfico de proporções bíblicas. Já em O Nosso Idioma, Edno Pimentel ajuda a distinguir parentes de parênteses –  noutro bom remédio do uso linguístico.

No consultório, não nos deixamos impressionar pelo substantivo alarde e pomos em perspetiva histórica as grafias Egipto e Egito, além de analisarmos casos de derivação, empréstimo, sintaxe e estilística.