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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Assinalando os oito séculos do primeiro documento oficial em português – o testamento de D. Afonso II, datado de 27 de junho de 1214 –, o Movimento 2014, que tem como principal promotor o deputado José Ribeiro e Castro, lança um manifesto e uma lista de subscritores convidados em cerimónia de pré-apresentação que se realiza neste dia, na Feira do Livro de Lisboa. O texto está aberto à subscrição do público até 15 de junho e tem apresentação oficial no dia da efeméride, a 27 de junho, num evento organizado no Padrão dos Descobrimentos, na capital portuguesa. A iniciativa, que não ignora o debate à volta da identificação dos primeiros textos em português1, pretende tão-só, como se afirma no próprio manifesto, centrar-se simbolicamente «nesse dia e ao longo de um ano, para festejar com o mundo inteiro esta nossa língua: a terceira língua europeia global e a terceira também das Américas, uma língua em crescimento em todos os continentes, a quarta mais falada do mundo, a língua mais usada no hemisfério sul».

1Considera-se atualmente que as primeiras atestações do uso escrito do português são, além do Testamento de D. Afonso II, a Notícia de Fiadores, datada de 1175, o Pacto de Gomes Pais e Ramiro Pais, talvez à volta da mesma data, e a Notícia de Torto , provavelmente anterior a 1214 (cf. Ivo Castro, "Formação da Língua Portuguesa", in Gramática do Português, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, pp. 11).

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A Copa Brasil 2014, como se usa no país-anfitrião – Campeonato do Mundo da FIFA Brasil 2014, como se diz em Portugal e nos demais países lusófonos –, decorre de 12 de junho a 13 de julho; e, durante todos estes dias, o mundo toma inevitavelmente contacto, de modo ora fugaz, ora mais prolongado, com a palavra falada ou escrita em língua portuguesa. Do ponto de vista de quem assiste aos jogos em Portugal, convém, ainda assim, estar avisado das diferenças que o vocabulário futebolístico revela no português brasileiro. Por isso, em O Nosso Idioma, fica em linha um apontamento assinado por José Mário Costa e o ex-jornalista  de "A Bola" João Matias, à volta de alguns exemplos de variação que o chamado futebolês regista nos dois lados do Atlântico. Por exemplo, que significará artilheiro? E juiz? E o que é uma coletiva?

Mais clássica é já a perplexidade do brasileiro que visita ou se instala em Portugal e tem de se afazer ao falar lusitano. Recapitulemos, portanto, alguns lusismos com a ajuda de uma crónica intitulada Onde o bumbum é rabinho, da autoria do brasileiro Paulo Affonso Grisolli (1934-2004), autor de um conjunto de textos sobre Portugal e a língua como aqui se fala – Portugal para principiantes –, que se encontram disponíveis no sítio do Observatório de Imprensa brasileiro.

Voltando às questões, mas já no consultório: qual é a origem do substantivo família? E que tradução pode ter o latim «ne aequo»? Saroto – o que é? Estará correto fazer rimar bem com mãe? E diz-se «a disputa das eleições», ou a «disputa pelas eleições»?

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 Há cinquenta anos, um jovem britânico, estudante de latim e grego, era surpreendido na sua primeira visita a Portugal não pelo clima mas pelo... infinitivo pessoal. Tal é a situação descrita por Thomas F. Earle, professor jubilado da Universidade de Oxford e conhecido especialista da literatura portuguesa do Renascimento, evocando os primórdios da sua experiência como falante de português, num artigo que passa a estar disponível na rubrica Ensino. Neste trabalho, da autoria da jornalista e investigadora Raquel Ribeiro, passa-se em revista o percurso do professor Earle, que, ainda a propósito do idiossincrático infinitivo pessoal, acrescenta com ironia: «Eu estava maravilhado com os portugueses: eles ousaram inventar um tempo verbal que não estava no latim. “Infinitivo pessoal” era “uma espécie de rebelião da língua"; foi essa pequena rebeldia que me levou a estudar português.»

No consultório, ficam em linha quatro novas respostas sobre sintaxe, léxico, terminologia e ortografia.

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Não obstante o peso demográfico da língua portuguesa no mundo, o reconhecimento desta realidade por parte da comunidade internacional tem ficado por vezes entre a condescendência e a desatenção. Paulatinamente, porém, onde o português não tem estatuto oficial, há sinais de um enorme interesse, certamente relacionado com o potencial económico de países como o Brasil, Angola ou Moçambique. Para dar um exemplo concreto, refira-se a Universidade do Botsuana, que passou a incluir o português na sua oferta. Noutro ponto do globo, na Venezuela, promete-se a integração do português como língua opcional no sistema de ensino. No plano diplomático, são vários os países – entre eles, Marrocos, a Turquia, o Senegal, a Namíbia, o Peru e o Japão – que já apresentaram ou vão apresentar a sua candidatura a observadores associados à CPLP. Afinal, o português também se globaliza?

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Cabo Verde aplica a partir de 2014 o novo acordo ortográfico (AO) no 1.º e 2.º anos de escolaridade. A notícia foi dada na videoconferência que reuniu, em 28/05/2014, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde, com a finalidade de apresentar os projetos Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) e o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE) aos professores da Universidade de Cabo Verde, do Instituto Universitário da Educação e da Universidade Piaget, bem como à Secretaria da Educação do Governo de Cabo Verde e outro público interessado. No encontro, foi também anunciada a intenção de Cabo Verde integrar o seu Vocabulário Ortográfico Nacional na primeira versão da plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum a lançar em julho de 2014, por ocasião da cimeira dos chefes de Estado da CPLP que se realiza em Díli.

Sobre o andamento do processo de aplicação do AO no conjunto dos países de língua portuguesa, consultem-se as notícias e os artigos reunidos na rubrica Acordo Ortográfico, bem como as várias aberturas que aqui têm sido dedicadas a este tema. Uma chamada de atenção, ainda, para um trabalho publicado em 15/05/2014 no Jornal de Letras, no qual se entrevista o diretor executivo do IILP, Gilvan Müller de Oliveira.

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«Um novo modo de gestão da língua» é como o diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Gilvan Müller de Oliveira, numa peça publicada no jornal português i de 2/06/2014, vê a plataforma que acolhe o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC). Entre outras considerações, o linguista brasileiro anuncia o lançamento do resultado final do VOC em 23/07/2014, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Díli, e sublinha o papel fundamental deste recurso na criação dos vocabulários ortográficos nacionais (VON) de Moçambique, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Cabo e Verde, países onde é a primeira vez que se realizam trabalhos de tal dimensão e exigência científica. Presta também declarações Margarita Correia, linguista portuguesa e membro da equipa coordenadora do projeto, para explicar como o VOC, partindo de uma plataforma digital que juntava o vocabulário de Portugal e do Brasil, veio posteriormente a integrar os novos VON. O artigo aqui em referência fica também disponível na rubrica Acordo Ortográfico-Notícias (ler também a abertura de 12/05/2014).

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Nos media dos dois lados do Atlântico, o acordo ortográfico (AO) continua a ser tema:

– Em Portugal, o professor universitário e ensaísta Miguel Tamen, em texto saído no jornal Observador, acha o AO «uma má ideia», mas nas posições que o antagonizam tanto vê bons como maus argumentos. Noutro quadrante, a professora Lúcia Vaz Pedro, por ocasião do lançamento do seu livro Português Atual, declara ao Jornal de Notícias que «o AO permitiu unificar a língua portuguesa» – não obstante muita opinião publicada, a favor ou contra, relegar essa perspetiva para o plano do equívoco.

– No Brasil, em defesa do AO, o linguista Aldo Bizzocchi retoma na revista Língua Portuguesa o ponto de vista de Jaime Pinsky (em artigo também disponível na rubrica Acordo Ortográfico – Controvérsias), para mostrar que certos movimentos brasileiros, reivindicando uma simplificação ortográfica radical, ignoram os limites de uma questão fundamental: será que ortografia é escrever como se fala?

Vale também a pena aqui recordar que a generalização do AO a toda a comunidade lusófona teve avanços importantes em maio de 2014, sobretudo com a disponibilização, por parte do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, de uma plataforma informática que acolhe o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa. A elaboração deste recurso, assinale-se, levou Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste a produzirem pela primeira vez os seus próprios vocabulários nacionais.

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Durante os meses de abril e maio de 2014, no âmbito das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril em Portugal, o Centro de Linguística da Universidade Nova (CLUNL) organizou em escolas do ensino básico e secundário um conjunto de ações de formação sob o título genérico O plural da norma. O intuito destas sessões foi sensibilizar professores de português e de outras disciplinas para a legitimidade das diferentes variedades do português. O programa de rádio Páginas de Português fez a cobertura da iniciativa, e entrevistou três membros do CLUNL, a saber: Maria António Coutinho, para falar sobre esta experiência com as escolas;  Maria Lobo, acerca do convívio das variedades linguísticas no espaço escolar; e Teresa Brocardo, para acentuar como a noção de norma permanece fundamental, apesar da diversidade pluricontinental do português. Os depoimentos destas especialistas podem ser ouvidos no referido programa, na emissão de domingo, 1 de junho (às 17h00*, na Antena 2). 

Assinale-se, entretanto, no programa Língua de Todos de sexta-feira, 31 de maio (às 13h15* na RDP África, com repetição aos sábados, depois do noticiário das 9h00*), uma conversa com o professor José Paulo Esperança, a respeito do potencial da língua portuguesa e das estratégias adotadas para a sua expansão.

* Hora de Portugal continental.

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Interroga-se um consulente: que sentido tem chamar pintarroxo a um pássaro que, afinal, é vermelho? A razão é histórica, como se observa numa nova resposta do consultório. Outra questão: se século significa «cem anos», porque não se há de escrever com c inicial como cem? A explicação lembra que a ortografia do português também tem critérios etimológicos. Quanto às expressões idiomáticas «uma pedrada no charco» e «de uma vez por todas», é possível saber a sua origem? Finalmente, regressando à velha questão dos nomes de lugar com ou sem artigo definido, a presente atualização aborda ainda os topónimos Pedrógão e Jaçanã – este último famoso por causa da popular canção O trem das Onze (1964), de Adoniran Barbosa (1910-1982), recordada no vídeo que se segue:

 

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Ao contrário da Galiza, onde o tema tem certa projeção, dando azo a polémica acesa, a relação do português com o galego é questão mal conhecida em Portugal e o seu debate encontra pouco incentivo. Mas, perante sinais do interesse galego pela língua portuguesa, mesmo no plano institucional, começa a ser tempo de nos interrogarmos mais sobre o que liga linguística e culturalmente esta região do noroeste de Espanha ao conjunto dos países da chamada lusofonia. Com esse propósito, divulga-se nas Controvérsias o resumo de uma palestra proferida pelo escritor, ensaísta e professor universitário português Fernando Venâncio, que propõe o desafio de transformar o reconhecimento da «essencial contiguidade dos dois idiomas» numa «referência cultural».

Sobre este assunto, também cabe recordar um episódio que o programa Cuidado com a Língua! dedicou em 2008 à língua falada a norte do rio Minho.