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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O mundo alucinante dos nomes de marcas e de empresas vive de certo grau de arbitrariedade linguística. Em Portugal, a criação de uma denominação ou marca comerciais, por exemplo, não se sujeita à ortografia da língua portuguesa (ver Instituto dos Registos e do Notariado e Instituto Nacional da Propriedade Industrial), com consequências desconcertantes. Desta vez, a leitura de uma nova marca na área dos operadores de telecomunicações, a NOS, dificilmente foge à identificação com o pronome átono nos em «chama-nos», ou seja, em homofonia com nus, dando o mote a espíritos jocosos (foto à esquerda1). Porém, clientes e público interessado são salvos do embaraço com uma instrutiva frase promocional: «NOS – há mais vida em nós.» O segredo está no slogan, que sugere a pronúncia esperada2. Mas estranha-se a perda do acento, atribuível à necessidade de integrar a palavra num logótipo evocativo do serviço de televisão associado, a IRIS, igualmente sem diacrítico apesar da relação evidente com a palavra íris. Dir-se-ia então que um acento gráfico e o apelo coletivo da palavra nós não passam de meros acessórios para a linguagem promocional. Mas serão assim mais eficazes o discurso publicitário e a sua lógica visual?

1 Texto da autoria da atriz Sofia Bernardo.

2 Ver, a propósito, As três diferentes pronúncias da vogal o + O sistema fonético português

2. Refira-se uma dúvida levantada no programa Manhãs da Comercial, da Rádio Comercial, em 20/05/2014 (cerca das 8h29), acerca da possibilidade de contração de «de o» numa sequência como «isto é uma forma bem simpática de os CTT agradecerem o voto de confiança dos portugueses». O humorista Ricardo Araújo Pereira considerou, corretamente, que se deve fazer a separação, mas apraz-nos registar que aconselhou à restante equipa do programa e aos ouvintes uma consulta ao Ciberdúvidas para saber porquê. Pois bem, a resposta está aqui

3. Entretanto, nesta atualização, o Pelourinho inclui mais um texto de Paulo J. S. Barata, que comenta um caso de incoerência ortográfica numa nova publicação em Portugal. No consultório, esclarecem-se questões sobre léxico, etimologia, semântica, classes de palavras e sintaxe.

4. Para estudantes estrangeiros, a Ciberescola da Língua Portuguesa e os Cibercursos organizam cursos individuais (Portuguese as a Foreign Language). Mais informações na rubrica Ensino.

 5. A manutenção do Ciberdúvidas não dispensa o precioso apoio dos seus consulentes, cujos contributos também permitem a este serviço prosseguir com a sua atividade em prol da língua portuguesa e da sua diversidade. Agradecimentos antecipados a quem atender ao nosso apelo.

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«Na Quarteira» ou «em Quarteira»? E é «no Pombal» ou «em Pombal»? Geralmente, é possível saber quando um nome de cidade, vila ou lugar é acompanhado de artigo definido, mas há frequentes exceções, e em muitos casos segue-se o uso local, nem sempre estável. Daí, outra pergunta: porque não fixar e indicar esses usos em futuros dicionários de topónimos?

A propósito deste tema, o Pelourinho propõe um breve texto de José Mário Costa, no qual se relembra que o topónimo alentejano Alvito se emprega sem artigo definido. O consultório também tem atualização, com novas perguntas dando especial atenção às expressões idiomáticas, aos neologismos e à sintaxe.

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Comemora-se pela primeira vez em 16 de maio 2014 o Dia do Português como Língua de Herança. É uma iniciativa brasileira, que reúne a organização Brasil em Mente e outras entidades promotoras do português como língua de herança nas várias comunidades brasileiras espalhadas pelo mundo, incentivando a consciência linguística e cultural como forma de afirmação identitária. Um documentário de 2012, intitulado BraZil com S – A língua portuguesa no exterior, mostra como, nos Estados Unidos, vários brasileiros procuram passar a filhos, netos ou alunos o seu legado linguístico e cultural; um dos grandes princípios é o enunciado pela professora Felícia Jennings-Winterle no vídeo que a seguir se disponibiliza: O português nunca pode ser a língua da mamãe; [...] tem [de] ser uma língua de um monte de gente, [de] um monte de criança.»

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No comunicado final da 9.ª reunião ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que se realizou na cidade da Praia em 12 e 13 de maio de 2014, as comissões representantes dos Estados-membros da CPLP consideraram conjuntamente que, ao contrário do pretendido por Angola em parecer oficial aceite na VIII Reunião de Ministros da Educação da CPLP (Maputo, 17 de abril de 2014), não há impedimentos identificáveis à aplicação do Acordo Ortográfico nem deve ser reaberta a discussão deste processo. No mesmo comunicado, assinala-se a importância da plataforma digital* aprovada oficialmente para disponibilização do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), sendo definitivamente assumido este modelo de disseminação para a aplicação comum do AO. Recorde-se que a plataforma do VOC reúne já dados entregues oficialmente pelos representantes de Portugal e Brasil (pela primeira vez na história juntos), bem como pelos de Moçambique e Timor-Leste (pela primeira vez na história com dados próprios). Para se avaliar a importância estratégica destes vocabulários basta  lembrar que, praticamente 40 anos depois das independências, ainda nenhum país africano nem Timor-Leste dispunham sequer de um simples prontuário ortográfico publicado.

Dos dois países que ainda não ratificaram o Acordo Ortográfico – Angola e Moçambique – há informação de a adesão moçambicana estar iminente, faltando apenas a apreciação e ratificação parlamentares, visto que a reforma ortográfica já tem a aprovação do governo.

Em Portugal, o Supremo Tribunal Administrativo recusou uma providência cautelar para a suspensão da nova ortografia nas provas finais do 6.º ano de escolaridade. Argumento principal desta decisão judicial: é do interesse desses alunos manter-se a ortografia a que já se habituaram no 5.º ano; caso contrário, cria-se uma situação de instabilidade e confusão.

*Ver Abertura de 12/05/2014.

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A plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) pode ser consultada em linha a partir deste dia. Trata-se da primeira parte do processo de construção do VOC que, além de fazer a junção dos vocabulários ortográficos nacionais (VON) do Brasil e Portugal produzidos nos últimos anos, integra de forma inédita os primeiros dados de Moçambique e Timor-Leste que constituem os respetivos VON. Como se pode ler na apresentação da própria plataforma, a partir do modelo agora apresentado vai ser desenvolvida a segunda parte da construção do VOC, que «será entregue na cimeira de chefes de Estado da CPLP, a realizar em Díli em [julho de] 2014, e integrará os VON prontos à data, previsivelmente seis, com a adição aos quatro agora integrados dos VON de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, em fase adiantada de execução». Instrumento de importância estratégica para a definição conjunta da ortografia  nos oito países que têm o português como idioma oficial, o VOC, coordenado pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), abrange já nesta fase perto de 250 000 palavras. Sublinhe-se ainda que o VOC conta com a participação de especialistas que os Estados-membros nomearam oficialmente para discutirem entre si os critérios de aplicação do Acordo Ortográfico (AO). Mais informação aqui e aqui.

Assinale-se, entretanto, que, na 9.ª reunião do Conselho Científico do IILP, realizada em 12 e 13 de maio de 2014 na cidade da Praia (Cabo Verde), foram entregues formalmente os VON de Moçambique e Timor-Leste pelos representantes dos respetivos governos, Lourenço do Rosário, presidente do Fundo Bibliográfico do Português, e Crisódio Araújo, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Timor-Leste.

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Moçambique vai apresentar, no Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), o seu Vocabulário Ortográfico Nacional (VON), a incluir na elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, decorrente do processo de aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 (AO) no conjunto dos países de língua portuguesa. Este acontecimento reforça a adesão de Moçambique ao AO, após o respetivo governo o ter aprovado e submetido para ratificação parlamentar. Lourenço do Rosário, presidente da comissão moçambicana do IILP, em declarações ao jornal Notícias Online, frisa que o Vocabulário Ortográfico de Moçambique é o resultado de um trabalho científico levado a cabo por uma equipa da Faculdade de Letras e Ciências da Universidade Eduardo Mondlane, a qual integra lexicógrafos liderados pelas professoras Inês Machungo e Perpétua Gonçalves: «É um trabalho científico seguro e terá mais de 40 mil entradas, o que significa que estamos perfeitamente a par dos outros, quer dos portugueses, quer dos brasileiros em termos de trabalho científico.»

Além do vocabulário nacional de Moçambique, será também apresentado o de Timor-Leste, estando em fase de conclusão os de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe. Brasil e Portugal já dispõem, há muito, dos seus vocabulários nacionais – com Angola e a Guiné-Bissau à margem ainda destes trabalhos, por razões distintas. Todo este processo, quando finalizado, confluirá na elaboração do Vocabulário Comum da Língua Portuguesa, instrumento estratégico no reforço do idioma comum dos oito países lusófonos.

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Em Portugal, uma nova gramática de Português, elaborada de acordo com as Metas Curriculares do Português no 1.º ciclo do Ensino Básico, acaba de ser publicada pela Porto Editora. Trata-se de A Gramática – Português – 1.º Ciclo, uma obra da autoria das professoras Maria Regina Rocha e Maria Helena Marques, que tem também associada a realização de ações de formação sobre o ensino do Português (mais informação aqui).

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Celebra-se na presente data, 5 de maio, o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma comemoração instituída em julho de 2009 pelo Conselho de Ministros desta entidade. A data é assinalada por várias iniciativas, de entre as quais se releva a que a Embaixada de Portugal em Marrocos, o Centro Cultural Português do Instituto Camões em Rabat, a Universidade de Lisboa e a Universidade Mohammed V – Agdal organizam nesta data na Universidade Chouaib Doukkali, na cidade marroquina de El Jadida, a antiga Mazagão (o programa pode ser consultado aqui). Fora ainda da lusofonia, mas igualmente ligado a ela por laços históricos, refira-se o interesse que a língua portuguesa continua a encontrar no Japão, como provam as declarações do respetivo primeiro-ministro, Shinzo Abe, que, no final de uma visita a Portugal, afirmou a disposição de o seu país envidar esforços para alcançar o estatuto de observador na CPLP.

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Recebemos o 1.º de Maio e os seus festejos – ancestrais (na imagem à esquerda, uma maia, boneca tradicional do Algarve) ou ligados à história sindical, mais antiga ou mais recente – com oito novas respostas, que abordam tópicos respeitantes à etimologia de nomes comuns e próprios, à variação de vocábulos e locuções, ao uso de gentílicos e sinónimos, bem como às questões sintáticas que envolvem quer complementos quer possessivos. Fica também em linha, na rubrica O Nosso Idioma, um novo texto do jornalista e professor angolano, Edno Pimentel:"Isso é mesmo português?". E, no Pelourinho, divulga-se uma crónica do jornalista português Ferreira Fernandes, sobre como um suposto provérbio pode comprometer a coerência do discurso político. A propósito de provérbios, rememoremos alguns relacionados com o mês que ora entra, disponíveis no blogue Ler para Crer.

Entretanto, a nova atualização do consultório fica marcada para segunda-feira, 5 de maio.

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Faleceu em Lisboa, em 27 de abril de 2014, o escritor Vasco Graça Moura, figura marcante da vida cultural e política de Portugal. O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, que teve dele sempre todo o apoio, recorda-o em todas as suas múltiplas facetas e talentos, como poeta, tradutor, letrista, político, polemista, denodado adversário do Acordo Ortográfico, mas, acima de tudo, como um brilhante cultor da língua. Para apreender a dimensão do legado intelectual de Vasco Graça Moura, acompanhe-se aqui a emissão que o programa de rádio Vidas Que Contam, realizado por Ana Aranha e transmitido pela Antena 1, dedicou ao escritor em 21 de junho de 2013. Leia-se ainda a entrevista por ele concedida à revista Visão em 20 de março de 2014. Por último, veja-se o vídeo que o Jornal de Letras (JL) inclui em edição eletrónica.