Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Aberturas
Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Pergunta-se frequentemente: a quem pertence o português? A entrevista do linguista moçambicano Gregório Firmino à revista brasileira Língua Portuguesa sugere uma resposta polémica: «Os portugueses querem cobrar o uso do português, como se fosse um favor que nos fizeram. Não, eles nos deveriam muito mais! Mas a língua portuguesa deve a quem? Eles devem ao italiano? Daqui a mil anos, vamos chamar de português aquilo que se fala no Brasil? Aquilo que se fala em Moçambique? Não sei. Mas a língua é nossa. E não só é nossa, mas é tão nossa quanto os outros dizem que é deles. Não devemos favor a ninguém, não venham nos dar lições, fazemos o que queremos. E amanhã, se nós dissermos "já não queremos" – como Estado – e adotarmos, como política linguística, alguma outra opção estratégica, qual o problema?»

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

 Por razões já aqui expostas, as dificuldades acrescidas na viabilização do Ciberdúvidas obrigam infelizmente à interrupção de uma tradição mantida desde os seus primórdios: a atualização diária dos seus conteúdos principais, nomeadamente o consultório. Nesse sentido, as aberturas e as demais onze rubricas do Ciberdúvidas passam a ser renovadas apenas três vezes por semana – às segundas, quartas e sextas-feiras –, a partir desta data.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Em Portugal, multiplicam-se as entidades que tomam a iniciativa de desenvolver ou facultar recursos em linha para apoio educativo. É o caso da RTP (Rádio e Televisão de Portugal), com o lançamento do portal Ensina, uma plataforma que, indo ao encontro do estudo das matérias abordadas no ensinos básico e secundário, disponibiliza os muitos conteúdos que possui em arquivo e que foram produzidos primeiro para a rádio, com a criação da Emissora Nacional em 1935, e, depois, também para a televisão, com o aparecimento da Radiotelevisão Portuguesa, em 1955. É de salientar que o portal Ensina inclui várias sequências do programa de televisão Cuidado com a Língua!, que o Ciberdúvidas tem acompanhado desde a primeira série – aqui fica a ligação para um excerto do último episódio da 8.ª série, transmitida nos primeiros meses de 2013.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

 

No consultório, fala-se de duas palavras carregadas de memórias: uma é auto de fé, que evoca uma faceta triste do Portugal dos séculos XVII e XVIII; outra, rosa-cruz, leva-nos até à experiência iniciática das sociedades secretas e aos seus desígnios políticos. Depois, ainda na presente atualização, brindemos ao passado apesar de tudo, para compreender a semântica dos complementos do próprio verbo brindar.

Na rubrica Acordo Ortográfico, convém atentar na nota retificativa entretanto incluída nas cartas de Gilvan Müller de Oliveira e de José Mário Costa, a propósito de dois professores brasileiros – Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto – que em dezembro de 2013, em Portugal, foram recebidos pela Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, no contexto da querela à volta do novo acordo ortográfico.

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa completa 17 anos de existência neste dia, em que o consultório alcança as 32 336 respostas em arquivo e as demais rubricas disponibilizam cerca de 5000 textos, num conjunto que faz eco de dúvidas e discussões à volta do uso do português nos mais variados âmbitos, incluindo, como não poderia deixar de ser, os institucionais e, ainda, um regular registo do que vai sendo publicado de obras especializadas da língua portuguesa.

Projeto singular em todo o espaço de língua oficial portuguesa – pela sua natureza de serviço público, gracioso e universal, e espaço simultaneamente noticioso, de esclarecimento, reflexão e polémica sobre o idioma comum de oito povos, em toda a sua diversidade histórica e geográfica –, são 17 anos não isentos de dificuldades e sobressaltos só superáveis graças à generosidade dos patrocinadores1 que o Ciberdúvidas tem conhecido ao longo do seu percurso.

A desistência desses dois patrocinadores veio porém precipitar a situação conhecida por quantos consultam regularmente o Ciberdúvidas, pelos quatro cantos do mundo. Com a campanha SOS Ciberdúvidas procurou-se – e procura-se – evitar o pior.

Ainda não é o pior, mas, infelizmente, as dificuldades acrescidas na viabilização do Ciberdúvidas obrigam à interrupção de uma tradição mantida desde os seus primórdios: a atualização diária dos seus conteúdos principais, nomeadamente o consultório.

Nesse sentido, as aberturas e as demais onze rubricas do Ciberdúvidas passam a ser renovadas apenas três vezes por semana – às segundas, quartas e sextas-feiras –, a partir do dia 20 do presente mês de janeiro.

Além dos CTT, Correios de Portugal e da Fundação Vodafone Portugal, patrocinadores oficiais até outubro de 2011 e até outubro de 2013, respetivamente, o Ciberdúvidas continua a contar com o apoio da Universidade Lusófona (em cujas instalações funciona em Lisboa, na Escola Superior de Educação Almeida Garrett) e do Ministério da Educação e Ciência de Portugal, que destacou para a sua coordenação executiva o professor Carlos Rocha. Em dezembro de 2012, o Ciberdúvidas beneficiou ainda de um pequeno subsídio do então secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, após uma interpelação parlamentar do Bloco de Esquerda.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

O futebol internacional tem dado grande projeção à língua portuguesa. Não se trata apenas da importância de nomes ou expressões característicos, associados a equipas e jogadores, nem do (contestado) Campeonato Mundial de Futebol – ou Copa do Mundo – que o Brasil leva a cabo em 2014. Também é para ter em conta a atitude linguística das figuras ligadas a esse meio desportivo.

Assinale-se, portanto, o breve e emotivo discurso que o futebolista português Cristiano Ronaldo* proferiu em português para agradecer a atribuição da Bola de Ouro de 2013 da FIFA, na gala realizada em Zurique. Outros intervenientes igualmente se expressaram na língua portuguesa – Ronaldo* e Neymar, bem como a própria apresentadora, a modelo Fernanda Lima. Só faltou Pelé, que quase sempre recorreu ao idioma dominante na cerimónia, o inglês.

* Recorde-se que, no português de Portugal, o nome Ronaldo soa "runaldu"; no português do Brasil, pronuncia-se "rônaudu" ou "rónaudu". Cf. abertura de 20/11/14 "Como (não) pronunciar Ronaldo em Portugal".

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

O Acordo Ortográfico de 1990 volta a estar na ordem do dia em Portugal, porque se aguarda que a Assembleia da República marque nova data para a discussão da petição pública a favor da desvinculação do AO por parte do Estado português e de um projeto de resolução subscrito por um grupo de deputados com vista a reavaliar a situação.

Neste contexto, desmentindo notícias segundo as quais, no Brasil, o Senado Federal se prepararia para suspender a aplicação do Acordo Ortográfico (AO), José Mário Costaesclarece na rubrica Acordo Ortográfico que «o Senado brasileiro [não] se pronunciou, como um todo, contra ou a favor do AO, nem o Senado poderia vincular ou desvincular o Brasil de um tratado internacional» e sublinha que «contrariamente ao que tem vindo a ser afirmado por alguns opositores ao AO, o Brasil não suspendeu a aplicação do AO nem anunciou qualquer intenção de o vir a fazer; pelo contrário, tem-se demonstrado empenhado na sua plena aplicação em todo o espaço da CPLP». Na mesma rubrica, Fernando Guerra igualmente desmente tais notícias e, sobre o referido projeto de resolução recorda que, sendo o AO um tratado internacional, «o Estado português não pode suspender, revogar ou protelar sine die a aplicação de um tratado que o obriga, sob pena de violação dos princípios básicos do direito e da convivência internacionais», pelo que espera que a referida iniciativa parlamentar vise não a revogação do AO mas o acompanhamento da elaboração do tão necessário Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa.

No Pelourinho, divulga-se um apontamento de José Manuel Paquete de Oliveira sobre cuidados a ter na escrita jornalística (texto original publicado no jornal Público, em 12/01/14). E no consultório, novas respostas põem em foco a translineação dos dígrafos rr e ss, a definição do termo especificador e a subclasse do adjetivo quadrado.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Digamos que a pressão de um idioma em situação de hegemonia nacional ou internacional se mede pelas palavras dele importadas pelas línguas coexistentes. Até há setenta ou sessenta anos eram os galicismos (mas não só...) a dominar o discurso das elites ou dos candidatos a elas no Brasil e em Portugal, para escândalo de puristas, lexicógrafos ou gramáticos. Hoje, o inglês impera em todas as áreas de atividade e neutraliza a variedade linguística mundial, quando se torna também o veículo por excelência de uma cultura globalizada.

Vêm estas considerações ao encontro de dois artigos incluídos na presente atualização, que, em comum, têm o tema do uso e abuso de anglicismos em Portugal. Assim, no Pelourinho, Paulo J. S. Barata lamenta as opções de uma estratégia publicitária cuja fixação pelo anglicismo tem um efeito mais duvidoso do que eventualmente perverso. Em O Nosso Idioma, Sandra Duarte Tavares confirma a omnipresença das palavras inglesas no quotidiano português. Mas, na mesma rubrica, uma crónica de Edno Pimentel reconduz-nos à língua de sempre, a propósito da regra de concordância verbal com o pronome relativo quem (texto original publicado no semanário angolano Nova Gazeta em 9/01/14). Finalmente, no consultório, esclarecem-se dúvidas sobre semântica lexical, flexão verbal e sintaxe.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

A Vodafone Portugal anunciou que começou a transição para o Acordo Ortográfico de 1990 (AO) em 1/01/2014, à semelhança das duas outras operadoras de telecomunicações em Portugal, a TMN e a Optimus1.

Noutras áreas em Portugal, o processo de adoção também começou no ano novo: deem-se como exemplos o Millennium/BCP e o Banco Espírio Santo (BES), conforme informação no fundo das páginas principais dos respetivos sítios eletrónicos.

Para uma visão de conjunto das entidades que, em Portugal, até 2013, seguem a nova grafia, pode consultar-se uma lista disponível no blogue Muro das Lamentações, de José Cunha Oliveira (no fim do artigo "Uma discussão absurda e extemporânea") .

Assinale-se ainda o conjunto de cinco artigos escritos pelo deputado português (PS) Carlos Enes e publicados entre 2 e 9 de janeiro no jornal Açoriano Oriental, nos quais, numa perspetiva favorável ao AO, se descreve e discute o que tem sido o processo da sua aplicação.

Entretanto, aguarda-se a discussão na Assembleia da República da petição pública  que reclama a desvinculação de Portugal do AO, bem como a apreciação de um projeto de resolução subscrito pelos deputados Ribeiro e Castro, Michael Seufert (ambos do CDS) e Mota Amaral (PSD), que propõem a criação de um novo grupo de trabalho sobre a aplicação do referido acordo (recorde-se que um grupo anterior, já extinto, esteve ativo entre janeiro e julho de 2013).2

1 Em comentário na comunicação social e nas redes sociais, há quem sustente que o nome próprio Optimus há de perder o p, tal como acontece com a palavra ótimo, que se inclui no léxico comum. Não é isso que prevê o Acordo Ortográfico de 1990 (Base XXI), conservando um critério da norma que o antecedeu, a do Acordo Ortográfico de 1945 (Base L) segundo o qual «pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registo público». Assim se compreende que, apesar de se escrever açoriano, o nome de uma empresa de seguros apresente a grafia açoreana: Açoreana Seguros.

2 Sobre notícias acerca da possibilidade da suspensão do AO no Brasil, convém esclarecer que neste país decorre, como em Portugal, o período de transição, de acordo com o Decreto nº 6583, DE 29 DE Setembro de 2008. (cf. artigo de Mário Vilalva, o embaixador do Brasil em Portugal). Também em relação a afirmações segundo as quais, no Brasil, o Senado teria recusado o AO após aceitação da proposta de dois professores brasileiros, Ernani Pimentel e Pasquale Citro Neto, para a revisão radical da ortografia do português, importa sublinhar que nem o Senado brasileiro se pronunciou, como um todo, contra ou a favor do AO, nem este órgão poderia vincular ou desvincular o Brasil de um tratado internacional, ratificado e em vigor, como o AO.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

As palavras parónimas sempre foram pasto apetecível para o erro: são clássicas as confusões entre comprimento e cumprimento, previdência e providência. Muitas vezes, o risco cresce, quando em certas variedades da língua, como o português mais lisboeta, há parónimos que o ouvido não distingue porque passam a homófonos, na fala mais rápida ou descontraída: é o caso, por exemplo, de despensa e dispensa... ou de descriminar e discriminar. Esta última troca é extensível às respetivas nominalizações, descriminação e discriminação, como assinala, no Pelourinho, Paulo Barata, ao detetar mais uma situação deste tipo num semanário português.

No consultório, desvendam-se as origens futebolísticas da expressão «arrumado como o Caldas», dão-se indicações para a acentuação gráfica dos infinitivos seguidos de pronomes pessoais átonos e reflete-se sobre a possibilidade de cruzadista não significar apenas «aquele que se ocupa com ou de palavras cruzadas».