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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

 A língua é espelho do que somos – para o pior e para o melhor. Disfarçando situações pontuadas pela falta de ética, eufemismos ou metáforas podem dar rapidamente origem a novas palavras de reputação duvidosa, que se definem como calão ou gíria: é o caso de gasosa ou aguento, que Edno Pimental, na rubrica O Nosso Idioma, apresenta como indícios do muito que há a corrigir na gestão do trânsito rodoviário em Angola (texto original publicado em 13/02/2014 no semanário angolano Nova Gazeta). Na Antologia, Guadalupe Magalhães Portelinha canta uma língua tão polifacetada como a nossa natureza: «tem palavras caras/ a preço médio, para todos,/ palavras que podem ser perigosas, se levianas/ que podem ser bravas, se de indignação/ que podem ser fortes, se de justiça/ que podem ser doces, se de amor/ que podem ser brancas, se de paz/ que podem ser soltas, se de liberdade». No consultório, reencontra-se numa velha saudação a sobriedade dos primeiros Romanos, e mostra-se como os substantivos nevasca e nevão estão associados a maneiras diferentes de perspetivar a mesma realidade. Outros temas ainda nas novas respostas: sinonímia, construções de dativo, a escrita de numerais, neologismos, contrações e coordenação de expressões nominais.

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1. Como já foi aqui assinalado, todos os canais da Rádio Nacional de Angola passaram a transmitir, desde o princípio de fevereiro de 2014, a série Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola, realizada com a colaboração do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Trata-se de uma rubrica diária à volta de palavras, frases e expressões dos usos do português, escrito e falado, em Angola. Escutemos três novos apontamentos sobre velhas questões do uso: diz-se «ciclo vicioso», ou «círculo vicioso»? «Tragédia humanitária», ou «tragédia humana»? "Aço", ou "asso"?

2. Em O Nosso Idioma, divulga-se uma reflexão do escritor e professor universitário Fernando Venâncio sobre como recriar a fala autêntica na escrita ficcional (crónica publicada na coluna Língua movediça, da revista Ler, de janeiro de 2014). No consultório, interpretam-se substantivos (governança e calandros) mais um provérbio, descreve-se o comportamento sintático de pronomes átonos e verbos, bem como se faz uma recomendação acerca da escrita de montantes em euros.

 3. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 14 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; com repetição aos sábados, depois do noticiário das 9h00*), Ana Sousa Martins comenta o processo de aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em Portugal. O Páginas de Português de domingo, 16 de fevereiro (às 17h00* na Antena 2), apresenta uma entrevista com o professor Ivo Castro, docente e investigador da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, para uma viagem pela história da língua portuguesa; espaço ainda para a rubrica Palavrar, de Ana Sousa Martins. Ambos os programas incluem a rubrica Ciberdúvidas Responde, conduzida por Sandra Duarte Tavares.

4. A Ciberescola da Língua Portuguesa procura falantes bilingues de bangla e português para acompanhamento de um professor de português em aulas por videoconferência, destinadas a alunos do 1.º ciclo de iniciação. Contactos: ciberescola.cibercursos@gmail.com; 916 540 446; +351 218 862 042/ext. 4132.

5. Apelamos aos nossos consulentes no sentido de nos ajudarem a viabilizar o Ciberdúvidas como espaço ao serviço da língua portuguesa, nas suas variadas vertentes. Os nossos agradecimentos pelos contributos que puderem e entenderem fazer-nos chegar.

 

 

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O Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) lançou no Portal da Língua Portuguesa o primeiro dicionário fonético  do português disponível gratuitamente na rede. Trata-se de um recurso, ainda em fase de teste, que, integrado no Vocabulário Ortográfico do Português (VOP), contém transcrições para a forma como se pronunciam mais de 70 000 palavras em seis cidades, a saber, Díli, Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro e São Paulo (prevê-se ainda a inclusão do Porto e da capital de Cabo Verde, a Praia). Na verdade, são 700 mil transcrições fonéticas ao todo, dado as 70 mil palavras transcritas se apresentarem em dez variantes, contemplando variedades de pronúncia nunca até aqui fixadas, como é o caso das que se ouvem nas capitais de Angola, Moçambique e Timor-Leste.

Este dicionário fonético, resultado do projeto LUPo – Léxico Unysin do Português, possibilita não só o esclarecimento de dúvidas de estudantes de português como língua estrangeira, mas também a disponibilização de dados para trabalhos de fonética e fonologia do português, bem como ainda o desenvolvimento de aplicações de processamento da linguagem natural, como motores de reconhecimento e de síntese de voz (os quais permitem, por exemplo, "comunicar" por voz com o computador ou o telemóvel). Lembramos que o lançamento deste recurso foi notícia nos programas de rádio Língua de Todos e Páginas de Português, com uma entrevista a José Pedro Ferreira, investigador do ILTEC e membro da vasta equipa multinacional de especialistas em Linguística que desenvolveu o LUPo.

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Continuamos a registar exemplos de como a semelhança ou a identidade entre sons e elementos morfológicos pode motivar deturpações sonora ou visualmente indiscretas. Em O Nosso Idioma, Edno Pimentel regista a ocorrência de uma nova forma incorreta, "anártico", em lugar de anárquico (texto original publicado em 6/02/2014 no semanário angolano Nova Gazeta). E que dizer da confusão na escrita entre descrição e discrição? No Pelourinho, Paulo J. S. Barata deteta mais um caso em páginas jornalísticas. Por seu lado, o consultório desfaz equívocos no uso dos substantivos submissão e adversário, além de abordar o uso de minúsculas em títulos nobiliárquicos, a semântica do adjetivo deserto e dois problemas suscitados por palavras compostas (acento tónico e pluralização de adjetivos compostos referentes a cor). Finalmente, no Correio, apresenta-se um esclarecimento a propósito de um reparo recebido de um consulente que estranha o apelo SOS Ciberdúvidas («Os 200 000 000 de falantes brasileiros não chegam para suportar este meio de propaganda do acordês?).

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Em Angola, as línguas bantas (quimbundo, umbundo, quicongo, etc.) têm presença quotidiana na comunicação. E tanto assim é, que o Acordo Ortográfico de 1990 reconhece, entre as razões para a introdução do k, do w e do y no alfabeto português, o facto de muitos empréstimos feitos ao português se escreverem com estas letras nos países africanos de língua oficial portuguesa. O programa Mambos da Língua – O tu-cá-tu-lá do português em Angola, que a Rádio Nacional de Angola emite todos os dias, com a colaboração do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, dá conta disso em dois apontamentos, um sobre a palavra mwila (ou muíla em Portugal e no Brasil; «diz-se de ou língua pertencente ao subgrupo lunyaneka do grupo banto, falada em Angola», Dicionário Houaiss) e outro a respeito dos termos kota e sekulo (respetivamente, cota e seculo em Portugal e no Brasil; «velho, ancião»). O primeiro apontamento deste programa, emitido em 3/02/2014, pode igualmente ser ouvido aqui.

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Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola é o novo programa que a Rádio Nacional de Angola passa a emitir, a partir desta segunda-feira, dia 3 de fevereiro, em todos os seus canais, de Luanda e de todo o país, em colaboração com o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola é uma das novidades da grelha da rádio pública angolana que se estreia neste mesmo dia. Em parceria com o Ciberdúvidas, trata-se de um espaço didático de curtos apontamentos diários à volta de palavras, frases e expressões  do português, escrito e falado, em Angola, de algum modo problemáticas no seu uso corrente. O formato contempla igualmente os termos mais comuns das línguas nacionais entrados no português coloquial de Angola suscetíveis de idêntico grau de menor rigor.

Por exemplo: «”Mambos da Língua”; “mambos” porquê?» «Diz-se “huílas”, ou “muílas”?» «"Destroco" dinheiro», ou «troco dinheiro»? «Eu não "lhe" vi», ou «Eu não o vi»? «Ele fala mal e "porcamente"», ou é «Ele fala mal e parcamente»? «Associação de "beneficiência"», ou «Associação de beneficência»? "À séria", ou «a sério»? «Houve muitos acidentes», ou «"Houveram" muitos acidentes»? «Vão escrever as memórias», ou é «Vão escrever as "memória"»? «Como se diz: depois, ou "depôs"»? «Quando se  agradece a alguém, homem ou mulher, diz-se obrigada, ou obrigado?» «Maka, kota e sekulo: a origem e o que significam»; «Zungueira: como se formou esta palavra, hoje tão comum no português de Angola?»; etc., etc., etc.

[O som do primeiro apontamento.]

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Inesperados são muitas vezes os equívocos decorrentes da semelhança fonética entre palavras: por exemplo, conta-se que, num exame, alguém escreveu "Guerras Túnicas" para se referir às Guerras Púnicas, possivelmente porque mais conhecida é esta peça de vestuário da Antiguidade do que o significado de púnico. Mas que dizer de uma "concha" que, afinal, é uma coxa? Edno Pimentel faz a crónica desta confusão em O Nosso Idioma, captando um episódio do quotidiano de Luanda (texto original publicado em 30/01/14 no semanário angolano Nova Gazeta). Na rubrica Pelourinho, Paulo J. S. Barata regista outra enorme confusão, a de fisionomia com fisiologia, a propósito de compleição física e testes de alcoolemia. No consultório, explora-se a paradoxal história do futuro (gramatical), evoca-se a linguagem única do escritor português Aquilino Ribeiro (1885-1963) e reflete-se sobre a possibilidade de aportuguesar certos topónimos latinos.

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No português, como noutros idiomas, surgem constantemente neologismos, uns formados frequentemente por derivação ou composição, com elementos tradicionais, outros criados por transposição de termos provenientes de culturas estrangeiras (estrangeirismos). A presente atualização exemplifica ambas as situações: em O Nosso Idioma, Paulo J. S. Barata analisa o vocábulo austericida, um neologismo que põe em causa os critérios de correção para a construção de certos compostos; no Pelourinho, José Mário Costa lembra o que recomenda a boa prática jornalística no uso dos estrangeirimos – como é o caso de cool, o anglicismo da moda que encanta os media de Lisboa. Na mesma rubrica, Sandra Duarte Tavares recorda que os derivados de pôr não tem acento circunflexo; e no consultório esclarecem-se dúvidas sobre dois homográfos, uma família de palavras e a definição da norma linguística entre os países lusófonos.

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É possível criar novos nomes de pessoa (antropónimos)? Em Portugal, há normas rígidas que pouca ou nenhuma margem deixam para os pais de uma criança lhe atribuírem um nome inventado, sem tradição – leiam-se, por exemplo, as normas sobre a composição do nome no sítio do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN). A propósito deste tema, a rubrica O Nosso Idioma divulga duas crónicas publicadas em jornais portugueses: numa, o poeta, professor e sacerdote católico José Tolentino Mendonça tece considerações sobre uma lista com base na atualização em 31/12/13 do registo de vocábulos admitidos e não admitidos como nomes próprios do IRN; noutro texto, o jornalista Wilton Fonseca regista o aparecimento de um novo e incrível nome pessoal – Facebookson. Ainda na presente atualização, os erros de gramática voltam a ser tema no Pelourinho, com um apontamento de Edno Pimentel, sobre o conhecido mau hábito de acrescentar um -s à segunda pessoa do singular do pretérito do indicativo e usar incorretamente "dissestes", em vez de "disseste" (crónica original publicada em 23/01/14 no semanário angolano Nova Gazeta). Por último, no consultório, igualmente falamos de nomes próprios (a etimologia de Geira), para depois comentarmos a formação do verbo miasmatizar e do particípio passado ilocalizado.

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Já não é notícia a dimensão que o português tem à escala global, importa é saber como dar futuro a essa vantagem. Assinala-se, por isso, um texto do diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Gilvan Müller de Oliveira (na foto), intitulado "Política linguística e internacionalização: a língua portuguesa no mundo globalizado do século XXI", no qual o autor considera ser pouco explorado o potencial do português como língua internacional. Deste artigo, em linha na revista brasileira Trabalhos de Linguística Aplicada (2013, vol. 52, n. 2, pp. 409-433), transcrevemos as palavras finais, como proposta de reflexão: «Para internacionalizar a língua precisamos internacionalizar a sua gestão, construindo de maneira conjunta a sua cadeia tecnológica e a coordenação diplomática da sua negociação global, reconhecendo a oportunidade de pensá-la e tratá-la como LÍNGUA POLICÊNTRICA[1]. Preparado o terreno, torna-se o português nosso veículo privilegiado para o estabelecimento de relações econômicas e culturais no cenário mundial.»

[1] Sobre o português como língua policêntrica ou pluricêntrica, leia-se Margarita Correia: «O português é também pluricêntrico: adotado por vários estados, tem várias normas diferentes, atualmente duas estabilizadas, mas potencialmente uma ou mais por cada país que a tem como oficial.» ("O português na encruzilhada")