Oliveira é latim, mas azeitona é árabe
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Oliveira é latim, mas azeitona é árabe
Usamos palavras que evidenciam constantemente a matriz latina da língua, enriquecida pelo legado medieval do árabe. Com efeito, já o filólogo e linguista português Lindley Cintra nos revelara que os dialetos de Portugal se repartem por duas áreas lexicais: a noroeste, a ruralidade mantém a velha terminologia latina e pré-romana; caminhando para o interior e para sul, a marca árabe intensifica-se no campo e na cidade. Há também situações de síntese, como acontece com oliveira e...
A raia em português e galego
Que laços se mantêm hoje entre o português e o galego? Que fatores intervieram na separação do galego-português? E que semelhanças e contrastes linguísticos se detetam atualmente na raia entre Portugal e a Galiza? Com o propósito de debater estas questões, o Instituto da Língua Galega realiza, de 28 de novembro a 3 de dezembro de 2013, em Santiago de Compostela, o simpósio Língua e Identidade na Fronteira Galego-Portuguesa. Da apresentação desta iniciativa, transcreve-se a seguinte passagem:
«A raia atravesou as terras do...
O português torna-se prioridade no Reino Unido
O português surge entre as dez línguas mais importantes para o Reino Unido num relatório elaborado pelo British Council. A notícia ganhou algum relevo em Portugal, onde o Instituto Camões e a comunicação social salientam o facto de tal lista (ou, para usarmos um anglicismo, ranking) se basear em fatores económicos, geopolíticos, culturais e educacionais, sem esquecer as necessidades das empresas britânicas quanto aos seus negócios no estrangeiro, as prioridades diplomáticas e de segurança e a relevância na...
Obrigado, vírgula, Portugal
1. O apuramento da seleção de futebol portuguesa para o campeonato do mundo da modalidade de 2014, no Brasil, foi assinalado com um vídeo de agradecimento pelo apoio dos adeptos portugueses aos jogadores da sua representação nacional. Disponível no YouTube e largamente difundido na Internet e por diversos sítios informativos, o vídeo traz como título: "Obrigado [sem vírgula] Portugal" – em vez do que manda a regra da pontuação, com a indispensável vírgula entre a expressão de agradecimento e o...
Como (não) pronunciar Ronaldo em Portugal
Com o apuramento da seleção portuguesa de futebol para o Campeonato do Mundo no Brasil, graças à vitória de 19/11/2013 na Suécia, que tanto deve aos golos e à exibição de Cristiano Ronaldo, as televisões e as rádios de Portugal não foram capazes de evitar a forma “Rònaldo”, que foi a que mais se ouviu. De novo procurando não ouvi-la, vale a pena recordarmos a pronúncia recomendada em português lusitano:
As diferentes pronúncias de Ronaldo, Rolando, Rodrigo, Rodrigues,...
Grafias rebeldes
Há topónimos cuja escrita escapa totalmente ao controlo da norma nacional por questões de identidade e política regionais. Em Portugal, ficou famoso o caso de Rans, antes Rãs, freguesia de Penafiel, no distrito do Porto, recuperando uma forma anterior à implantação da República, à revelia da ortografia mais recente. E no Brasil? Há casos muito mais notáveis, sendo um deles Bahia: o Formulário Ortográfico de 1943 abria uma exceção para esta grafia, que, mesmo...
O caprichoso aportuguesamento de (mass) media
A expressão mass media, normalmente reduzida a media, provém do inglês norte-americano, onde surgiu com base no latim media (neutro plural de medius, a, um) para designar os meios de comunicação de massas (Dicionário Houaiss). No Brasil, impôs-se o aportuguesamento ortográfico mídia (singular feminino: «a mídia») como reprodução aproximada da pronúncia anglófona, que se enraizou «graças ao seu maciço poder de cultura, comércio e...
Cabo Verde, sem tradução
O governo da República de Cabo Verde decidiu que o nome do país não será traduzido na correspondência que envie em língua estrangeira, o que significa, por exemplo, que Cape Verde ou Cap-Vert sejam sempre Cabo Verde nos textos oficiais cabo-verdianos elaborados em inglês ou francês. Esta prática não é imposta à diplomacia internacional, mas, pelo mundo fora, há casos de radicalismo em matéria da definição dos nomes nacionais. Lembremos a Costa do Marfim, que, de modo a pôr cobro à...
Otário, ou a gíria em viagem
Otário será o macho da otária? Ou é antes o mesmo que «(um indivíduo) tolo, bronco»? Ainda acerca de histórias de palavras, assinalamos um artigo de J. R. Guzzo publicado na revista Veja, no qual, tecendo considerações críticas sobre o Brasil, o autor se refere à importância do lunfardo, isto é, da gíria (ou do calão) de Buenos Aires, como fonte de empréstimos que viajaram até àquele país. Entre tais palavras, muitas delas transferidas para outras variedades do idioma, encontra-se...
Palavras que vêm de longe
Esquecemo-nos frequentemente de que as palavras do português têm histórias díspares que são, afinal, o reflexo do percurso das nações que o usam. A herança linguística dos Romanos explica, por exemplo, que o vocábulo urso compartilhe a mesma raiz com o arménio arj, idioma também pertencente à família indo-europeia. Mas foi o contacto direto com a China que levou os Portugueses de Quinhentos a dizer chá, em vez de algo mais parecido com o té espanhol ou o tea...
