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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Como pôde a palavra janela, «abertura na parede externa de uma edificação ou de um veículo», passar também a significar, no contexto da informática, «parte projetada no ecrã do computador para mostrar uma aplicação ou um ficheiro»? A rubrica O Nosso Idioma ajuda a encontrar resposta, disponibilizando uma peça jornalística publicada no jornal digital Observador, em 26/07/2015, à volta dos mecanismos que intervêm nas alterações do significado lexical, muitas vezes para dar maior expressividade aos vocábulos, outras para os deturpar. O consultório, não obstante a sua pausa até 1 de setembro, abre uma exceção, com uma dúvida que não só aguardava publicação como também se impunha pela sua atualidade: porque se escreve agora para (3.ª pessoa do singular do verbo parar) sem acento, tal como a preposição para? «Mais ainda – quis saber o consulente Vasco Simões –, como interpretar o grito "Ninguém pára o Benfica", por exemplo, que, na linguagem de governo e tutelados, passa a ser "ninguém para o Benfica"?». Temos a resposta aqui.

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português de Angola cresce e afirma-se como variedade bem definida, mas são muitos os desafios que os falantes angolanos têm em perspetiva, se quiserem manter a unidade da língua como horizonte. É este um diagnóstico possível, após a leitura de uma série de textos aqui divulgados neste dia, a saber:

– em Acordo Ortográfico, uma entrevista do professor e jornalista luandense Edno Pimentel à linguista angolana Teresa Camacha Costa (Departamento de Língua Portuguesa do Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda), que faz várias advertências a respeito da qualidade do ensino da língua em Angola e do impasse à volta da não ratificação do Acordo Ortográfico por este país;

– na mesma rubrica, também da autoria de Edno Pimentel, a síntese que completa a referida entrevista, sobre os entraves que o governo de Angola considera impeditivos de tal ratificação;

– em O Nosso Idioma, dois artigos dão conta das idiossincrasias da fala angolana: ainda com Edno Pimentel, toma-se nota de um uso incorreto do verbo internar; e com outro jornalista angolano, Emídio Fernando, explicitam-se as conotações pessimistas associadas pelos angolanos aos verbos trintar e quarentar.

Entretanto, apesar da pausa nas suas atualizações por razões já anteriormente expostas, o consultório recebe também uma resposta que aguardava o momento para estar em linha. Como é que se diz: «página trinta e uma», ou «página trinta e um»?

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Num mundo globalizado, torna-se imperioso dispor de uma língua facilitadora da comunicação (a menos que a tecnologia proporcione meios de tradução rápida, em presença). Mundialmente, o inglês tem desempenhado esse papel, apesar de línguas que se projetam pelo número e pela dispersão dos seus falantes, como acontece com o português, ou pelo seu prestígio, a exemplo do italiano. Tudo isso são línguas que carregam, para o bem e para o mal, a história das comunidades que as falam, e, como sabemos, a memória e a identidade dos povos criam muitas vezes barreiras entre eles. Justifica-se, portanto, o ideal de construir um idioma novo, acessível a toda a humanidade, afastado de velhos preconceitos e capaz de incentivar o entendimento entre as nações. Foi esse o propósito de Ludovico Zamenhof (1859-1917) há mais de cem anos, ao criar o esperanto, muito estudado na primeira metade do século XX, no contexto da reivindicação de uma sociedade mais justa e tolerante. Hoje, mantém-se o interesse por esta língua planeada, e a prova está na realização do 100.º Congresso Universal do Esperanto, entre 25 de julho e 1 de agosto p. f., em Lille (França). A rubrica Diversidades assinala o acontecimento com um texto do jurista português Miguel Faria de Bastos, que avalia o contributo do esperanto para o progresso social e descreve o que são os seus congressos universais.

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Numa época como a nossa, em que existem bons recursos eletrónicos para apoio do uso culto da língua, causa sempre perplexidade a deteção recorrente de velhos erros nos textos jornalísticos. A respeito da ortografia, então, menos se entende a ocorrência, nos media portugueses, de formas como "corrução" ou "abruta", produtos da desatenção e da hipergeneralização, depressa corrigíveis com uma simples pesquisa na Internet, onde se mostra que corrupção e abrupta são palavras cuja grafia não mudou com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO), plenamente em vigor desde 13 de maio p. p.

No intuito de ajudar quem não pode ser presa fácil da distração ou da fantasia neste capítulo, indiquemos vários instrumentos de consulta capazes de dar informação segura e disponíveis gratuitamente, via internet .

Assim, entre os vocabulários ortográficos eletrónicos, contam-se:

♦ o Vocabulário Ortográfico do Português (VOC),

♦ do ILTEC; o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa 

♦ da Porto Editora;

♦ o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.

♦ No Portal da Língua Portuguesa, encontramos, além do VOC, o conversor Lince e um importante conjunto de recursos e ferramentas, do qual se salienta o Vocabulário de Mudança, que enumera todas as palavras que mudaram, em Portugal como no Brasil.*

Em Portugal, várias são as entidades públicas e privadas que disponibilizam guias ortográficos:

♦ a Assembleia da República e o Ministério da Educação e da Ciência (este desde 2011) têm tais documentos;

♦ a Universidade do Minho tem um guia; 

♦ e, como não poderia deixar de ser, o Diário da República Eletrónico possui uma utilíssima "Síntese alfabética da nova grafia".

♦ Na própria Wikipédia se acha uma "Lista das alterações previstas pelo acordo ortográfico"...

Finalmente, sobre as alterações introduzidas no Brasil pelo AO, podemos socorrer-nos, por exemplo, das páginas dos Dicionários Michaelis, da revista Nova Escola, do Dicionário Web e do sítio Velhos Amigos.

Ou seja: como no resto (dos recorrentes erros que nada têm que ver com o AO), só não acerta quem não está mesmo para isso...

1 O Vocabulário de Mudança compreende várias secções, a saber: Palavras alteradas em Portugal; Palavras alteradas no Brasil; Palavras afetadas pelo AO; Novas formas flexionadas; Apresentação detalhada; O que muda com o AO; Critérios de aplicação do AO; Texto completo do AO. Sobre casos de dupla grafia, leia-se esta resposta do Ciberdúvidas; e, acerca de duplas grafias já existentes antes do atual AO, que decorrem de aspetos morfológicos e fónicos, consulte-se o sítio Língua à Portuguesa

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Apesar de o consultório e as demais rubricas do Ciberdúvidas só regressarem à plena atividade em setembro (por motivos já aqui explicados), temos uma nova atualização, que a língua e a sua atualidade não param. Assim:

– uma resposta que aguardava publicação aborda a palavra trilião e o seu significado, que designa sempre um número enorme cuja dimensão, no entanto, não é exatamente a mesma conforme estejamos no Brasil ou em Portugal (ou outros países de língua portuguesa);

– a rubrica O Nosso Idioma conta com o regresso do professor e jornalista angolano Edno Pimentel, que faz crónica de como a  irritação causada por um engarrafamento em Luanda é ocasião para a ocorrência de um erro muito frequente, o de dizer "anormalia", em vez da forma correta, anomalia;

– a mesma rubrica acolhe os versos do poeta português António Correia de Oliveira (1879-1960), a propósito de formas de dizer adeus em português, tema já focado nas nossas páginas;

– finalmente, na Montra de Livros, apresenta-se mais uma obra que visa orientar quantos desejam legitimamente usar a língua portuguesa com toda a correção: tem por título Dicionário de Erros Frequentes da Língua e é um trabalho do revisor literário português Manuel Monteiro.

 

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Ao encontrar ou abordar alguém, dependendo da pessoa e do tipo de situação, podemos dizer «bom dia», «olá», «viva» ou, importando uma expressão do Brasil, «oi». Na escrita, as fórmulas são também diversificadas, e todos sabemos que a sua escolha não é arbitrária. E, quando nos separamos de um  interlocutor, que palavras temos? Será o significado das fórmulas empregadas em português muito diferente do das formas que existem noutras línguas? Um artigo do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi, publicado na versão em linha da revista Língua Portuguesa, confronta as despedidas em português com as de outros idiomas, assinalando que as locuções «até logo», «até breve», «até à vista» e «até mais» têm interpretação semelhante à de muitas fórmulas em línguas estrangeiras, como sejam au revoir (francês), arrivederci (italiano), auf Wiedersehen (alemão), hasta luego (espanhol) ou see you again (inglês). O texto, também disponível na rubrica O Nosso Idioma, dá mais exemplos, numa perspetiva multilingue (em sueco, em mandarim, em turco...), para sublinhar que «as fórmulas de despedida sempre contêm algo de esperançoso: o desejo do reencontro, o de que quem parte o faça em paz e o de que Deus guie os passos do viajante». Afinal, parece faltar-nos perceber que as línguas, embora diversas, unem mais do que separam, cabendo-nos a nós decifrar a humanidade nelas inscrita.

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Muitas frases feitas ocorrem em discurso, sem que se tenha noção da sua origem. Se se trata de locuções tradicionais, o mais certo é saber-se aproximadamente a situação que as motivou, mas nem sempre é seguro o conhecimento sobre quem as produziu. Contudo, a evolução dos meios de registo e gravação tem alterado este condicionalismo, sendo hoje numerosas as expressões cuja história é possível reconstituir com pormenor, mesmo quando se trata de identificar quem as criou ou popularizou. É esta uma das conclusões a tirar do livro Puxar a Brasa à Nossa Sardinha, da jornalista portuguesa Andreia Vale, que a rubrica Montra de Livros refere em breve apontamento. Igualmente sobre esta obra, leia-se a entrevista dada pela autora à publicação em linha NiT e assista-se ao vídeo em que Andreia Vale explica o significado de algumas locuções:

 

 

 

 

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Que rumos segue o português falado nos diferentes países em que é língua oficial e materna? A rubrica O Nosso Idioma dá conta de algumas tendências de evolução em Angola e Portugal. Disponibiliza-se, assim, uma crónica do professor e jornalista angolano Edno Pimentel sobre a gíria luandense, que integra em profusão palavras e traços fonéticos ou gráficos com origem no quimbundo e noutras línguas bantas; alguns exemplos: camba ou kamba, «amigo»; maca ou maka, «problema» (sobre esta palavra, ouvir 9.º episódio do programa de rádio Mambos da Língua– O tu-cá-tu-lá do português em Angola); zungar, «vender na rua». Outra crónica, da autoria do escritor português Miguel Esteves Cardoso, comenta o emprego de uma fórmula de saudação – «Boas!» – que vem a ser uma maneira de abreviar a expressão «Boas tardes!», com história antiga no português.

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Em Portugal, como noutros países europeus, um bilião é «um milhão de milhões». Já no Brasil, além de se aceitar também a variante bilhão, segue-se a tradição americana (que também se vai impondo a todo o mundo anglo-saxónico), e o numeral não significa o mesmo, aplicando-se a «mil milhões». É este um tópico recorrente nas páginas do Ciberdúvidas, mas o Pelourinho volta a abordá-lo, desta vez, em referência ao contexto angolano, num comentário de Lénio Gomes António.

Cf.  Milhões, Mil milhões, Biliões ou Triliões? Esclareça a confusão!

Entretanto, embora o consultório se encontre fechado para permitir correções no novo Ciberdúvidas, importa registar que já se pode navegar por todos os conteúdos em linha através de dois modos de apresentação, acessíveis por dois ícones colocados no canto superior direito das listas que enumeram os itens de cada rubrica:

• um permite ver as perguntas/respostas e artigos em arquivo organizados em listas de 10 itens, cada qual mostrando um resumo;

• e outro exibe listas de 30 itens cuja informação está mais condensada.

A quantos acompanham este serviço, agradecemos o envio de impressões e comentários sobre estas funcionalidades para o nosso endereço de correio eletrónico.

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As regras do emprego do hífen eram das áreas menos bem resolvidas na reforma ortográfica de 1945. Pela sua dispersão de critérios consoante se tratasse de locuções, de compostos onomásticos, do vocabulário comum, por exemplo, mas também pela falta de sistematização em áreas de grande similitude como era o caso flagrante das formações com prefixos de origem latina e grega, eivados de uma complicadíssima panóplia de regras e exceções sem grande coerência entre si que só um (bom) prontuário ortográfico permanentemente à mão conseguia clarificar. Para já não falarmos dos chamados falsos prefixos em palavras, de mais recente formação, sejam eles do domínio técnico e científico, da moda ou do consumo – sem qualquer normativo para sua codificação escrita.

Como ficou isto resolvido – mais bem dito: simplificado – com o Acordo Ortográfico e, concretamente, nas suas Bases XV (Do hífen em compostos), XVI (Do hífen nas prefixações) e XVII (Do hífen) na ênclise, na tmese e com o verbo haver)? Damos a resposta por duas vias: no consultório, no esclarecimento a esta pergunta: «Qual a redação atualmente correta da palavra "antiabuso"?»; e, na rubrica O Nosso Idioma, com uma excelente sistematização das novas regras sobre o emprego do hífen, da autoria do professor universitário brasileiro Roberto Sarmento Lima.1

  1 Ver ainda: Ortografia Portuguesa + A questão do emprego do hífen no Acordo Ortográfico.