Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos que versam sobre as variedades nacionais e regionais do português.
E se falássemos todos a mesma língua?
Teríamos um um mundo mais pacífico?

«As diferenças entre línguas – escreve nesta crónica* o professor universitário e tradutor português  Marco Neves – picam a criatividade humana de maneira diferente. Só para dar um exemplo muito nosso: Camões nunca teria escrito Os Lusíadas noutra língua, pois o ritmo, o vocabulário e as rimas da nossa língua levaram-no por certos caminhos. No fim, criada a obra, pôde ser traduzida para as outras línguas. É apenas um exemplo, mas um exemplo que mostra como a diversidade linguística enriquece todas as culturas, através da faísca criativa do contacto entre línguas — e ainda através da tradução, que traz obras criadas numa língua, com a sua maneira de levar os falantes a dizer certas coisas, para as outras línguas. (...)»

A influência do português na língua indonésia
A memória de um contacto com 500 anos

Na língua oficial da Indonésia, a bahasa (língua) indonésia, bandeira, boneca e Natal são, respetivamente, bendera, boneka e... Natal. A parecença, que chega à réplica, não é fruto do acaso; pelo contrário, são testemunhos de uma época – século XVI e parte do século XVII – em que a língua portuguesa (talvez em modalidades simplificadas)  funcionava como língua de comunicação na administração e no comércio no sueste da Ásia. Tudo isto explica as coincidências que surpreendem os dois participantes no vídeo que aqui se apresenta, um registo do SBS National Language Competition, concurso organizado pelo canal de rádio australiano SBS Radio para incentivar e promover o gosto pelas línguas estrangeiras na Austrália.

O patoá de Macau, uma língua em risco
E uma mulher macaense de 103 anos que ainda a fala
Por South China Morning Post

A cidade de Macau é hoje mais conhecida pelos seus casinos, mas há 20 anos era uma colónia administrada pelos Portugueses, que aí permaneceram durante mais de 400 anos. Muitos dos comerciantes portugueses casaram com mulheres chinesas, e os filhos criaram uma gastronomia, uma cultura e uma língua características. No entanto, este grupo mestiço, conhecido como Macaenses, constitui menos de 1% da população de Macau, e a língua que falam está moribunda. Segue-se a tradução de um artigo em inglês sobre o patoá, uma língua falada em Macau pela comunidade macaense, que detém uma dupla herança: a portuguesa e a chinesa do sul. Um trabalho da publicação digital Goldthread (14 de março de 2019) e na versão em linha do South China Morning Post (edição de 19 de setembro de 2019).

 

 

 

As mulheres lideram a mudança linguística há séculos
«Seguem mais a norma linguística do que os homens e falam e escrevem com maior correção»

Há estudos que apontam que as mulheres são falantes mais inovadoras do que os homens, conforme se dá conta no texto a seguir, traduzido de um original em espanhol, da autoria do jornalista Jaime Rubio Hancock, que o publicou em 16 de setembro em Verne, um sítio eletrónico associado ao jornal El País.

As siglas mais usadas  pelos escreventes apressados
Zero no rigor gramatical, tudo pela rapidez em internetês

No mundo globalizado em que vivemos, e em que o uso da Internet é uma constante, são crescentes os termos de uma  nova linguagem, característica das redes sociais e plataformas de troca de mensagens (WhatsApp, Skype, Viber, etc.). Esta linguagem – o  internetês, na gíria do meio – é partilhada por muitos e permite que a comunicação se faça de forma mais rápida, fácil e eficaz, visto que reduz a siglas muitas palavras e "causas" – desde  o recentíssimo #MeToo, ao  ASAP,  ao  LOL ou ao  SQN. O pior é o português que se vai lendo...

Ciganos: parte da nossa história e do nosso futuro
Marcas do caló no português europeu

Com «uma plateia de umas largas dezenas de ciganos portugueses, homens e mulheres praticamente em paridade, jovens e mais velhos, de diversas formações e trajetórias», o historiador e político português Rui Tavares descobre o legado deste grupo étnico na língua falada em Portugal. Gajo e o próprio termo calão são palavras que documentam o contacto com o caló, a língua tradicional dos Ciganos. Crónica assinada por este autor na edição do jornal Público de 9 de setembro de 2019 e aqui transcrita com a devida vénia.

Na imagem, Cigana com menino, de Adelino Ângelo (n. 1931), Museu de Lamego (fonte: MatrizNet).

Delícias do português numa boca alemã
Palavras engraçadas aos ouvidos de uma alemã

Há palavras e expressões que para nós, falantes de língua portuguesa, são perfeitamente banais. No entanto, para um falante de língua estrangeira, estas mesmas palavras e expressões podem ser engraçadas e, ao mesmo tempo, estranhas, tanto em percebê-las como em pronunciá-las. Neste artigo publicado originalmente no portal no Sapo 24*, o  professor  universitário e tradutor Marco Neves lista e explica  algumas destas palavras e expressões, depois de ter assistido em Lisboa a uma conferência comemorativa dos 30 anos de Português nas instituições europeias e do que nela contou uma funcionária alemã da Comissão Europeia.

* Crónica escrita conforme a norma anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, disponível igualmente no blogue  do autor Certas Palavras, com a data de 1/09/2019.

A nossa língua no mapa de Espanha?
A relação dos portugueses com a situação linguística da Galiza

As listas de nomes de lugar associadas aos mapas de Espanha podem tornar-se desconcertantes para qualquer falante de português, porque nelas se encontram topónimos com pouco ou nada de castelhano, como «O Barco», «A Guarda», «Gondomar», «A Lagoa», «Cabana Moura» ou «O Reino». Será que a cartografia espanhola mostra especial deferência com a chamada lusofonia? Longe disso. A abundância de nomes "portugueses" deve-se à Galiza, onde existe um rico património linguístico que está na origem da própria língua portuguesa. Esta e outras surpresas galegas constituem o tema do texto a seguir transcrito com a devida vénia, da autoria do tradutor e professor universitário Marco Neves, que o publicou em 22 de outubro de 2017 no Sapo 24 (manteve-se a ortografia, anterior à norma de 1990).

Na imagem, a placa toponímica do lugar de A Igrexa (= igreja), na paróquia de Calo, no concelho de Teo (Santiago de Compostela, Galiza). Fonte: GaliciaPress.

As 19 maiores disputas linguísticas de todos os tempos
Inovação, tradição e conflito em inglês e noutros idiomas

Apesar de usado como língua franca e aparentemente recetivo à novidade, o inglês afirma uma longa tradição normativa, entre defensores aguerridos e contestatários desenfreados. Outros domínios linguísticos – do mandarim ao turcomeno e ao russo, do francês ao neerlandês, ou do croata ao japonês e ao maori – também conhecem o mesmo tipo de tensão, muitas vezes em resultado de convulsões sociais e políticas. E quando o contacto interlinguístico gera mal-entendidos, aproveitamentos abusivos e até conflitos sangrentos? O linguista britânico David Shariatmadari apresenta 19 polémicas linguísticas num artigo publicado pelo autor no jornal britânico The Guardian. no dia 17 de junho de 2019 – a seguir transcrito, devidamente traduzido em português*.
 

* Em alguns casos mantiveram-se vocábulos, expressões e frases em inglês, seguidos da tradução em português, entre parênteses retos.

Pequena História das Línguas
Artigo baseado num capítulo do livro do autor O Galego e o Português São a Mesma Língua?

Por que razão não há só uma língua no mundo? E, entre os cerca de sete mil idiomas, atuais, além das regras próprias – consagradas gramaticalmente – o que determinou as suas diferenças  ao longo do tempos?

[Artigo publicado no blogue do auor, Certas Palavras, com a data de  27 de junho de 2019 – que o autor adaptou de um capítulo do seu livro O Galego e o Português São a Mesma Língua? (Através Editora). Escrito conforme a norma ortográfica de 1945]