Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Numa entrevista do presidente do Banco Espírito Santo português, Ricardo Salgado, e referindo-se à privatização da TAP e à possibilidade de a Iberia poder vir a ser a companhia escolhida para o negócio, pode ler-se:

«Não digo isso. Por venturaIberia e a British Airways poderão fazer uma proposta onde deem garantias mas isso deve ser o Estado a julgar, não eu» (Expresso, Caderno  Economia, n.º 2060, 21 de abril de 2012).

Sobre um danoso lapsus linguae que foi tudo menos um lapso. Texto inserto no jornal “i” de 13/04/2012.

 

O ministerioso lapso tão danoso para os bolsos dos funcionários públicos e dos reformados [em Portugal] foi tudo menos um lapso, mas não houve um único jornalista que chamasse a atenção para isso. Política à parte. “Lapsus”, em latim, significa «escorregadela».

A diferença de significado destes dois verbos, a propósito de uma demissão justificada na recusa se «continuar a compactuar» com a ausência de determinadas decisões.

Os Estaleiros de Viana do Castelo constituem um problema de enorme dimensão. Podem até dar azo a questões linguísticas interessantes. Há dias, um dos administradores demitiu-se, acusou os seus pares de «inércia» e declarou que não podia «continuar a compactuar» com a ausência de decisões da administração.

O registo escrito em televisão, possível graças aos dispositivos de inserção de caracteres que permitem inserir texto — legendas, rodapés, etc. — em programas e peças jornalísticas, comporta frequentemente casos quase caricatos em matéria de língua portuguesa. Será talvez porque a função possa ser entregue a não jornalistas? Será talvez, em certas situações, pela pressão do direto? Não sei! Este caso é, porém, ainda mais incompreensível porque aconteceu com informação previamente preparada, n...

Se temos na língua portuguesa a palavra patrocínio, para quê o naming e o branding? «O que será que eles têm contra a língua portuguesa?» Um texto a propósito de as Lojas do Cidadão, em Portugal, passarem a ter um nome comercial.

Na sua habitual coluna de opinião no Expresso, intitulada Massa Crítica, Luís Marques aborda o contrato do troço de alta velocidade entre Caia e o Poceirão, referindo, a dado passo:

«Depois foram feitas alterações já depois da adjudicação, o que obviamente configura uma descriminação dos restantes concorrentes» (Economia, 24 de março de 2012, n.º 2056, p. 31).

Um “caço” afogado em siglas1. Ou como se o verbo caçar admitisse duplo particípio passado. In jornal i de 23/03/2012.

 

Ouvi em diversas emissões televisivas a frase do ministro das Finanças português, Vítor Gaspar, que a seguir transcrevo:

«[…] os cortes nas remunerações decididos de novo no Orçamento do Estado para 2012 aplicam-se universalmente, sem exceção e sem adaptação, a todo o universo sobre dependência do Estado» (vídeo).

Nem sempre é fácil acertar com os gentílicos, sobretudo porque em muitos casos não seguem um padrão nas respetivas terminações ou porque recorrem a formas latinas ou latinizadas. E há, como se sabe, casos particularmente intrincados. Nada justifica, porém, que se chame aos naturais da Libéria libaneses em vez de liberianos ou libérios, como fez O Sol numa notícia de 19 de março de 2012. A frase é esta: 

Crónica de Ricardo Araújo Pereira onde sobressai a ironia sobre a pobreza da linguagem de ataque pessoal dos políticos portugueses, desrespeitando as normas gramaticais da concordância (sujeito e predicativo do sujeito) publicada na coluna do autor, na revista Visão de 16 de Fevereiro de 2012.